Tuesday, September 21, 2010

Redes sociais - a utopia


O Facebook permite-nos ser deuses na terra.

Em primeiro lugar podemos lá colocar as nossas melhores fotografias; desta forma nunca verão a nossa pior cara ou a nossa pior pose. A não ser que queiramos. Podemos entre o vasto número de fotos que uma máquina digital permite registar, colocar na rede o melhor de nós.

Controlamos também aquilo que dizemos, se é que temos algo de interessante para dizer. Caso não haja grande coisa para dizer podemos ter uma ligação com outras pessoas ou organizações que normalmente dizem coisas interessantes. Sem percebermos um peido do que quer que seja é possível assim, passarmos por 'connaisseurs' de uma dada matéria, partilhando aquilo que os outros dizem. É a artimanha perfeita: somos uns porreiros por partilhar com os outros coisas à maneira.

O mesmo para a música por exemplo. Vamos ouvindo isto e aquilo na rádio. Se virmos uma determinada música sendo colocada por vários 'amigos' deduzimos facilmente que a música é popular. Se lá a colocarmos também decerto não faremos má figura.

Os amigos. Coisa que por ali não falta. Enquanto que na vida real quando vemos alguém e temos vontade de ir ter com aquela pessoa e falar com ela provavelmente não o fazemos, enquanto que na rede, um simples clique inicia uma pequena relação. Fortuita e patética provavelmente, mas não deixa de ser uma relação. E não é assim tão difícil chegar a umas boas centenas destes ditos amigos. Daquela maralha, falamos de forma regular com umas sete ou oito pessoas, e de vez em quando com umas vinte ou trinta. Podemos portanto, ser populares sem o sermos. É digno de registo.

É um conceito idêntico ao dos centros comerciais: não existe crime, controlamos todos os nossos passos e podemos sempre com um simples clique afastar aquilo que é indesejável. Aqui ainda existe outra vantagem: não se gasta dinheiro no processo. A vida não é assim e estas fugas da realidade só tornarão a última mais pesada quando com ela nos confrontamos.

Monday, September 20, 2010

The 'Fuck Vintage' Manifesto


First let’s talk about the vintage concept. It flies somewhere along these lines: we are out of new ideas. Mankind has produced more information in the last thirty years than in the last five thousand one's. You see, it's really a big number of ideas. As so, disruption is very very hard to achieve. So what we in the vintage industry thought about: lets recover all that shit that went out of fashion twenty, thirty or in some cases forty years ago, and sell it one hundred and fifty times the price those things were valued back then. How are we going to do this? Let’s start with the young adults first. They really want to be different - it's human nature - so let’s explore that innate feeling. They are already used to pay a quarter of their salary for a t-shirt, so let's rumble up the thing and make it half a salary t-shirts. Same goes for furniture, glasses, shoes, cars, bicycles, cigarettes, drinks, music and all that you can actually think of. They'll think they are really offstream despite the fact they're using shit their grandparents used to wear in a normal weekday. We're good at this point. But I think it would be rather much more interesting to take it to another level. So trough advertising we managed to position this concept into some sort of intellectual thing. With it, we are actually helping the bookstore industry for example: they're selling Camus, Kafka and Dostoyevsky like if there is no tomorrow. Even dogs are called Kafka so you can have a fucking idea. Same goes with the watch business for example: the old ugly Casio is selling like shit again. With this kind of positioning we are saying that being vintage is not for everyone. So it’s a commercial paradox: a product that was mainstream and affordable is now offstream and expensive. And as stupid it may seem explained this way it’s working millions of bucks for our vintage bank accounts.

My toughts on this: when this sort of vintage I'm so intelectual I can't look at you properly people stare at you, just tell them there's a whole real world awaiting for them. Reality isn't based on wearing accessories that were mainstream decades ago and are now exclusive to big bang wallet owners. By the way, most of them are now on their 30's and are still living with their parents along with their Ancient Literature degree which only useful purpose I can remember, is too wipe your ass with it. Also, they will bang your head with stupid theories that are nothing but nonsense and that were already dissected somewhere in the past, but hey, they're reading the oldies and forgot to read the stuff that actually sent those dumbass theories to outer space. So basically, vintage is fucking vintage.

One thing is look to the past and watch yourself on funny clothes because everyone else was wearing it. Another is too making it on purpose just to be different and say to you in the morning: I'm offstream. What the fuck? So this is why you're going to be remembered: a person who wears clothes from another time era, who picked old books and furniture from the street garbage and spent their night weekends in some pseudo sitting bar listening tunes from your mother's afternoon disco revenge parties.

Amusing uh? Anyways, we are already rich at this point, so enjoy your butterfly king lifestyle while we go to the mainstream Bahamas islands and drink our mainstream Margueritas along with the mainstream two hundred dollars an hour prostitutes.

Monday, August 23, 2010

A Revolta Incapaz


Nos últimos tempos, tendo em conta a conjuntura internacional, as altas esferas financeiras deste pesaroso mundo, acharam por bem pressionar os governos um pouco por todo o lado no sentido de reduzirem os défices orçamentais.

Faz lembrar aquelas pequenas montanhas russas em U: aquando da falência do Lehman Brothers todos os economistas em conjunto defenderam a intervenção imediata do Estado sobre a economia para não se repetir o descalabro da Grande Depressão. Injectando milhares de milhões de euros/dólares nas respectivas economias, os défices inevitavelmente, dispararam. Agora, os mesmos economistas alertam para o endividamento excessivo dos Estados e exigem medidas draconianas para que se aperte o famoso cinto. Em Portugal, estas medidas foram celebrizadas pelo famoso PEC que nos trouxe como o leitor decerto já ouviu falar (e sentiu), uma miríade de aumentos nas deduções fiscais, apertando assim um pouco mais, o nosso mundialmente conhecido poder de compra e rendimento disponível.

Bela análise. Agora sendo honesto comigo mesmo, para que serve realmente esta análise? Para nada. Fico a conhecer a situação e mais nada. É assim que procede a generalidade da população: conhece os temas (muitos conhecem-nos apenas superficialmente e disparam em todas as direcções) e não consegue fazer mais do que suspirar as suas eternas queixas. Os intelectuais do nosso tempo por sua vez, em longas linhas e palavras descrevem de forma erudita a precária situação que o País atravessa, contudo, é raríssimo o colunista/jornalista que propõe uma alternativa.

Aquilo que resolverá o nosso problema é a apresentação de soluções e alternativas. A simples e patética constatação do que se vai passando irá levar-nos a lado nenhum. Não me espanta a popularidade do professor Marcelo: em 15 minutos fornece uma opinião passível de ser reproduzida pelos seus fiéis seguidores sem que para tal se faça qualquer esforço. É ouvir o programa e reproduzir uma qualquer bardinarice no café mais próximo.

Quando assim acontece, e estão aí os livros de História para o provar, o primeiro altifalante a gritar mais emprego, mais saúde e mais equidade, eventualmente, ganha a corrida. Ninguém quer saber como é que lá se chega, querem é ouvir aquilo e mais nada. Talvez isto explique o porquê de sermos um dos países europeus que continua obstinadamente a garantir cerca de 20% de votos à extrema-esquerda a cada quatro anos.

A tua alternativa então chico-esperto, pensa o leitor neste momento. É justo, aqui vai então:

- Redução significativa da despesa do Estado; é preciso compreender e interiorizar de uma vez por todas que tudo o que é "oferecido" pelo Estado será pago pelos contribuintes. Mais impostos significa menos dinheiro no bolso para o cidadão anónimo e mais encargos para as empresas que desta forma não conseguem ter tanto capital disponível e consequentemente geram também menos emprego. É preferível haver mais emprego ou subsidíos de desemprego para todos e mais alguns?

- Ciclos legislativos mais longos: o actual ciclo de 4 anos conduz invariavelmente a que só se governe verdadeiramente durante dois anos e meio no máximo.

- Responsabilização criminal para as decisões políticas que lesam manifestamente os interesses do País

- Reformulação completa do conceito de educação através das famílias e não do Estado: continuo hoje em dia a ter discussões insalubres com pessoas que juram até à morte não valer a pena tirar um curso superior. Há pelo menos 20 anos, estudos em todos os países desenvolvidos, comprovam que quanto maior é o nível de escolaridade, menor é a probabilidade de ficar sem emprego e maiores são as probabilidades de auferir um salário maior do que aqueles que não têm um curso. Contudo, precisam de ser as famílias a transmitir esta ideia às novas gerações, enquanto se discutir patetices deste tamanho, não saímos do nível mais básico de compreensão

E haveria mais para dizer, não vos quero cansar mais. Próximos capítulos em breve.

Tuesday, August 3, 2010

O Fundamentalismo


Dizia um opinador há meses atrás, que o fundamentalismo era o grande problema do nosso tempo. Eu vou mais longe, digo que é e foi o problema de todos os tempos. A conotação que abrange este conceito está tradicionalemente associada a movimentos religiosos e políticos, contudo, e em muitas vertentes, vai muito além das grandes questões que dividem os homens.

As convicções que o fundamentalismo consigo traz, já nos presentearam com guerras, matanças e outras simpatias que a Humanidade se lembrou de criar.

Num primeiro plano - mais abstracto - alguém que não seja fundamentalista não é levado a sério. Ensinam-nos de certa forma, que devemos defender as nossas convicções e opiniões; qualquer pessoa concorda com isto, as nossas opiniões devem ser defendidas com veemência. Será? É exactamente este fenómeno de clausura cerebral que conduz ao fundamentalismo bacoco. Para nós estarmos certos relativamente a uma convicção (e sublinhe-se, uma convicção não é uma verdade absoluta, como um mais um ser dois) alguém tem de estar errado. É a partir desta fricção que resultam os mais hediondos comportamentos que o Homem consegue apresentar.

É assim, porque de outra forma, uma pessoa que não seja "convicta", é acusada de ser incoerente, sem ideias, contraditória e por aí fora. O que será de um sujeito que defende por exemplo, a dinâmica do liberalismo e a importância do Estado Social? A crise de 2007 curiosamente trouxe para a praça este interessante fenómeno: governos de direita conduzindo os países pela faixa da esquerda. A culpa das circunstâncias assim o ditou e até à data, nenhum governo caiu por assim proceder.

Não será mais sensato deixar um espaço (pequeno que seja) para aceitar outros pontos de vista sem perder a essência dos valores em que acreditamos? É mais difícil viver assim é um facto, vivemos mais desasossegados neste estado permanente de nos questionarmos se estamos certos ou errados, mas não deixa de ser uma forma mais tolerante e mais salutar de viver e que conduz a mais diálogo e a menos fricção.

Um exemplo contemporâneo daquilo a que chamo o micro-fundamentalismo. É frequente entre as diferentes tribos sociais, discriminar aqueles que não fazem parte do dito grupo com base em argumentações serôdias, como a música que determinada pessoa ouve, a roupa que alguém veste ou o local onde faz férias. Assume-se de forma peremptória, que aquela pessoa não deve ser boa pessoa, ou que não nos identificamos com ela e não merece o nosso tempo porque traz consigo vestida, uma blusa encarnada e um lenço azul e vai de férias para Málaga. Sim, por vezes, é estúpido a este ponto, ainda assim, acontece com frequência.

Fazendo a transposição para os nossos profundos valores, como a existência de um Deus ou um sistema político, temos o caldo montado para a construção de uma sociedade patética.

Enquanto fomos capazes de evoluir no sentido do conforto, fomos incapazes de identificar a estereotipação do indivíduo como um dos grandes males da sociedade.

Tuesday, July 20, 2010

Revisão Constitucional


Entre muitas alterações que o PSD propôs para a revisão constitucional, pretendo realçar a questão da flexibilização laboral e do fim da ideia tendencialmente gratuita da saúde e da educação.

A questão é evidentemente polémica. São assuntos vistos pela generalidade da população como direitos alienáveis e que num primeiro relance sugerem um retrocesso nessas matérias.

Vantagens e desvantagens no que diz respeito à questão laboral: o argumento básico de quem defende a situação actual é que a legalização do despedimento sem justa causa dotará o patronato de um poder discricionário, sendo agora possível, despedir alguém só porque lhe apetece. Juntando a isto um quadro de leis laborais (como todas as leis redigidas neste país) duvidoso e pouco claro e a uma Justiça em termos processuais estupidamente lenta, temos a porta aberta para um desequilíbrio na relação patrão/empregado.

Por outro lado, e em teoria, um patrão não tem porque despedir um colaborador que seja produtivo e eficiente. As empresas para funcionar precisam de pessoas, enviar os elementos válidos para outro sítio qualquer por pura patetice, não faz sentido e de uma forma geral, não creio que aconteça agora, ou que vá acontecer se a constituição for alterada. Dou agora um exemplo que se passou comigo: há alguns anos trabalhei quatro meses numa empresa. Findo esse tempo, e por motivos pessoais (completamente alheios à empresa) comuniquei intenção de sair. Tinha assinado um contrato a prazo e como tal, a empresa teve que me pagar uma determinada quantia por o contrato não ter terminado no tempo previsto. Pergunto eu, porque raio é que essa empresa teve que me indemnizar do que quer que fosse se eu na verdade, lhes arranjei um problema sem terem culpa alguma (eu fui-me embora, tiveram que contratar outra pessoa, com todo o tempo e esforço que isso implica)? O quadro laboral actual prejudica as empresas e torna-as menos competitivas. Beneficia aqueles que pouco produzem mantendo infinitamente os seus postos de trabalho e prejudica aqueles que se esforçam e que não podem ver o seu desempenho recompensado porque simplesmente, o dinheiro não dá para tudo.

Considero então, que este passo é importante para a flexibilização do mercado laboral e que é de resto, absolutamente necessário para a competitividade das empresas. Contudo e como referi, sem um acompanhamento do sistema judicial poderá trazer alguns dissabores a curto prazo.

Sobre a saúde e educação: aquilo a que se assiste na prática é que muitas pessoas, pagam impostos para sustentar estes dois sectores e depois têm que pagar novamente ao sector privado pelos mesmos serviços, porque claramente, quer na saúde, quer na educação, os serviços não chegam perto daquilo que são os parâmetros de qualidade de grande parte do sector privado. Exemplos práticos então.

Um casal com um filho que viva em Sacavém, se quiser optar por colocar a criança numa escola pública depara-se com o seguinte cenário: polícia à porta da escola porque roubam os alunos - diariamente - entre o caminho da escola para casa. Turmas com alunos de 16, 17 ou 18 anos de idade, que já reprovaram 4 ou 5 vezes, completamente alheios aquilo que se passa numa sala de aula e contribuindo para o emburrecimento generalizado daqueles que pretendem aprender. Existe também a forte possibilidade do filho desse casal ter contacto com drogas, cigarros ou álcool na medida em que muitos alunos provêm de famílias completamente desmembradas e a escola pública é incapaz de corrigir esses comportamentos. Tendo a possibilidade económica para tal o que é que acha que este casal deve fazer? Colocar o filho numa escola privada.
É interessante ver os políticos defenderem com unhas e dentes a escola pública quando na verdade, a maior parte deles coloca os seus filhos a estudar em escolas privadas.

Sobre a saúde agora, um caso que tive conhecimento há alguns dias atrás: uma criança de 12 anos tinha uma deficiência num osso do pé que lhe causou uma inflamação e que por sua vez a impedia de andar de forma normal. Consultado o serviço público de saúde, foi comunicado aos pais da criança que por a situação não ser considerada urgente, a criança demoraria cerca de dois anos a ser operada ao pé. Como os pais tinham recentemente feito um seguro de saúde, optaram por essa via e no espaço de um mês a criança foi operada. O pai desta criança é empresário na área alimentar, descontando todos os meses uma parte considerável dos seus rendimentos em impostos e aqui tem a sua retribuição do estado social: dois anos de espera.

Esta situação é injusta e insustentável: a forma como o sistema está organizado produz desigualdades em nome da igualdade. Não podemos carregar eternamente a classe média com impostos e contribuições, quando o serviço que lhes é prestado é manifestamente medíocre. Idealmente, devemos deixar o apoio social para quem realmente precisa, e parar com a desresponsabilização permanente que a miríade dos direitos de Abril produziu numa grande massa de pessoas.

A História já provou que o afastamento gradual do Estado da sociedade só beneficia a mesma. Repetindo aquilo que eu e outros já escreveram: o maior favor que o Estado nos pode fazer é não precisarmos dele para nada.

Thursday, July 1, 2010

A Pesquisa não é sexy


Já leu uma tese de mestrado ou doutoramento? Um paper ou um simples artigo científico? Independentemente do conteúdo, que pode ser ou não interessante, a pesquisa não é feita para as massas. Deverá ser assim?

O argumento principal é que para alcançar resultados precisos e de acordo com o método científico é necessário seguir uma metodologia. Nada contra. Contudo, torna-se complicado para muitas pessoas desvendar aquilo que determinada tese pretende escalpelizar e/ou concluir. Salvo os estudos cujos resultados são analisados pela comunicação social e devidamente traduzidos para o comum dos mortais, todos os outros são de facto de difícil leitura. Existem resumos, contudo, indicam apenas o propósito da tese e o problema a ser analisado.

A minha recomendação (humilde) é a introdução de um resumo das conclusões da tese, em linguagem perceptível para o comum dos mortais, sem que se perca a exactidão daquilo que se pretende transmitir.

Vivemos numa época marcada pela transmissão de conteúdos total, ou seja, o anónimo cidadão, com uma simples ligação de internet pode partilhar com o mundo, uma música, um texto, um livro, uma ideia, um vídeo, fotografias, em suma, o que bem entender. Esta nova dinâmica é uma oportunidade tremenda para uma transmissão de conhecimento ainda mais global e que deve obviamente ser aproveitada. Contudo, com o formato actual, parece-me complicado.

Em lugar de se clamar pelo atenuamento das diferenças sociais, parece-me mais construtivo (apesar de demorar mais tempo) apostar na educação das massas e no seu esclarecimento. Dessa forma, a população de uma forma global conseguirá tomar decisões mais acertadas, contribuindo cada um à sua maneira, para o desenvolvimento geral.

Thursday, June 24, 2010

É jovem, mas afinal não é


A grande massa de opinion makers nacionais concorda com um facto: Rui Pedro Soares, que foi indicado pelo Estado para um dos lugares da administração da PT, não tinha experiência suficiente para exercer o cargo, porque afinal de contas tinha apenas 32 anos. Este é o único argumento que eu ouço e leio e que justifica a sua presença no lugar em causa. Ou seja, é um boy do PS e tem apenas 32 anos, como tal, não pode fazer parte de um conselho de administração de uma empresa como a PT. O que considero interessante (e desde já faço a minha declaração de interesses, não conheço o senhor de parte alguma) é não se conseguir apontar mais nenhuma razão, a não ser a idade (32 volto a repetir) para exercer aquele cargo. Pode argumentar o leitor que a pessoa em causa foi apanhada em conversas menos próprias no âmbito das escutas realizadas - e publicadas - sobre o negócio PT/Media Capital. Contudo, não se ouve uma única vez nenhum destes cronistas (alinhados e desalinhados) a referir uma razão concreta para o atestado de incompetência passado. Desafio o leitor a enviar-me um comentário com um excerto de alguma notícia/peça/coluna de opinião com um argumento que não seja o da idade ou o das escutas para justificar a alegada incompetência da pessoa em causa.

Por outro lado, estes revoltados defensores das nobres causas dos nossos dias, defendem a causa dos jovens até à exaustão. Os jovens (e aqui incluem os recém licenciados, jovens adultos portanto) não conseguem arranjar trabalho, não têm oportunidades, vivem com os pais até mais tarde e por aí fora. Ironicamente, criticam até à exaustão também o facto de alguém com 32 anos ser administrador de uma grande empresa.

Quem emite opinião em meios de comunicação de massas, não pode limitar-se apenas a escolher duas ou três causas para defender e debitar linhas desbragadas uma vez por semana. As pessoas que são estas causas, os jovens neste caso, precisam mais do que sensibilização ou da verdade. Neste caso, uma grande parte deles até são informados. Precisam de coerência e sobretudo, de acções concretas.

Medina Carreira no último sábado, no programa Plano Inclinado, perguntava a Maria Filomena Mónica o que é eles (os opinion makers que de tudo mal falam) andavam a fazer na verdade. Maria Filomena Mónica respondia que cumpriam um papel de sensibilização. Já sabemos que estamos mal, muito obrigado pela sensibilização. Queremos mais! Muito mais.

Sunday, June 20, 2010

Encruzilhada


A implantação do sistema democrático em países desenvolvidos que hoje conhecemos trouxe consigo muitas vantagens e como qualquer outro sistema, trouxe também desvantagens. Os partidos políticos têm como objectivo principal, não o superior interesse dos cidadãos que representam, mas antes, a conquista do poder. Os interesses das pessoas que elegem os seus representantes são uma consequência desse desejo e não o sentimento primário de cada força política. Nesta afirmação, encontramos a razão para a qual a maioria das pessoas em Portugal não se sente representada pelos governantes do nosso país. O que está em causa, são as suas ideias e as suas convicções, não aquilo que o povo realmente deseja.

Assim sendo, a hoje assistimos ao que se designa por combate político. Cada partido defende uma série de posições sobre uma infinidade de temas e o anónimo cidadão que supostamente se revê nessas posições vota de acordo com as mesmas. O problema do combate político e da conquista do poder é que conduz ao absolutismo das opiniões. Em teoria, o PS defende a intervenção do Estado na economia, o PSD a sua ausência (mais ou menos), o CDS a sua ausência numa perspectiva mais conservadora e o BE e PCP são do contra.

Quais são os interesses dos cidadãos na generalidade? Não os que se interessam por política ou economia, pela liberalização dos casamentos gay ou do limite que deve ser imposto à despesa do Estado. O cidadão anónimo, que nada quer saber da política, o que é que pretende? Viver melhor. É tão simples quanto isto. Dá-lhes igual que seja com intervenção, sem intervenção, de fato e gravata ou de fato-macaco. As pessoas querem viver melhor. Simples. Duvido que algum político eleito tenha feito esta pergunta a si mesmo. O que é que preciso fazer para que as pessoas vivam melhor?

Pelo contrário, fazem outras perguntas. Como é que me posso diferenciar do PSD ou do CDS? O que é que tenho que prometer para ser eleito? Quem devo atacar? De quem me devo defender? Se o PS defende uma auto-estrada o que devo eu defender? E nesta lista interminável de perguntas reside algures o superior interesse dos cidadãos.

Claramente, os nossos interesses não são defendidos de forma alguma. Pior, na senda pela diferenciação entre partidos, o choque constante entre os mesmos e a falta de consenso leva a que não exista plano nenhum. Uns gritam investimento público, outros gritam liberalização, outros menos impostos, outros menos benesses. Em que é que ficamos?

Pinto Balsemão, há semanas atrás e no âmbito de uma conferência, aproveitou para falar sobre liberdade. Decorria o inquérito na comissão parlamentar sobre o alegado conhecimento de Sócrates do negócio PT/Media Capital e Pinto Balsemão disse que a luta pela liberdade nunca está ganha.

Com a política e os nossos representantes acontece precisamente o mesmo: votar (ou não votar) não nos absolve das consequências desse acto. As eleições não são uma solução chave na mão em que depositamos a responsabilidade de governar o País a meia dúzia de pessoas. Cabe-nos escrutinar e fazer tudo o que está ao nosso alcance para fiscalizar as acções que as diferentes forças políticas vão tomando.

E isto não é um ataque ao governo em funções; a responsabilidade é de todos. Um exemplo: o CDS e o insuspeito (?) Bloco de Esquerda prometeram a pés juntos que iriam solicitar a realização de uma comissão de inquérito relativamente ao plano de contrapartidas negociado no âmbito do célebre caso dos submarinos. Até à data, nada. Questionados pelo Expresso sobre a matéria, o CDS nada respondeu e o Bloco de Esquerda disse que o Presidente da Assembleia (Jaime Gama) pediu para não se solicitar nada na medida em que estariam duas comissões parlamentares a decorrer. Já não nos chegava uma Justiça lenta, temos agora um Parlamento no que a este tipo de diligências diz respeito, também lento. Não se compreende.

A melhoria da qualidade dos nossos políticos, depende também, de nós mesmos.

Wednesday, June 16, 2010

Esclarecimento


Do nosso bem estar depende a qualidade das nossas decisões a todos os níveis. Para tomar decisões acertadas precisamos de nos esclarecer, informar e tomar uma posição relativamente a cada matéria. Deixar que os outros moldem a nossa opinião não é por si só maligno, mas a aceitação imediata do que ouvimos só porque vem de uma caixa com som e imagem, é perigoso.

A assimetria da informação - já aqui abordada - ilustra estas diferenças e permite a compreensão dos fenómenos que conduzem a certas desigualdades. A questão a partir daqui é a seguinte: de quem é a culpa? Do Governo, que tem como obrigação fazer aproximar as diferentes classes e mitigar a diferença? Do cidadão, que deve ser mais informado e decidir com mais qualidade? Ou dos movimentos intelectuais, eticamente responsáveis por uma sociedade melhor?

O Governo primeiro. Portugal tem sido marcado por governos PS (houve apenas uma legislatura com o PSD no governo, a de Durão Barroso) nos últimos anos. O socialismo, no seu ADN, entre muitas coisas, defende uma redução premente das diferenças entre classes. Em Portugal esta ideia tem sido defendida pela via legislativa e numa óptica reactiva, ou seja, temos mais pobres, implementaremos o Rendimento Social de Inserção. Temos mais reformados sem dinheiro para o antibiótico, implementaremos o Complemento Solidário para Idosos. O grande objectivo, em vez de ser reduzir as desigualdades através de um enriquecimento global, centra-se numa navegação à vista, apagando fogos aqui e ali e adiando - com consequências graves a curto prazo - o problema do crescimento.

O cidadão. O sistema que tanto criticamos e odiamos é formado por nós, os cidadãos. Segundo sei, nenhum dos nossos representantes políticos se auto-elegeu, alguém teve que votar em suas excelências para que estas por sua vez, defendam os nossos superiores interesses (?). Já se sabe que a linguagem utilizada pelos políticos e pelos economistas não é simples de decifrar; é um subterfúgio que serve, mais do que para exteriorizar a sua pretensa erudição, para escamotear a verdade e confundir as pessoas. Por outro lado, a vontade das pessoas se informarem e formarem uma opinião lúcida é diminuta. A maior parte das pessoas considera que ver o telejornal das 8 às 9 e ouvir falar três minutos sobre um dado acontecimento é o suficiente para formar uma opinião e consequentemente tomar uma decisão se necessário. 500 anos depois de Guttenberg muitas pessoas perguntam-me espantadas: como é que tens paciência para ler? A culpa não é só dos políticos.

Os intelectuais. Apesar do anónimo cidadão não se interessar muito por aquilo que realmente interessa, a verdade é que quem produz conteúdos sobre estes temas preocupa-se com tudo, menos com as massas. Escrevem-se livros para os colegas da reitoria, para o currículo ficar com mais uma página ou simplesmente porque escrever para as massas "não é bem". Neste processo, os agentes responsáveis (sim, quem tem oportunidade de expressar aquilo que pensa tem uma responsabilidade ética e social) pela disseminação de informação relevante, perdem-se num egoísmo centrado na carreira relegando as suas críticas para as forças políticas, quando eles próprios, pouco fazem na verdade. Os grandes pensadores pertencem a outro tempo.

PS: De destacar a iniciativa de António Barreto através da Fundação Francisco Manuel dos Santos, ao disponibilizar três livros para o mercado, leia-se, para o anónimo cidadão e não para a tribo intelectual errante, sobre Portugal e os nossos problemas. Extremamente acessíveis (cerca de 3 euros) e com apenas 100 páginas cada, de fácil leitura. Nas palavras do próprio, "é importante as pessoas conhecerem a verdade".

Sem informação, não chegamos a parte alguma.

Saturday, June 5, 2010

Tribunal TV


A justiça em Portugal continua uma comédia. Confesso que desconheço as razões. Uns dizem que são as leis que são mal elaboradas ou que são antiquadas. Outros dizem que é o código processual que permite a perniciosos advogados protelar diligências ad eternum. Outros dizem que são os juízes que decidem mal. O anónimo cidadão fica perdido nesta luta intestina para encontrar culpados, tem consciência que a justiça é caríssima, lenta, e que pouco pode fazer senão esperar pelo melhor.

O segredo de justiça é outra comédia, basicamente, não existe. Os casos acabam todos na praça pública através da comunicação social. Podemos elencar motivos prosaicos como a venda de mais jornais ou a conquista de audiências. Na minha opinião e em última análise, se a Justiça funcionar, o circo mediático de escutas e certidões que estamos habituados a ver quase todas as semanas, não existia. Volto a sublinhar, os órgãos de comunicação social só veiculam aquilo que as pessoas consomem, ou seja, se os casos mediáticos fossem resolvidos em tempo normal e os cidadãos carregassem consigo a ideia de que Justiça foi feita, estas divulgações de escutas, não passavam de uma pequena notícia de última página.

Mas como vivemos neste estranho ambiente, em que vemos corrupção ser provada e arguidos serem indemnizados pelas pessoas que eles próprios queriam corromper(caso Sá Fernandes) ou o caso de uma criança que é abusada continuadamente, o facto é provado em tribunal e o pedófilo em causa sai do tribunal com pena suspensa e uma multa para pagar no multibanco, nada nos resta, senão fazer justiça pelas próprias mãos, neste caso, através dos jornais. Os criminosos podem não ser presos, mas ao menos, sabemos quem eles são.

As altas esferas da Justiça que se concentrem na melhoria do sistema, em vez de sacudir o capote da comunicação social.

Tuesday, June 1, 2010

O Paradoxo Especulativo


Muito se escreve e fala sobre a especulação financeira, essa terrível maquinação capitalista, que arrasta países para a bancarrota, destrói economias e faz dos mercados financeiros um casino de Las Vegas ou Macau.

O que é que acontece? As economias mais pujantes - foco nas europeias, Alemanha, França e Reino Unido por exemplo - conseguem reflectir nos salários dos seus cidadãos o vigor que os indicadores económicos sugerem: mais poder de compra e mais capacidade de poupança entre outros. Vamos supor que um individuo ao fim de um ano consegue poupar cinco mil euros. O que fazer a esse dinheiro? Duas hipóteses: investir ou gastar. Supondo de novo que o individuo decide poupar em vez de gastar, faz o que a maior parte dos pequenos investidores faz: dirige-se a um banco e acorda com essa instituição uma taxa sobre a qual, no final de um determinado período, à quantia inicial depositada, é acrescido um determinado valor. O banco por sua vez, como não tem uma varinha mágica que faz o dinheiro multiplicar-se por si só, tem que pegar nesse dinheiro depositado e colocá-lo a render. Uma das hipóteses que tem - e que é largamente utilizada - é comprar dívida a outros países.

Os países com problemas de défice orçamental (como é o caso de Portugal, que muito antes da crise actual já tinha este tipo de problemas: recorda-se o leitor no ido ano de 2003 da venda de créditos no valor de doze mil milhões euros ao Citibank para o défice ser inferior a 3%) são obrigados a emitir dívida para a financiar. Essa dívida é comprada, não por comiseração, mas com base numa taxa de juro (quanto maior o risco de incumprimento, mais alta é a taxa, como calculam no caso de Portugal, não é das mais baixas). Quem a compra? Entre várias entidades, o banco alemão, francês ou inglês que aceitou o depósito daquele senhor que serviu de exemplo.

Como vê, os terríveis especuladores muitas das vezes, são anónimos aforradores que pretendem ver as suas pequenas poupanças rentabilizadas. No processo, os países que já são ricos, comprando dívida aos mais pobres, aumentam os seus indicadores económicos, enquanto que por cá, vemos outros também a subir, o do desemprego por exemplo, 10.8% à data de hoje. É também divertido ver o Ministro das Finanças no fim dos leilões de emissão de dívida, dizer que a procura por obrigações superou claramente a oferta. Pudera.

Continue-se a escolher governantes com base em chavões como o Estado Social e o apoio aos carenciados e a breve trecho, a força dos números tomará conta de nós: a bem ou a mal.

PS: O ataque da Telefónica à PT acontece por dois motivos: vulnerabilidade económica do país e a recente caldeirada que envolveu a alegada compra da Media Capital, onde cavalheiros nomeados pelo governo para o conselho de administração e figuras subservientes ao regime, fizeram o seu joguete habitual. Vamos ver como corre.

Wednesday, May 26, 2010

Quê?


Vi ontem no Canal Q, alegadamente um canal de humor, cultura e tal, Fernanda Câncio e Paulo Pedroso, duas insuspeitas figuras (a primeira, envolta numa penumbra de isenção socialista, o segundo, claramente assumido militante rosa e que como sabem, já desempenhou cargos de alta responsabilidade na gloriosa Nação) falando sobre os grandes feitos dos governos socialistas dos últimos quinze anos.

Consegui apenas ver cinco minutos devo confessar, mudei de canal quando Fernanda disse que de acordo com um estudo publicado, apenas 17% dos portugueses não conseguem ter uma série de luxos: máquina de lavar roupa, TV Cabo, água, luz e uma refeição decente de dois em dois dias. Repare bem: de dois em dois dias. Paulo Pedroso respondia que as políticas dos últimos anos (desde Guterres) têm sido estabelecidas no sentido de aligeirar as diferenças em matéria de desigualdade social e mencionou o famoso Rendimento Social de Inserção e o Complemento Solidário para Idosos.

Vou aproveitar a oportunidade para explicar de forma simples como é que a coisa tem funcionado:

1. O Estado decide "oferecer" aos seus cidadãos um conjunto de direitos alienáveis em nome do socialismo e do combate à desigualdade

2. Para o efeito tem que gastar dinheiro e consequentemente ir buscar esse dinheiro a algum lado (impostos)

3. Como uma empresa, faz um plano de investimentos segundo o qual, irá estimular a economia e por essa via fazer crescer o País. Todos ganham! Há mais emprego, mais empresas e mais receita de impostos para sustentar a despesa e todas as benesses a que temos direito. Ninguém sofre com isso, porque crescimento gera crescimento!

4. Tempos depois, o plano de investimentos afinal é medíocre e as receitas previstas são inferiores ao que se tinha estimado (Portugal não cresce a mais de 2% desde 2001)

5. Chegado o tempo de se avaliar o que se gastou e o que se recebeu, conclui-se que a receita gerada pelo plano de investimentos ambicioso, não foi suficiente para cobrir a despesa e o défice dispara.

6. Mas.. the show must go on! O Estado emite títulos de dívida pública para pagar o défice. Paga juros para o efeito.

7. Depois de emitir dívida e porque o crescimento teima em não arrancar, o défice continua descontrolado. Tem duas hipóteses: cortar na despesa (menos benesses), ou aumentar a receita através impostos (mais IRS, mais IVA, mais IRC). Decide manter a despesa corrente alegando que o povo não pode viver sem as actuais benesses. Excluídas todas as hipóteses, tem "inevitavelmente" que aumentar os impostos.

8. O povo aperta o cinto. Decide entretanto oferecer as calças (vídeo aqui)

9. As empresas vêem-se sufocadas com mais impostos, não conseguem criar mais postos de trabalho, o desemprego aumenta (e as prestações sociais também)

10. As instâncias internacionais começam a olhar para estes números com preocupação. Os bancos portugueses começam a comprar o dinheiro mais caro porque o risco é maior e como tal, vendem-no também mais caro. As empresas que precisam de investir não conseguem financiar-se e quando não há perspectiva de crescimento, há perspectiva de falência (e mais desemprego)

Como podem observar, em dez simples passos, esta tem sido a dinâmica dos últimos anos: investimento medíocre, aumento de despesa, aumento de receita através de impostos e crescimento nulo.

Câncio e Pedroso falam alegremente no canal Q, sobre refeições decentes de dois em dois dias.

O Governo em funções ganha eleições prometendo ambiciosos projectos como o TGV e um novo aeroporto.

O povo ainda não compreendeu que os benefícios dos quais usufrui, são a sua própria miséria. Para "dar" o que quer que seja, o Estado tem depois que ir buscar dinheiro a algum lado. Curiosamente, ao próprio povo que vota de forma cega, no poderoso Estado Social. Em todo e qualquer discurso político devemos reflectir sobre a mítica frase "Não há almoços grátis"

Thursday, May 20, 2010

Dropping the Line?

Um estudo que fiz sobre terminologia usada na indústria da publicidade foi publicado numa revista australiana, a Marketing Mag.

Podem ler o artigo, aqui.

Tuesday, May 18, 2010

Em terras de sua Majestade


Pelos comentários que ouço e leio, muitos portugueses ficaram contentes com o facto do ex-secretário de estado britânico ter deixado uma nota ao seu sucessor dizendo que "não há dinheiro" (notícia aqui).

É uma reacção natural na medida em que foi um economista inglês que inventou o termo depreciativo PIGS (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha). O Reino Unido sempre teve uma política relativamente egoísta em todas as frentes, a económica não é excepção. Os nossos gritos de glória contudo, não conseguem ir muito longe. A diferença em termos económicos está no crescimento, ou seja, a correcção do défice é feita através de crescimento sustentado e também do lado da despesa. Em Portugal como temos um crescimento que não chega aos 2% desde 2001, teremos sempre um problema de finanças públicas para resolver enquanto não houver crescimento. Para ajudar à festa, recorre-se invariavelmente ao aumento de impostos (receita) para corrigir o défice, manietando cada vez mais a classe média, curiosamente considerada, o motor das sociedades.

Podemos rir o que quisermos da desgraça temporária do próximo e revoltar-nos contra um inimigo que não existe, o nosso problema permanecerá presente. Não conseguimos sair da navegação à vista.

Sunday, May 16, 2010

Lugares comuns


Sobre a visita de sua eminência, destaco em primeiro lugar o argumento da laicidade como arma de arremesso, que serve para justificar as críticas alimentadas por alguns sectores, relativamente a esta visita.

A visita de um Papa a um país implica medidas de segurança adicionais e a mobilização de um conjunto de meios que garantam a segurança da pessoa em questão e de todos aqueles que pretendem acompanhar os seus passos. Concorde-se ou não com a política do Vaticano, a verdade é que as ruas em Lisboa, Fátima e Porto estavam cheias, como tal, a visita a meu ver, justifica-se plenamente. Por outro lado, não me parece que o laicismo de um Estado possa ser posto em causa por causa da visita de um líder religioso. Portugal recebe outros líderes religiosos (e políticos duvidosos como Kadafi ou Chavez) sem que ninguém coloque em causa o supremo valor da separação entre igreja e estado.

Outro exercício que deve ser feito, independentemente do pessoa ou organização em causa, são a reflexão sobre as ideias ou os valores que a mesma pode transmitir. Declaro desde já para todos os efeitos, que não sou nem católico, nem praticante de nenhuma religião, o que não me impede de analisar e reflectir sobre aquilo que as religiões dizem, deixando por sua vez de lado, as generalizações que nos toldam a vista. Bento XVI disse que devíamos fazer das nossas vidas um lugar de beleza. As nossas preocupações constantes, com dinheiro, com o sonho de fazer parte da classe social seguinte, ter um apartamento com vista para o Tejo, a busca pelo sucesso e outros ideais que a sociedade nos vendeu como forma de reconhecimento, dão gozo, mas canalizam a nossa energia para onde? Será isto um lugar de beleza?

Posso não concordar com muitas posições e atitudes da igreja (preservativo, união civil homossexual e por aí fora), contudo, não devo formar uma opinião absoluta sobre uma organização só porque está na moda. A frase de Bento XVI é um sopro de ar fresco, num tempo em que os intelectuais se dedicam em exclusivo, à critica vazia e inconsequente.

Friday, May 14, 2010

Getting old

You will get old when:

- Kids music and kids clothes look like a freakin car accident
- You get wasted on a friday night and the next day hangover needs to be exterminated with pills no matter what
- You don't change your mind during an argument even when you realize that you are actually damn wrong
- You make love no more than once a week (this includes making love with yourself)
- Your haircut is somewhere lost in the past decade
- A little child calls you grandpa or grandma
- All your friends are married or pregnant
- The restaurant you usually go with your wife/girlfriend is still open for business after twenty years
- You go on vacation to the same place every year
- You stay in panic when you see your kids climbing trees
- Do it yourself universe starts looking very interesting
- Super Prize TV contests make the wonders of your mornings and afternoons
- You cry when your favorite wannabe singer wins that cheesy TV singing contest
- You don't go to a foreign country on vacation because of the swine flu
- You don't have the balls to say your boss how stupid he is
- Your stomach goes Hollywood if you eat too much chocolat
- Doctor says you need exercise, vegetables and less salt
- Some medical exams you need to go trough discover new and hidding parts of your inner body
- You don't travel on the subway because the map is too confusing

Age is just a number?

Wednesday, May 12, 2010

Random Sentences

Life’s a bitch. You can either be the costumer and spend all your money or be the pimp and collect the profit. Think I’ll stick with the last one.

Sunday, May 9, 2010

Nostradamus


Durante imenso tempo, os altos responsáveis da nação minimizaram as considerações e recomendações de todas as instâncias internacionais sem excepção. Crescimento medíocre (não se alcançam os dois pontos percentuais desde 2001), exportações em baixa, dívida externa meteórica e défice em alta. Uma boa receita para o desastre.

A tourada - penso ser este o melhor adjectivo - dos grandes investimentos continua: o ministro das Finanças diz que é preciso reavaliar. Sócrates e o ministro das Obras Públicas querem fazer atravessar o bulldozer rosa pelos próximos trinta orçamentos de Estado. Sua excelência o Presidente da República recebe um conjunto de economistas na próxima semana para reexaminar esta bodega. Mas o cão ladra e a caravana passa, ontem mesmo adjudicou-se o primeiro troço do comboio supersónico, clamam os defensores da epopeia, que o Estado vai gastar apenas uns cento e poucos milhões com a brincadeira. Repare-se como é que nos últimos anos se tem dito com frequência, são "apenas uns milhões". O esforço maior é dos privados dizem. A encher o bolso, é provável.

A juntar à supra citada carnificina, conseguimos encontrar um culpado para a irresponsabilidade que grassa: as agências de rating. Como são todas norte-americanas, pretendem através de um malévolo plano, enfraquecer o euro através de revisões negativas das dívidas soberanas dos PIGS (Portugal, Irlanda, Grécia, Espanha, a expressão não é minha, somos assim conhecidos na imprensa do mundo desenvolvido pelas nossas habilidades em macroeconomia). Não é preciso ser economista para entender o porquê dos downgrades: nos últimos quinze anos escolhemos o caminho do betão. Impacto na economia? Têm a resposta nas vossas carteiras e nas oportunidades de desenvolverem uma carreira profissional decente no País. As organizações que nos avaliam não podem tecer comentários positivos perante tal irresponsabilidade. Sejam americanas ou de outro sítio qualquer.

E perante as recomendações - que não param de chegar - o que fez o governo da Nação? Repetir a dose. Mais investimento em betão. Ainda por cima através de parcerias público-privadas, sabe Deus (e o Papa também já agora, que vai ter a simpatia de paralisar meio país durante três dias) com quantas renegociações, que como já se sabe, transformam o reduzido investimento inicial do governo em mais uns pozinhos de défice, que precisará de ser inevitavelmente reduzido à conta por exemplo de 1 ou 2% de agravamento do IVA. Lembram-se quando se aumentou o IVA "temporariamente" de 17 para 19 e depois "temporariamente" de 19 para 21? Vamos ver quanto tempo aguenta nos actuais 20.

O que podemos fazer? Nada. Mas deixo uma recomendação: quando ouvir falar de investimento público nas próximas eleições, tenha cuidado. Muito cuidado.

Friday, May 7, 2010

Random Sentences

I dont make plans, but i make them happen

Thursday, May 6, 2010

Random Sentences

What if timing was timeless? An easier life? Or less excitement?

Thursday, April 29, 2010

Facilidade


Sobre a última crise financeira e da qual se ouvem ainda alguns ecos mundo fora (Portugal incluído e que está agora sob a mira dos mercados): um dos motivos que se mencionam para a sua ocorrência é a facilidade que existiu durante alguns anos, no sentido de obter crédito barato junto dos bancos. A culpa é da facilidade. Mentira.

A culpa é de quem não conseguiu formar cidadãos, com consciência e responsabilidade suficientes, para entender que se ganham mil euros por mês, não podem ter despesas de mil e duzentos. Ou para entender que não podem ter oito créditos. E por aí fora. Apesar de reconhecer que o apelo ao consumo é fortíssimo e que na hora de assinar papéis, as instituições de crédito não abrem o jogo todo, se os cidadãos estiverem suficientemente informados, conseguem compreender o que devem ou não fazer em matéria financeira.

Comprar droga (qualquer uma) é relativamente fácil. Mesmo quem não faça parte do meio, entre portas e travessas consegue arranjar o que precisa. O mesmo para cigarros. Ou álcool. Apesar de todo o mundo desenvolvido ter problemas com a toxicodependência, sabe-se que a maioria da população não faz parte desse problema. Por ser fácil? Não. Porque conhecem as consequências desse acto e optam por não o fazer apesar dos apelos que vão surgindo.

A desresponsabilização do cidadão anónimo é mais um passo para outra crise qualquer.

Monday, April 26, 2010

O Paradoxo Salarial


Nas últimas semanas falou-se sobre os prémios salariais dos gestores de topo (Bava e Mexia nomeadamente). Por outro lado, vejo que alguns vêm a terreiro queixar-se que os ordenados do sector público são absolutamente ridículos quando comparados com os que se praticam no sector privado.

Traduzindo, os 3800 euros brutos de um deputado são uma pechincha quando comparados com o salário equivalente ao de um quadro do sector privado com responsabilidades equivalentes. Como tal, a motivação é alegadamente menor na medida em que o incentivo é manifestamente inferior.

Esquecem-se os paladinos defensores desta teoria que existe uma diferença fundamental entre público e privado. Se uma empresa privada apresentar prejuízos ano após ano, ou se um conjunto de investimentos não tiverem o resultado previsto, os responsáveis dessa empresa enfrentam uma falência e tudo o que daí advém: problemas pessoais, financeiros, familiares e estigma social. São obrigados a enfrentar uma série de consequências.

No estado não é assim porque não existem consequências. Se um governo entender que em 4 anos deve construir 10 autoestradas e se findo esse tempo se verificar que o investimento foi uma nulidade em termos económicos, nada acontece. Os governantes mudam, as empresas públicas continuam a existir - e a dar prejuízo - e esses mesmos governantes, responsáveis por esses investimentos falhados, no fim dos seus mandatos, vão trabalhar para o sector privado, usufruindo do melhor dos dois mundos.

Se querem ordenados compatíveis com as suas funções, que as desempenhem com seriedade. E já vai sendo hora de responsabilizar criminalmente as decisões que são tomadas claramente contra os interesses do País.

Tuesday, April 20, 2010

Envie um email

Por várias ocasiões tive oportunidade de criticar a inércia dos cidadãos relativamente ao poder político e/ou às situações que lhes causam perplexidade, mas que merecem da sua parte pouca atenção ou nenhum tipo concreto de medida.

Se há crime que me deixa perturbado é o da pedofilia. Não há nada mais vil e asqueroso do que abusar sexualmente de uma criança, que por natureza não se consegue defender e não tem como fugir da situação. É um dos grandes flagelos do nosso tempo enquanto sociedade.

Hoje leio uma notícia no DN, sobre um homem que foi libertado - com pena suspensa - depois de ter sido provado (através de declarações de testemunhas e relatório médico) que violou uma menina de 8 anos. Não vou escalpelizar a notícia, ela própria fala por si. Link aqui.

Enviei um email a vários responsáveis políticos solicitando que se debrucem sobre o problema. Bem sei que provavelmente não adianta muito, mas se ninguém reclamar nos sítios certos, se ninguém fizer ouvir a sua opinião para lá das mesas de cafés, para lá das conversas de cigarros nos intervalos do escritório ou nas caixinhas de comentários das redes sociais, não há nada que mude, é a realidade, perdoem-me a tónica algo sindicalista.

Se quiserem aproveitar o texto que enviei, façam-no, é só fazer copy/paste e enviar a quem de direito. Em baixo, o texto e os links directos para enviarem as vossas mensagens.

Ministério da Justiça
Primeiro-Ministro
Presidente da República(belem@presidencia.pt)
PS
PSD
CDS (cds-pp@cds.pt)
Bloco de Esquerda (bloco.esquerda@bloco.org)
PCP (pcp@pcp.pt)

E o texto propriamente dito.

Bom dia,

A confirmar-se a veracidade desta notícia, devo dizer que é absolutamente lamentável o ponto degradante ao qual o nível das decisões em termos judiciais chegaram. Não sei se serão erros de avaliação dos juízes ou se serão as leis que não lhes permitem tomar as decisões adequadas, contudo, e provado um crime de violação sobre uma criança, é impensável que se liberte uma pessoa destas com o argumento que não tem antecedentes. As crianças devem ser protegidas acima de tudo, na medida em que não têm como se defender de gente desta estirpe e representam o nosso futuro enquanto povo.

Bem sei que vivemos na base da separação de poderes, mas peço-lhe genuinamente, que dentro da sua esfera de influência e poder, que pressione quem de direito, por forma a alterar o estado actual da Justiça e das decisões que dela decorrem.

Deixo-lhe um link com a notícia: http://www.publico.pt/Sociedade/violador-de-crianca-com-pena-suspensa-por-nao-ter-cadastro_1432955

Melhores cumprimentos

E pronto, em cinco minutos, os vossos decisores têm vários emails na respectiva caixa de correio. Transforme as suas queixas em algo palpável.

Monday, April 19, 2010

50 Anos


A História, para além de nos entreter e fascinar, garante-nos outra faculdade: olhar para trás com serenidade e compreender o que é que fizemos bem e mal. Enquanto sociedade e enquanto indivíduos. Há inúmeros exemplos, entre comportamentos, leis, costumes e manias que vistas a partir do dia de hoje, são motivo de perplexidade e espanto e questionamos inclusive, o raciocínio que levou a sociedade a materializar algumas ideias.

Não é preciso ir muito atrás no tempo para encontrar exemplos; o século XX foi fértil neste tipo de ideias: fascismo, nazismo, ditaduras, duas guerras mundiais, a grande depressão, a guerra fria, entre outras efemérides que se podiam invocar.

Aprendemos alguma coisa com tudo isto? Penso que sim. As guerras de hoje não alcançam a magnitude de um conflito mundial, o mundo desenvolvido compreende os perigos da concentração excessiva de poder e até as crises financeiras, ultimamente tão badaladas, apesar de continuarem a ter um efeito erosivo em grandes franjas da população, não têm o impacto de outros tempos.

Contudo e sendo humanos, continuamos a errar, é intrínseco à nossa natureza. Deixo a sugestão, a todos os que leram o texto, e em especial aos nossos decisores (duvido que leiam o blog, mas fica à mesma a sugestão): sempre que tomarem uma decisão relevante, tentem imaginar como é que será vista daqui a 50 anos. Dá algum trabalho, mas evita muitas patetices.

Wednesday, April 14, 2010

PEC-Man


O PEC anunciado pelo Governo há algumas semanas baseia-se entre todos os apertos já conhecidos, num crescimento virtual. E é precisamente virtual porque existe apenas nos documentos apresentados. Sem crise, sem Wall Street, sem Lehman Brothers, sem credit default swaps, BPN's ou BPP's, o crescimento de Portugal na última década nunca passou dos 2%. Como tal, não será agora, por obra e graça do Espírito Santo, que a economia irá crescer a um ritmo superior.

E sem esse crescimento é impossível fazer o que quer que seja, permanecendo eternamente o problema das finanças públicas em Portugal e sendo solicitada invariavelmente, a intervenção da classe média através de impostos e consequente redução do seu poder de compra.

Quer isto tudo dizer, no próximo orçamento de Estado, para além das medidas já conhecidas, seremos presenteados com "medidas adicionais" que visarão com toda a certeza a estabilidade do estado social e a garantia que os mais fracos continuarão a ser defendidos e protegidos.

Sobre o País e as suas habituais controvérsias: os mesmos que criticam o Estado de forma vigorosa, são os que mais rapidamente defendem a sua intervenção. Ou são hipócritas, ou não compreendem que a presença do Estado tem como consequência os habituais episódios rocambolescos que nos vão chegando todas as semanas. Menos Estado, mais dinheiro no bolso.

Friday, April 9, 2010

Condução


Uma tese de mestrado defendida por Maria João Martins (enfermeira com 20 anos no activo) no ISCTE, fala entre outras coisas, sobre a constante negação de culpa invocada pelos entrevistados desta investigação quando confrontados com situações que violam manifestamente o código da estrada e as boas práticas de condução. Citando um dos entrevistados: "O carro ganhou vida própria".

O ser humano, explica a psicologia, tende a relativizar e desvalorizar aquilo que lhe corre menos bem, ou seja, em vez de assumir a culpa associada ao erro e lidar com esse facto a partir daí (sem subterfúgios), transfere a culpa para outro sítio qualquer e repete o comportamento erróneo. Desta forma, como é fácil concluir, a evolução simplesmente não existe. O desenvolvimento baseia-se na aprendizagem através dos erros, que implica impreterivelmente, assumir que algo correu mal. Percebendo-se porquê, é possível não cometer os mesmos erros e fazer melhor da próxima vez. Apesar deste argumento ser irrefutável e milhares de anos de história da humanidade o comprovarem, muitas pessoas continuam diariamente a transferir a culpa para outro sítio qualquer.

A condução em Portugal é o exemplo máximo do nosso sub-desenvolvimento enquanto povo: a má educação, falta de civismo e o estado permanente de razão auto-suficiente em que grande parte dos condutores se encontram espelham bem o nosso atraso civilizacional.

Antes de culparmos o condutor do lado, o vizinho, o patrão que é mau, o colega que é egoísta ou o político que é ladrão, devemos analisar o nosso comportamento em todas as suas vertentes. Vivemos num País difícil, mas se não limparmos a nossa casa primeiro, contribuímos também, para aquilo que tanto criticamos.

Tuesday, April 6, 2010

O Tempo


Muito se escreve sempre que um novo meio de comunicação invade a sociedade. Foi assim com a imprensa, com o rádio, com a televisão e mais recentemente com a internet. As catastróficas aves de rapina anunciam de imediato o fim dos outros meios de comunicação. A verdade é esta: todos os meios têm sobrevivido, a rádio inclusive, um dos alvos preferidos das citadas aves de rapina.

Outra verdade, que não pode ser ignorada é que tem verificado uma migração de uns meios para os outros; as pessoas que nos anos 20 ouviam rádio, transferiram o seu tempo para a televisão quando esta se massificou e por sua vez, nos dias que correm, aparentemente existe uma forte migração da televisão para a internet. A internet, tem de facto marcado a actualidade pela forma como se impôs e pelo rápido impacto com que atinge a sociedade em geral todos os dias. Sabemos que o mundo tremeu a três mil quilómetros de distância sem ligar a televisão. Isto era impensável há poucos anos atrás. Contudo, não me parece que seja o imediatismo o preponderante factor que conduz a humanidade para este novo meio. O tempo esse sim, é o grande aliado da internet. Para além de vivermos numa sociedade sobrecarregada de informação e de operações diárias - mas essenciais - à nossa sobrevivência, a dada altura, valorizamos o tempo com muito mais veemência do que antes. Não estamos para perder tempo a ver um programa que não gostamos ou publicidade que nos aborrece. Também são mais raras as pessoas que esperam ansiosamente por uma hora específica para ver um filme ou um programa (isto provavelmente explica o sucesso dos clubes de vídeo disponibilizados pelas operadoras de cabo). A internet, é a materialização máxima do "quero à hora que quero".

Conclusão: não me parece que a internet vá exterminar a televisão, a rádio ou a imprensa, apesar de migração que eu referi ser real e estar a acontecer neste preciso momento (se está aqui a consumir estas linhas, não está a fazer outra coisa qualquer). Não me parece que os outros meios de comunicação vão ficar sentados a assistir a uma morte anunciada e as possibilidades tecnológicas utilizadas por operadoras em Portugal como a Zon e a Meo são a prova desta adaptação. Poderá dar-se o caso como na música, de se transferir a maioria dos conteúdos físicos para suportes virtuais, mas daí ao desaparecimento, o passo é grande e citando Mark Twain: "The reports of my death are greatly exaggerated"

Sunday, April 4, 2010

Random Sentences

Life doesn't have a waiting line.

Wednesday, March 31, 2010

Educação e Crescimento


O Banco de Portugal divulgou no seu boletim de Primavera, entre as más notícias de revisão em baixa de vários indicadores económicos, um estudo sobre o retorno económico que o investimento em educação representa, quer para a sociedade, quer para a economia. Tal como todos os outros estudos efectuados sobre esta matéria, mais uma vez se chegou à conclusão que quanto maior for o grau de habilitações, maior é o rendimento auferido pelo indivíduo. O ordenado médio de um não licenciado era em 2006 de 805 euros enquanto que o de um licenciado era de 1625 euros. Naturalmente, os indivíduos que têm ordenados mais elevados, têm maior poder de compra, representando uma mais valia para a economia.

Comparando estes números com os de outros países, rapidamente se compreende que o grau de escolarização de um povo está directamente relacionado com o seu desenvolvimento económico. O mesmo estudo refere que a actual distribuição educacional da população activa em Portugal é a mesma que os EUA tinham nos anos 30 do século XX. Os dados divulgados cruzam ainda mais variáveis que reforçam estas ideias.

Em Portugal, por outro lado, existe um argumento disseminado e devidamente amplificado pela comunicação social: tirar um curso para quê? Obviamente, por todos os motivos que referi acima, tirar um curso, continua a significar menos tempo desempregado e rendimentos mais elevados.
Nesta fase da conversa entra o argumento dos milhares de licenciados desempregados. Concordo, é negativo (o número devia ser substancialmente inferior), contudo, devo de novo sublinhar que no último trimestre de 2009 encontravam-se desempregadas 563,3 mil pessoas. Deste bolo, na fatia dos licenciados cabiam 55 mil pessoas. 9.76% do bolo total de desempregados portanto, significando então (e desculpem a verdade de La Palisse) que 90.24% dos desempregados não têm um curso superior. Perante esta disparidade evidente, parece-me razoável afirmar, que não ter curso superior, significa maior probabilidade de desemprego.

De seguida, o argumento call center. Muitos licenciados, apesar de ter trabalho, têm trabalhos que nada têm a ver com as suas habilitações e são regra geral, mal remunerados. Nesta fase, concordo com os que dizem que a economia não tem capacidade de assimilar todos os licenciados. Sabemos que Direito e Arquitectura são áreas saturadas com dificuldade em colocar recém-licenciados no mercado de trabalho correspondente. Soluções? Crescimento. A economia precisa de se desenvolver, renovando continuadamente o tecido empresarial, que por sua vez, necessitará de pessoal qualificado para se manter competitivo. Menos licenciados e menos qualificação significa que as empresas continuarão a ser dirigidas pela iliteracia e que o seu desenvolvimento ficará para sempre comprometido.

Esqueçam a história do senhor que tinha a quarta classe e ficou rico. Não é que não aconteça, mas entre todos os que têm a quarta classe representa uma quantidade ínfima - em 2006, o salário médio dos que tinham apenas quatro anos de escolaridade era de 588 euros.

Os caminhos poderão ser muitos, mas nunca menos escolaridade ou menos habilitações. A educação é um pilar do desenvolvimento económico-social desde que o homem se conhece. Quem detém mais conhecimento, ganha a corrida. Concluo concordando com os autores do documento que referi, eu também, não tenho conhecimento de nenhum país desenvolvido que não invista em educação. Porque será?

Estudar, continua a valer a pena.

Saturday, March 27, 2010

No meu tempo


Sempre que atravessamos fases difíceis em matéria económica e/ou social, uma série de vozes se levantam contra os que se insurgem contra o estado actual do país, baseando-se no facto de que no seu tempo, as coisas eram bem piores. Diz-nos a história, a maior parte dos problemas que hoje são de simples resolução, há alguns anos atrás tinham consequências gravíssimas. Mesmo no mundo considerado desenvolvido, não é preciso ir muito atrás no tempo para encontrar esperanças médias de vida a rondar os quarenta anos e pessoas jovens a morrer de situações banais, como uma gripe ou uma simples infecção. A ciência foi providenciando soluções que permitem contornar estes problemas e que oferecem às populações mais qualidade de vida e conforto. Como tal, as últimas gerações, crescendo neste ambiente evolutivo mais premente, subiu os seus parâmetros de qualidade e exigência relativamente a uma série de aspectos, os quais, não sendo correspondidos, resultam normalmente em manifestações de indignação e crítica. É nesta fase, que surgem aqueles que vêm relembrar que no seu tempo, um determinado tipo de problema tinha consequências bem piores. Citando um exemplo: "Crise? Sabem lá vocês o que é crise! Era um bocadinho de pão e azeite e já gozava."

Correndo o risco de ferir algumas susceptibilidades, considero este argumento absolutamente infundado.

Em 1974 a vida era de facto pior em Portugal, em 1933 ainda pior, em 1910 pior ainda, em 1755 então nem se fala, na Idade Média a Peste matava tudo por onde passava e já agora, no ínicio do nosso calendário, os romanos crucificavam pessoas. O que quero ilustrar basicamente, é que no passado as coisas eram de facto piores, sobre isso, não há nada a refutar e as pessoas que passaram por essas dificuldades merecem toda a minha consideração e respeito. Não se pode é utilizar este argumento para justificar o estado decrépito a que algumas situações chegaram. O mundo em que vivemos ensinou-nos o contrário: com o passar do tempo, vamos aprendendo e a nossa condição vai melhorando, é este - de acordo com alguns dicionários - o significado de civilização: o resultado dos progressos da humanidade na sua evolução social e intelectual.

O passado serve para corrigir os nossos erros e fazermos melhor, não para atenuar a irresponsabilidade do presente.

Thursday, March 25, 2010

O tempo, com menos daquilo

Não vejo cinema a preto-e-branco. Não compro livros aconselhados pela elitista crítica. Não oiço música que a minha bisavó ouvia. Não uso os óculos escuros que o meu pai usava. Não uso óculos a não ser que realmente precise deles. Não deixo a barba crescer. Não uso bigode. Não uso brincos. Não uso piercings. Não tenho tatuagens. Não uso fato com ténis. Não bebo vinho num bar. Não uso t-shirts que ninguém percebe o que é que está lá escrito. Não mostro as cuecas em público. Não mudo a cor do meu cabelo. Não depilo nenhuma parte do meu corpo. Mas.. deixei de ver futebol. Estou no bom caminho.

De quem é este discurso?

Friday, March 19, 2010

Alienação


Vivemos num País onde o Estado actua de forma pesada sobre praticamente todos os aspectos da nossa vida. É uma herança da Revolução de Abril, e só não é mais grave, ironicamente, por culpa do próprio Estado, que se especializou em fazer investimentos sem retorno para a economia. Vendo o défice a subir e os credores a dizer que é preciso ter cuidado senão a festa acaba mais cedo, o Estado é obrigado a vender participações que tem em empresas (o que até considero positivo), desmaterializando assim, a sua asfixiante presença - a propósito, em 2011, teremos mais disto.

A população em geral, distante e alienada do que se passa à sua volta, concentrada no sensacionalismo e formando a sua opinião com base em telejornais piores que um folhetim de século dezoito, considera que a não presença do Estado na economia significa o abominável fim das suas vidas.

Esta relação paternalista, onde normalmente a exclusividade da culpa é atribuída ao Estado, tem grande parte da sua força na sociedade. Vivemos em tempos democráticos, votamos em quem queremos, e ao que parece não existe manipulação eleitoral. Nós elegemos os nossos líderes sem ter uma pistola apontada à cabeça. O problema é que tomamos essa decisão e discutimos o tema atribuindo-lhe a mesma importância de um jogo de futebol. Aliás, há jogos de futebol mais importantes que votações democráticas.

A prova viva desta alienação quase colectiva (que conduz a uma desresponsabilização individual em todas as áreas) é a qualidade de intervenção do cidadão anónimo. Perca dez minutos (sim porque vai perde-los, desde já aviso) do seu tempo a ler as caixas de comentários na internet de uma publicação de circulação considerável (Público, Expresso, etc..). Não havendo estudos sobre a matéria (que eu conheça pelo menos), da minha experiência concluo, que a maior parte da opinião expressa nestes locais, baseia-se na generalização simples e patética, vagueando entre redundâncias e disparates. Uma ou outra vez, a coisa termina em troca de insultos.

Identifiquei um motivo que me parece válido e que justifica este problema de opinião (que degenera depois numa participação cívica medíocre): naturalmente, as pessoas gostam de falar sobre os mais diversos temas e ter uma opinião. Mesmo que não saibam bem do que estão a falar. Os meios de comunicação social, que precisam de audiências para (sobre)viver, compreenderam muito bem esta dinâmica. Utilizam esquemas nas mensagens que transmitem, permitindo ao leitor/telespectador formar uma opinião de forma rápida. É uma espécie de curso intensivo diário. A pessoa chega ao fim, sente-se informada, mas na verdade, não consegue argumentar sobre praticamente nenhum assunto que acabou de ouvir ou ler. Pelo menos, de forma construtiva, não sendo de admirar portanto, o constante bota-abaixo que corre o País de norte a sul.

Dois exemplos concretos.

Há algumas semanas a maior parte dos jornais e telejornais veiculou este título: "Taxa de juro para empréstimos à habitação mais cara"
O anónimo cidadão, habituado a tirar conclusões rápidas e erradas, concluiu de imediato que a taxa Euribor tinha acabado de subir e que iria pagar um valor maior de prestação mensal ao seu banco no final do mês. De seguida, o mesmo cidadão, desinformado e alienado, começa a falar mal dos bancos, do governo, do poder de compra, do ordenado baixo e por aí fora. Na realidade, este título referia-se aos novos empréstimos, ou seja, às pessoas que vão pedir novos empréstimos para comprar casa, nas mesmas condições das pessoas que compraram casa há um ano, ser-lhes-à atribuído um spread mais alto. Repare como um simples título, consegue subverter a ideia original - e verdadeira já agora - despoletando uma indignação virulenta por parte do leitor/telespectador passivo, que nem sequer é afectado pela matéria em causa.

O outro exemplo tem menos de vinte e quatro horas: "PJ faz buscas à PJ"
Como pode reparar o título indicia uma aura de desorganização. O cidadão alienado que eu atrás referia, de imediato se ri, abana a cabeça e termina a sua detalhada análise com a famosa frase (que devia ser banida) "Só neste País". Está plenamente convencido que as instituições funcionam mal e que por algum motivo estranho a polícia faz buscas à polícia. Pensa se calhar que os colegas do primeiro andar fizeram buscas no segundo andar ou coisa que o valha. Neste exemplo, a notícia refere-se a uma ordem dada por um juiz no âmbito do caso Face Oculta que suspeitou existirem fugas de informação a partir de um departamento da PJ. Se é a própria PJ o órgão responsável por conduzir buscas, terá que ser a própria a fazê-lo, ainda que isso signifique investigar uma parte das suas instalações. Isto é banal em muitos países, e alguns deles, como é o caso dos Estados Unidos têm departamentos dedicados exclusivamente à investigação dentro de portas, os Internal Affairs.

As pessoas têm legitimidade para expressarem o seu desagrado, mas enquanto não o fizerem de uma forma séria e construtiva, ninguém as levará a sério, leia-se, os nossos políticos.

Esta formação de opinião baseada em parangonas, leva os nossos decisores a pensar que têm carta branca para fazer o que bem lhes apetecer. Se as pessoas não compreendem verdadeiramente a essência dos problemas e daquilo que está em causa, não conseguem tomar decisões minimamente fundamentadas.

O aumento da qualidade do nível de vida fica assim dependente do nível generalizado de esclarecimento.

Tuesday, March 16, 2010

Limites


A sociedade evoluiu. Apesar de todas as imperfeições que rodeiam os pilares que sustentam este tempo em que vivemos, podemos dizer com segurança, que o ser humano (em algumas partes do globo) e a forma como se relaciona quer com o meio, quer com outros seres humanos, conheceu uma distinta evolução nas últimas décadas.

Em termos de incumprimento de regras e respectiva punição por exemplo, demos um salto do absolutismo para o relativismo, que trouxe consigo a compreensão, o lado humano das coisas e a segunda oportunidade. Neste âmbito, posso também julgar com certeza, que o sistema de penalização legal português é por todos conhecido como sendo injusto: é caro, brando nas penas que aplica e dado a minudências que permitem aos culpados fugir às suas responsabilidades e deixar o apuramento da verdade perdido algures num arquivo. É nesta altura que chegamos à palavra que dá título a este texto: os limites, ou seja, o que é sensato.

Ficamos revoltados quando vemos um poderoso escapar à Justiça depois de ter desviado milhões de euros. Mas muitos de nós ficariam também revoltados se se mandasse cortar a mão a um toxicodependente por este ter assaltado um automóvel. Queremos castigos, mas não somos bárbaros (apesar de alguns continuarem a julgar que o sistema medieval é o melhor sistema).

Contudo, não se deve confundir evolução social com brandura. Recentemente, um pedófilo e um violador foram apanhados pelas autoridades. Um abusava de crianças enquanto desempenhava as suas funções de monitor de uma colónia de férias, o outro, é o badalado violador de Telheiras. Vejo com alguma apreensão, a forma como alguma comunicação social tem transmitido o desenvolvimento destes casos: o pedófilo é apresentado como uma pessoa doente, com uma patologia que não se cura assim sem mais nem menos, e que portanto merece toda a nossa bondade e compreensão. Uma criança é um ser que não tem qualquer defesa. É facilmente manipulável, não distingue bem se o que lhe estão a fazer é certo ou errado e sabemos que os traumas que dali resultam ficam para o resto da vida. Para além disso, o crime de pedofilia consegue ser mais grotesco que o da violação: enquanto que numa violação a vítima é obrigada a ter relações (por si só algo já hediondo), a pedofilia implica um jogo de manipulação, de construção de confiança com a criança, levá-la a praticar aqueles actos como se estes fossem da sua vontade. Toda esta premeditação deve ser ponderada para lá do elemento patológico. Uma coisa é um esquizofrénico esfaquear um inocente porque uma voz lhe disse que aquela pessoa constituía um perigo (também condenável, mas compreensível no âmbito da sua doença). Outra é seduzir uma criança ou um adolescente horas a fio num chat com o intuito de abusar sexualmente dessa pessoa. A loucura não pode servir para desculpar tudo.

Se como clamam os ultra-humanistas (que o são apenas até o azar lhes bater à porta), que o problema destes senhores é mental, ou seja, os seus ímpetos sexuais por muito que sejam contrariados irão sempre incidir sobre crianças, devemos então fazer o que for necessário para impedir estas pessoas de viver em sociedade. Trancá-los para sempre, que seja. Se nenhuma das ciências à disposição do Homem consegue garantir que um tipo destes depois de estar dez anos preso, vá reincidir em actos da mesma natureza, pois que esperem trancados por uma avaliação correcta.

Admira-me imenso confesso, as nossas concepções portuguesas sobre distintos ideais, como o da liberdade. Por um lado, o mínimo episódio que coloque em causa a nossa liberdade de expressão ou opinião, é atacado com a ferocidade digna de um revolucionário (a recente lei da rolha no PSD por exemplo). Por outro lado, quando chega a altura de defender uma liberdade básica, o direito de não ser violado ou abusado, muitas pessoas refugiam-se no problema mental dos agressores para justificar penas de prisão brandas. Algo contraditório?

O direito de uma criança viver a sua vida em segurança deve sobrepor-se ao direito de um tipo ser doente mental. A nossa compreensão deve ser dirigida aos mais fracos primeiro, este também, um dos pilares da nossa civilização. E uma criança é um ser mais indefeso que um alegado doente mental, que planeia e premedita o seu crime ao milímetro.

Enquanto a sociedade insistir nesta abordagem, a evolução do absolutismo para o relativismo que eu elogiava no início, corre o risco de ficar presa numa ditadura relativista, onde os crimes sobre os mais fracos, ganham um estatuto de crescente compreensão no que aos agressores diz respeito. As vítimas serão sempre, o lado mais fraco da equação.

A evolução social, depende não só da nossa flexibilidade e compreensão, mas também, daquilo que nos recusamos a aceitar. Qual é o seu limite?

Sunday, March 14, 2010

Random Sentences

Great minds think alike, simple minds don't think.

Saturday, March 13, 2010

A importância das alternativas


Dizia eu a um amigo há pouco tempo, que assim que o PSD se clarificasse a propósito do Congresso que agora decorre e das directas de dia vinte e seis, surgiria finalmente uma alternativa às políticas massivas de investimento público. Ele riu-se e disse-me que era só mais do mesmo, eu que não me entusiasmasse muito.

Daquilo que assimilo das pessoas que não ligam muito a política, mas que votam e fazem portanto parte da escolha dos destinos do País sempre que há eleições, concluo que continuam a votar PS porque simplesmente, não existe alternativa viável, que inspire confiança suficiente e que permita ver às pessoas o que é um futuro melhor. Apregoar por exemplo, que os portugueses merecem a verdade não é suficiente para inspirar confiança nas pessoas. O comum dos mortais, mete os políticos todos no mesmo saco e verdade cavalheiros e donzelas, não é território que possa ser reclamado por qualquer partido. Sejamos honestos naquilo que reclamamos. E inteligentes já agora. Sabe-se que os programas de direita defendem a liberalização do mercado e uma intervenção reduzida do Estado na economia, não esperem ganhar eleições apregoando o fim dos subsídios, mesmo que a intenção seja fazê-lo. Hoje em Portugal, a sociedade viciada em suporte estatal, não está preparada para a passagem da subsidiodependência para a força da iniciativa individual absoluta. E isto não acontece apenas nos estratos sociais com menos educação. Veja-se no campo das artes, o cinema nomeadamente, que clama constantemente subsídios ao Estado, não compreendendo que é na sua independência financeira, ou seja, com base no seu real sucesso e não insuflado por um qualquer apoio financeiro governamental, que reside a solução para a disseminação do seu sucesso.

A minha preocupação: aquele que é apontado como o provável vencedor - Pedro Passos Coelho - tem um discurso altamente liberal, anti-subsídios designadamente como foi o caso do discurso de hoje, o que é de resto natural, o homem é de direita. Contudo, como referi em cima, os que votam, não votam em menos subsídios. Apesar de eu concordar em pleno com uma intervenção menor (consideravelmente menor) do Estado na sociedade, a transição deve ser gradual, sob pena de outra forma, nem sequer se iniciar.

Wednesday, March 10, 2010

Random Sentences

Cansado do processo de descoberta preguiçoso, patético e desconcertante que carrega algumas almas.

Tuesday, March 9, 2010

Pacto, programa?


Do Programa de Estabilidade e Crescimento - assim se chama - destaco dois pontos:

- Em primeiro lugar, as medidas utilizadas para reduzir o défice são indispensáveis; apesar de alguma opinião insistir na teoria de haver vida para além do défice, a realidade é que com um défice alto, o nível de possível incumprimento é maior e o dinheiro que pedimos emprestado ao exterior é muito mais caro. Para se ficar com uma ideia, a Grécia vai pagar pelo refinanciamento da última emissão de dívida quando esta atingir a maturidade, um juro de 6.25%. Portugal, actualmente emite dívida a 2.5%. Alto défice, dinheiro mais caro, ou na pior das hipóteses, os mercados não compram estes títulos de dívida e ficamos sem dinheiro para refinanciar a mesma e consequentemente, para prestar serviços básicos à população (que recorde-se, paga impostos).

- A segunda ideia, é a habitual carga de demagogia, transversal a todos os partidos. Apesar de ser o PS a apresentar o PEC, o PSD no passado fez o mesmo, quando a Dra. Ferreira Leite vendeu dívida ao Citybank para baixar o défice, vangloriando-se depois de um feito sobre o qual, ainda hoje pagamos juros. Não há inocentes nesta parada. Ainda assim, é importante salientar as não verdades, para não lhe chamar outra coisa: dizem que só há aumento de impostos para o escalão que declara mais de 150.000 euros/ano. Caso não saiba, fica a saber, só 1% dos contribuintes se encontra neste escalão. Para além disso, dizer que os impostos só aumentam para estas pessoas é no mínimo divertido: os benefícios para todos os escalões vão ser reduzidos, não aumentam os impostos, diminuem os benefícios, chamem-lhe o que quiserem, ficamos com menos dinheiro.

Conclusão: estas medidas são necessárias. Não há outro caminho. Contudo, é apenas o início. O défice com este plano, baixa em 2011 para 8,2%. A meta é 3% em 2013. Esperam-se portanto, mais medidas severas nos próximos Orçamentos de Estado. Considero sinceramente que o País será capaz de cumprir a meta dos 3%. As minhas dúvidas residem antes na decisão que cada um vai tomar nas próximas eleições. A memória dos eleitores portugueses para estas coisas, costuma ser.. limitada.