Thursday, June 24, 2010

É jovem, mas afinal não é


A grande massa de opinion makers nacionais concorda com um facto: Rui Pedro Soares, que foi indicado pelo Estado para um dos lugares da administração da PT, não tinha experiência suficiente para exercer o cargo, porque afinal de contas tinha apenas 32 anos. Este é o único argumento que eu ouço e leio e que justifica a sua presença no lugar em causa. Ou seja, é um boy do PS e tem apenas 32 anos, como tal, não pode fazer parte de um conselho de administração de uma empresa como a PT. O que considero interessante (e desde já faço a minha declaração de interesses, não conheço o senhor de parte alguma) é não se conseguir apontar mais nenhuma razão, a não ser a idade (32 volto a repetir) para exercer aquele cargo. Pode argumentar o leitor que a pessoa em causa foi apanhada em conversas menos próprias no âmbito das escutas realizadas - e publicadas - sobre o negócio PT/Media Capital. Contudo, não se ouve uma única vez nenhum destes cronistas (alinhados e desalinhados) a referir uma razão concreta para o atestado de incompetência passado. Desafio o leitor a enviar-me um comentário com um excerto de alguma notícia/peça/coluna de opinião com um argumento que não seja o da idade ou o das escutas para justificar a alegada incompetência da pessoa em causa.

Por outro lado, estes revoltados defensores das nobres causas dos nossos dias, defendem a causa dos jovens até à exaustão. Os jovens (e aqui incluem os recém licenciados, jovens adultos portanto) não conseguem arranjar trabalho, não têm oportunidades, vivem com os pais até mais tarde e por aí fora. Ironicamente, criticam até à exaustão também o facto de alguém com 32 anos ser administrador de uma grande empresa.

Quem emite opinião em meios de comunicação de massas, não pode limitar-se apenas a escolher duas ou três causas para defender e debitar linhas desbragadas uma vez por semana. As pessoas que são estas causas, os jovens neste caso, precisam mais do que sensibilização ou da verdade. Neste caso, uma grande parte deles até são informados. Precisam de coerência e sobretudo, de acções concretas.

Medina Carreira no último sábado, no programa Plano Inclinado, perguntava a Maria Filomena Mónica o que é eles (os opinion makers que de tudo mal falam) andavam a fazer na verdade. Maria Filomena Mónica respondia que cumpriam um papel de sensibilização. Já sabemos que estamos mal, muito obrigado pela sensibilização. Queremos mais! Muito mais.

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