Friday, October 28, 2011

The Stereotyped Day

It's been four months since my last post, so this time I have decided to do it in english. Don't ask me why, I'm just in the mood. Before I start with the actual post, let me ask you your opinion about thinking in other languages. When you start speaking in other languages the way you form sentences and the way you choose words is different from your mother thongue. So it's like you're a new person. May that be the reason why portuguese people are so more efficient when they work abroad? Not sure.. Well, something for you to think about.

And now, the post.

We live in a plastic molded world. We have the need - we always had but ok, now we have more - to show others what we are and what we stand for. The world has provided us all the tools we need to show others what we are. Doesnt matter if you're showing what you really are or not. That's not the issue. My personal opinion is that almost everyone will never in their regular lifetime show to others what they really are. They'll show a part of what they are. And this is because, during all our lives we change. And yes, change is a very powerful concept (even before Barack Obama's election). We change. Period. And that's not only during childhood and teenagehood. As adults, we experience a lot of things as well. A new job, a new girlfriend, a new bar, a new music, a new car, a new city, even a new sexual orientation if you want to. So it's kind of impossible not to change. Now that we have accepted change as a vital issue, like I was saying, you'll never show what you really are because you change. And most of the time, you will only notice that you have changed in a period of time that is usually far from the moment you have really changed. Well, it's not like a clock alarm that in a pre determined time says: "Hey, You changed!" Doesnt work like that and you know it.

Now you're wondering where this text will lead, but I'm afraid I dont have an answer for you, because I have no idea how to finish this sort of dazzling mind puzzle. Maybe I'm changing and I havent noticed. Who knows?

Anyways, bottomline is: first, show others what you are or what you want people think you are. It doesnt matter to be real, or unreal. See it this way: by showing people something you're not, you are probably being yourself. One of your carachteristics may be hiding others what you are. What's the problem? Second, think more about change. It occurs more often than you think and it doesnt have to be related with some major event, like traveling to other country or get married (as you can see by the number of divorces we have, many people don't change just because they got married).

You are what you are. Like it or not, it's your call.

Take care.

Monday, June 13, 2011

Um dia de cada vez - A falácia

A expressão "Um dia de cada vez" é muito utilizada nos grupos de alcoólicos anónimos e outros grupos que têm em vista a cessação permanente de um vício. Contudo, e numa altura em que assisto a uma profunda e rápida deterioração das condições de vida de muitas pessoas, tem sido cada vez mais frequente deparar-me com este tipo de expressão.
A perplexidade que me causa não é a utilização da expressão em si, mas do tipo de pessoas que a proferem e que na verdade, reflecte bem, aquilo que é o estado de espírito de muitas pessoas, e que para além da responsabilidade que pode ser assacada aos políticos em matéria de subdesenvolvimento, explica como é que a atitude de um simples individuo contribui também, para o estado de degradação, quer das suas próprias condições de vida, quer da sociedade em que está inserido.

Esta história do "Um dia de cada vez" faz todo o sentido, quando utilizada por pessoas que têm um vício e que sobre o qual, a dificuldade em parar é tremenda. Por esse motivo, todos os dias, um de cada vez, essas pessoas dirão a si próprias: "Hoje não bebo" ou "Hoje não me vou drogar" etc...

Mas como é que se aplica este princípio a alguém que não tem um problema de álcool ou droga? Como é que se explica que alguém com problemas financeiros ou com um rendimento baixo tendo em conta as suas responsabilidades, utilize esta filosofia no seu dia-a-dia? A explicação racional é simples: a vida é difícil e como tal, cada dia deve ser encarado de forma isolada. Na minha modesta opinião, nada pode estar mais errado e as consequências da aplicação desta filosofia em pessoas que não se enquadram num cenário de cessação de vício, é no mínimo, desastrosa.

Enquanto que um alcoólico beneficia do facto de num simples dia não ingerir bebidas alcoólicas, ou seja, está a construir um caminho para uma vida melhor, alguém com problemas financeiros, não resolve os seus problemas, deixando os dias passar como se nada fosse. Esta coisa do amanhã logo se vê, ou amanhã é outro dia, contribui eventualmente como já disse, para piorar a situação e não melhorá-la.

O que irá melhorar a situação de alguém nestas condições, é procurar outro trabalho (ou arranjar um se não o tiver) e financeiramente tomar decisões mais acertadas.

Poderão agora dizer que falar é fácil e que em muitos casos, arranjar um emprego ou mudar para um em que sejamos melhor remunerados é muito difícil. Concordo em pleno, não é fácil e requer um esforço tremendo. Mas o que é que pode acontecer na pior das hipóteses? Ficar na mesma, no limite.

E será sem sombra de dúvidas, bem melhor do que adormecer todos os dias, pensando que hoje foi apenas... mais um dia.

Monday, May 9, 2011

Cantas bem mas não me alegras

Na nossa sociedade, existe uma tendência generalizada, para valorizar aspectos relacionados com a personalidade do indivíduo. A boa disposição, a determinação, o espírito de iniciativa e até o aspecto exterior (roupa, traços faciais etc..) são determinantes na forma como a imagem de alguém é percepcionada pelo comum dos mortais.

Como sabemos, o nosso primeiro ministro demissionário, cumpre todos estes requisitos: é simptico, afável, tem uma excelente capacidade oratória, é determinado e emana absoluta confiança relativamente às suas opiniões e convicções.

Infelizmente, não conseguimos pagar as nossas contas, nem melhorar a nossa condição, dizendo que temos um primeiro ministro à prova de bala. Só o conseguimos fazer se o dito responsável, conseguir que o país cresça ao ritmo dos seus parceiros europeus.

Ultimamente, e muito por causa das eleições que se avizinham e também pela intervenção a nível financeiro que o país sofreu, tenho falado com muitas pessoas sobre a matéria. Acho curiosíssimo, que se continue a engalanar o primeiro ministro demissionário e inclusive a considerá-lo, como uma boa opção para o próximo governo. Repare, não estou a dizer para votar PSD, CDS, BE ou PCP. A minha perplexidade centra-se na ideia de ver Sócrates novamente no governo. Vou tentar explicar a razão do meu espanto.

Ponto 1: Portugal teve que recorrer a uma intervenção conjunta do FMI (Fundo Monetário Internacional) e da UE (União Europeia). Nenhum país do mundo, repito, nenhum, recorre a uma solução destas a não ser que seja absolutamente necessário. Fá-lo porque não tem como continuar a honrar os seus compromissos e só com dinheiro vindo do exterior pode continuar a fazê-lo.

Ponto 2: Não se pode atribuir à crise financeira de 2007/2008, o pedido de ajuda que agora foi feito. Muito menos às agências de rating. Enquanto que é verdade que essa crise trouxe efeitos nefastos à economia mundial, não quer dizer que o mundo inteiro tenha recorrido a ajuda financeira. Na Europa, só a Grécia e a Irlanda fizeram o mesmo, e no mundo inteiro, só a Islândia teve problemas a sério (declarando bancarrota). O governo demissionário centrou muito a questão da necessidade do pedido de ajuda no chumbo do PEC4 e na especulação efectuada a partir das agências de rating. Convém entender para que é que servem as agências de rating: um investidor baseia-se na notação dada por estas agências para efectuar os seus investimentos, seja numa área específica, seja num banco, numa petrolífera, ou na compra de divída de um país. A notação de Portugal foi descendo ao longo do tempo porque os investidores foram acreditando de forma cada vez mais premente, que mais cedo ou mais tarde, Portugal não ia conseguir cumprir com as suas obrigações. Não acredita? Pois bem: Portugal não cresce a mais de 2% desde o ano 2000. Sabemos que o nível mínimo de crescimento para gerar emprego e fazer face a responsabilidades típicas de um estado social, é de 3%. O nível de endividamento de Portugal está perto dos 100% do PIB, ou seja, para toda a riqueza que produzimos, pedimos o mesmo valor ao exterior para pagar contas. O défice do estado, nestes 10 anos, ficou apenas duas vezes abaixo dos 3% e entrámos também duas vezes em recessão técnica. Ao mesmo tempo, a despesa foi aumentando até aos actuais 48% do produto. Fazendo uma analogia simples, vamos considerar o exemplo de uma mercearia. Se o senhor da merceria não aumenta as suas vendas, a cada ano que passa é sobrecarregado com mais responsabilidades e as suas despesas aumentam, só lhe restam duas hipóteses: ou fecha a porta, ou pede um financiamento para continuar com ela aberta. De início, quando o senhor vai ao banco, o primeiro empréstimo é efectuado. Mas o tempo passa, e esgotado esse crédito, o senhor da mercearia pede o segundo crédito. Questionado pelo banco, sobre o crescimento das vendas, ele responde que continua tudo na mesma. Questionado depois sobre a despesa ele diz que as mesmas aumentaram por várias razões. Questionado por último sobre as perspectivas de crescimento, ele diz que as coisas hão-de melhorar e que precisa mesmo deste dinheiro para fazer uma remodelação na loja e tentar chamar mais clientes. O banco acha que é uma boa ideia e empresta o dinheiro ao senhor da loja. Mas como tem mais risco e as perspectivas de sucesso são relativamente fracas,cobra-lhe um juro mais alto. Como o senhor da mercearia quer muito continuar com o seu querido negócio, não tem outra alternativa senão aceitar. Contudo, a situação permanece igual dois anos depois. Vai de novo ao banco e explica a situação novamente. O senhor do banco explica-lhe que não tem condições para lhe emprestar mais dinheiro porque claramente, gastando mais do que aquilo que consegue vender, provavelmente, o senhor da mercearia não vai conseguir pagar o dinheiro que o banco lhe emprestou. Sem alternativas, o senhor fecha o negócio. Foi isto que aconteceu com Portugal: os nossos credores deixaram de acreditar que conseguiriamos honrar os nossos compromissos. Porque não conseguimos crescer, porque aumentamos a despesa de forma violenta (48% do PIB), porque nos endividamos de forma severa (100% do PIB) e porque o plano que temos implica ainda mais despesa. Esta história das apostas em infraestrutura já não é utilizada por nenhum país desenvolvido. Foi feito no período pós-guerra porque era necessário reconstruir países. A aposta agora é em indústria forte capaz de exportar bens transacionáveis e na exploração de recursos que permitam fazer o mesmo e aumentar a independência do país a vários níveis (alimentar, energético, etc..). A cantilena do PEC4 e das agências de rating servem apenas para maquilhar a verdade: ficámos sem dinheiro, porque não produzimos riqueza suficiente. É importante lembrar: a riqueza só pode ser redistribuida se for produzida. Plain and simple!

É importante - independentemente da decisão que tomar nas próximas eleições - deixar de lado características de personalidade dos intervenientes políticos e levar em linha de conta, o que é que pode colocar o país a crescer. Não existe outra maneira. A aposta em infraestruturas dos últimos dez anos tiveram um retorno miserável, não podemos continuar a apostar no mesmo, sob pena de termos um problema de contas públicas crónico.

Sobre o fantasma estado social: o PS normalmente intitula-se como o grande guardião do estado social. A questão é esta e desculpe se me volto a repetir. O estado social só funciona se for financiado. É importante então, perceber como é que esse financiamento será feito (até à data tem sido com impostos e financiamento exterior através da emissão de dívida). Nas circunstâncias actuais e sem dinheiro, aquilo a que vamos assistir é a uma deteriorição progressiva do mesmo. O dinheiro não vem do ar!

Wednesday, March 16, 2011

Tudo na mesma

Este é o argumento principal que vai marcar as próximas eleições; não é razão de somenos, já que nos últimos anos, os principais partidos que partilharam o poder (PS e PSD), pouco fizeram para que a alteração do paradigma vigente de emprobecimento generalizado (sim, empobrecimento, todos os indicadores apontam no mesmo sentido) se fizesse notar e as pessoas caíram numa resignação que redunda em frases como "Muda a merda, só o cheiro é que é diferente."

Ainda assim, convém reter o seguinte: a culpa não é inteiramente de quem está no poder. Em primeiro lugar, e por um motivo 'La Palissiano', porque é o povo quem coloca os políticos no poder. Ninguém lhes torce o braço para se sentarem na cadeira de primeiro-ministro. Segundo, ninguém está preparado para a verdade. Assim sendo, nenhum político consegue ganhar eleições dizendo tudo o que vai realmente fazer, tal como o senhor do banco que nos vende um cartão de crédito ou um seguro, não consegue vender os últimos se detalhar ao pormenor todas as despesas relacionadas com os mesmos. Dizem então os políticos - de uma forma generalizada - aquilo que as pessoas querem ouvir.

E o que é que se quer ouvir em Portugal?

Para vos poupar tempo de leitura, resumirei a vontade auditiva do povo português à seguinte frase: "Se algo correr mal, estará cá alguém para me ajudar". Esse alguém como é evidente, é o Estado. Em caso de doença, desemprego ou baixo rendimento, o Estado tem previstos, uma série de mecanismos que visam a correcção dessas dificuldades. Nada contra. O Estado Social, é na minha opinião, um dos grandes saltos civilizacionais que o mundo desenvolvido soube dar. De qualquer forma, e com a recente crise económica global, a pergunta surge, quais são os seus limites?

Todo o mundo desenvolvido sem excepção, aponta como forma de sair da crise alguns factores comuns: flexibilização do mercado de trabalho, incentivo à exportação, qualificação de mão-de-obra, equilíbrio das contas públicas, e presença mínima do Estado no mercado.

Se analisarmos item por item o trabalho que Portugal desenvolveu nas matérias atrás descritas, veremos rapidamente, e de acordo com os números que se encontram disponíveis, que foi deveras execrável, para não dizer pior.

Flexibilização do mercado de trabalho: Portugal vive num paradoxo estranho, onde se cruzam práticas de flexibilização extremas como os recibos verdes e os contratos de trabalho temporário, com práticas extremamente rígidas, onde um conflito entre entidade empregadora e um funcionário com contrato a termo incerto se torna rapidamente numa caixa de Pandora. O povo português como se sabe, opõe-se de forma veemente a qualquer legislação que vise a flexibilização das relações do trabalho. Não compreende decerto, que um dos motivos que leva muitos empresários a não fazer novas contratações ou a fazê-las nas condições miseráveis que os recibos verdes impõem por natureza, são precisamente, as dificuldades que os vinculos laborais actuais trazem num horizonte de médio/longo prazo. Aquilo que os últimos governos têm feito, é tentar alterar pormenores da legislação relativa ao trabalho a partir da função pública. Como a dimensão das estruturas sindicais é assinalável e têm pelos vistos, poder de negociação suficiente para fazer algumas coisas voltarem ao ponto em que estavam (um bom exemplo de que afinal, nem sempre são os políticos a não mudar nada), qualquer tentativa de se mudar o que quer que seja no plano laboral, revela-se infrutífera, quer pela força dos sindicatos, quer pelo medo generalizado da população em perder direitos.

Incentivo à exportação: nos últimos anos, o nível de exportações tem aumentado de forma considerável. É um trabalho que deve continuar a ser feito e que merece aplausos. Contudo, em termos de volume e diversidade deixa algo a desejar (se assim não fosse, o crescimento do PIB dos últimos dez anos teria conhecido outros valores). No momento actual em que vivemos, não conseguimos ser produtivamente mais baratos que a Ásia ou o Leste da Europa. Como tal, devemos apostar tudo na diferenciação. É assim que conseguimos exportar vinho ou cortiça por exemplo. A forma de lá chegar é através de uma forte componente tecnológica, acompanhada de uma visão empresarial dînâmica. Estes dois vectores, conduzem-nos ao próximo ponto, a qualificação da mão-de-obra.

Qualificação da mão-de-obra: Portugal, actualmente, é dos países da OCDE, com um investimento per capita em educação digno de registo. Contudo, os resultados obtidos são manifestamente insuficientes. Nos testes PISA, que visam aferir os conhecimentos dos alunos em cada país, os alunos portugueses, ficam invariavelmente a léguas dos seus colegas europeus. Quer isto dizer, que despejar dinheiro em escolas não chega. Os especialistas apontam como factor preponderante para o sucesso escolar, o envolvimento da família no processo de aprendizagem do aluno. Mas como o Estado, desde há muitos anos para cá, transmitiu a ideia de que por magia, conseguiria resolver - virtualmente - todos os problemas da população, uma grande fatia do povo português julgou que deixar as crianças à porta da escola seria o suficiente para uns anos depois, as mesmas se licenciarem. Errado. Mas o Estado não pára. E para corrigir este défice de estudo, criou o programa "Novas Oportunidades". Este programa tem como objectivo dar oportunidade àqueles que não conseguiram chegar longe nos estudos, completar agora um ciclo inteiro (9º ou 12º ano) num período temporal reduzido, cerca de dois anos no máximo. Como deve calcular, não se consegue aprender em dois anos o que se devia ter aprendido em doze, e como tal, em vez de se preparem as pessoas para a realidade, estamos a fazer um investimento em quadros de excel para enviar à OCDE e ao Eurostat.

Equilíbrio das contas públicas: este é sem dúvida, o ponto em que o Estado, pelos mais diversos motivos, tem falhado de forma gritante. O Pacto de Estabilidade previsto pela União Europeia, prevê um défice máximo de 3% e um endividamento público na ordem dos 60%. Portugal como sabe, nunca conseguiu cumprir de forma satisfatória estes valores. Nas alturas em que o conseguiu fazer (sempre de forma temporária), foi à pala de aumento da receita, ou seja, aumentado vigorosamente os impostos (lembra-se ainda do IVA a 17%? Parece uma coisa com décadas). A população de uma forma geral, vive alheada, de forma absoluta, desta problemática. Dá igual que o défice seja de 3, 6, 19 ou 1500%. É indiferente. Não para todos, mas para uma grande maioria é. Tivemos até um Presidente da República que disse com pompa e circunstância que "Há vida para além do défice". O grande problema que se coloca é este: para ganhar eleições e manter os níveis de popularidade em alta, os políticos prometem mais e mais apoios à população. Por outro lado, para manter o nível de oferta política dos últimos anos, os governos recorrem invariavelemente a orçamentos de estado restritivos, que por sua vez, estrangulam ainda mais a economia. Mais Estado, significa mais despesa. No dia que a generalidade das pessoas interiorizar esta ideia, as contas do País estarão em ordem.

Presença mínima do Estado: ora, este ponto é também de certa forma, um paradoxo. Portugal, curiosamente, de forma oficial, é um dos países do mundo desenvolvido, que menos participações tem no mundo privado. Por outro lado, as que tem, são significativas e correspondem elas também a injustiças tremendas a nível concorrencial, já para não falar na promiscuidade resultante dessa presença indesejável. A forma que o mundo desenvolvido encontrou para retirar o Estado da economia sem que o interesse geral fosse prejudicado, foi através dos reguladores. Em Portugal como sabe, os reguladores são sobejamente conhecidos pela sua ineficácia. O Banco de Portugal não conseguiu compreender a tempo o que se passava no BPN e no BPP. A Autoridade da Concorrência afirma de forma clara e objectiva que não existe concertação de preços no sector dos combustíveis. Nem de próposito, há semanas atrás viajava de carro na autoestrada com a minha filha; a dada altura, e avistando um daqueles quadros que nos dizem o preço da gasolina nas próximas bombas, perguntou-me ela de forma inocente: "Oh pai.. porque é que aqueles números são todos iguais?" Não me restou muito, senão rir-me. A Anacom, no sector das telecomunicações, defende de forma intrasigente os interesses da maior tecnológica portuguesa. É interessante verificar que depois de todos estes anos sobre a liberalização deste mercado, se continuem a verificar as mesmas quotas de mercado para a mesma operadora. E finalizamos com a ERSE, a entidade que regula a comunicação social, e que é alvo, de tempos em tempos, de chacota pura, quer a nível nacional quer a nível internacional.

O meu conselho sincero, não é para votar neste ou naquele partido, mas para perceber antes de mais duas coisas: pedir mais ao Estado significa ficar mais pobre. O dinheiro não vem do ar, vem dos impostos que nós pagamos. Sempre que o Estado disser que vai fazer um "investimento" fuja a sete pés e nem se atreva a olhar para trás.
A outra questão é uma simples evidência: pergunte a si próprio, se há dez anos atrás, a vida que tinha imaginado para si hoje era esta? Não acha que poderia ser melhor? Muito melhor até? Enquanto que em muitos casos a culpa é também nossa, em muitos outros a culpa é de facto do Estado. A ideia de que tudo ficará na mesma, é o simples prolongar de uma situação que se tornará, mais cedo ou mais tarde, insustentável.

Saturday, March 5, 2011

De volta

Olá,

Estive uns meses sem "bloggar" como já devem ter reparado (último post é de Setembro de 2010). Espero começar a escrever de novo com mais regularidade.

Desde que escrevi a última vez neste espaço, muito aconteceu mundo fora: Wikileaks, uma eleição presidencial (se é que se pode designar por eleição um evento com tanta abstenção), convulsões no mundo árabe e por aí fora.

Mas outras coisas não mudaram.

Os nossos políticos continuam na sua senda maquiavélica. Continuamos a pagar juros altíssimos sempre que pedimos dinheiro emprestado e pior, a desconfiança dos mercados (a juntar a alguma especulação) nem com a entrada do FMI parece ficar resolvida, veja-se o caso da Irlanda, que mesmo depois da intervenção financeira, continua a braços com juros altíssimos sempre que precisa de vender dívida.

Ao governo vigente - o de Sócrates - não restam muitos mais caminhos do que aqueles que até agora tem percorrido: consolidação das contas públicas - reduzindo o défice, o endividamento e a despesa - e aumento das exportações. O problema é que quem investe em dívida já ouve esta cantilena há muitos anos, e os resultados em termos de crescimento estão aí: não se cresce a mais de 2% há 11 anos. O PSD por sua vez, não consegue seduzir o eleitorado. Numa sondagem publicada ontem, um empate técnico entre laranjas e rosas ditava a vontade do povo. Nem com o pacote de medidas de austeridade mais severo dos últimos vinte anos, consegue o PSD alavancar a sua preferência junto dos eleitores. A estratégia também não me parece ser a melhor: Passos Coelho é profundamente liberal (no passado defendeu a privatização da CGD e mais recentemente uma alteração constitucional que permitisse flexibilizar os despedimentos). Contudo, não vivemos junto de um eleitorado liberal, pelo contrário, vivemos junto de um eleitorado que quer Estado, Estado, Estado. Como tal, qualquer discurso que implique menos Estado nunca será bem visto. Escolheu então Passos Coelho a seguinte estratégia: esperar que as sondagens mudem de vento, fazer uma moção de censura (que será certamente aprovada), ganhar as eleições subsequentes (provavelmente com maioria relativa coligando-se por sua vez com o CDS) e chamar o FMI ou outra coisa parecida. Sabe Passos, que com o dinheiro dessa instituição vêem as alterações há muito reclamadas por Bruxelas e outros que tais: flexibilização das leis laborais e privatização total de algumas empresas (fim de goldenshares está incluído no pacote), entre outros. Sabe também Passos, que desta forma consegue explicar melhor junto da opinião pública algumas medidas que venham a ser tomadas. Sabe igualmente, que o PS enquanto oposição não se vai opor às mesmas, porque entende que são necessárias, não teve foi nunca, coragem de as tomar, em nome dos ideais de Abril.

Neste plano de voos só há dois aspectos que estão a complicar as contas a Passos: Sócrates em primeiro lugar que já acenou nos primeiros dois meses do ano com redução da despesa, e que num jantar com Merkel já prometeu 4.6% de défice para 2011. E as sondagens como referi, que neste momento conseguem prever tanto um candidato vitorioso para as próximas eleições, como eu consigo saber os números do Euromilhões da próxima semana.

O futuro, é de facto, incerto.