Saturday, March 5, 2011

De volta

Olá,

Estive uns meses sem "bloggar" como já devem ter reparado (último post é de Setembro de 2010). Espero começar a escrever de novo com mais regularidade.

Desde que escrevi a última vez neste espaço, muito aconteceu mundo fora: Wikileaks, uma eleição presidencial (se é que se pode designar por eleição um evento com tanta abstenção), convulsões no mundo árabe e por aí fora.

Mas outras coisas não mudaram.

Os nossos políticos continuam na sua senda maquiavélica. Continuamos a pagar juros altíssimos sempre que pedimos dinheiro emprestado e pior, a desconfiança dos mercados (a juntar a alguma especulação) nem com a entrada do FMI parece ficar resolvida, veja-se o caso da Irlanda, que mesmo depois da intervenção financeira, continua a braços com juros altíssimos sempre que precisa de vender dívida.

Ao governo vigente - o de Sócrates - não restam muitos mais caminhos do que aqueles que até agora tem percorrido: consolidação das contas públicas - reduzindo o défice, o endividamento e a despesa - e aumento das exportações. O problema é que quem investe em dívida já ouve esta cantilena há muitos anos, e os resultados em termos de crescimento estão aí: não se cresce a mais de 2% há 11 anos. O PSD por sua vez, não consegue seduzir o eleitorado. Numa sondagem publicada ontem, um empate técnico entre laranjas e rosas ditava a vontade do povo. Nem com o pacote de medidas de austeridade mais severo dos últimos vinte anos, consegue o PSD alavancar a sua preferência junto dos eleitores. A estratégia também não me parece ser a melhor: Passos Coelho é profundamente liberal (no passado defendeu a privatização da CGD e mais recentemente uma alteração constitucional que permitisse flexibilizar os despedimentos). Contudo, não vivemos junto de um eleitorado liberal, pelo contrário, vivemos junto de um eleitorado que quer Estado, Estado, Estado. Como tal, qualquer discurso que implique menos Estado nunca será bem visto. Escolheu então Passos Coelho a seguinte estratégia: esperar que as sondagens mudem de vento, fazer uma moção de censura (que será certamente aprovada), ganhar as eleições subsequentes (provavelmente com maioria relativa coligando-se por sua vez com o CDS) e chamar o FMI ou outra coisa parecida. Sabe Passos, que com o dinheiro dessa instituição vêem as alterações há muito reclamadas por Bruxelas e outros que tais: flexibilização das leis laborais e privatização total de algumas empresas (fim de goldenshares está incluído no pacote), entre outros. Sabe também Passos, que desta forma consegue explicar melhor junto da opinião pública algumas medidas que venham a ser tomadas. Sabe igualmente, que o PS enquanto oposição não se vai opor às mesmas, porque entende que são necessárias, não teve foi nunca, coragem de as tomar, em nome dos ideais de Abril.

Neste plano de voos só há dois aspectos que estão a complicar as contas a Passos: Sócrates em primeiro lugar que já acenou nos primeiros dois meses do ano com redução da despesa, e que num jantar com Merkel já prometeu 4.6% de défice para 2011. E as sondagens como referi, que neste momento conseguem prever tanto um candidato vitorioso para as próximas eleições, como eu consigo saber os números do Euromilhões da próxima semana.

O futuro, é de facto, incerto.

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