Tuesday, September 21, 2010
Redes sociais - a utopia
O Facebook permite-nos ser deuses na terra.
Em primeiro lugar podemos lá colocar as nossas melhores fotografias; desta forma nunca verão a nossa pior cara ou a nossa pior pose. A não ser que queiramos. Podemos entre o vasto número de fotos que uma máquina digital permite registar, colocar na rede o melhor de nós.
Controlamos também aquilo que dizemos, se é que temos algo de interessante para dizer. Caso não haja grande coisa para dizer podemos ter uma ligação com outras pessoas ou organizações que normalmente dizem coisas interessantes. Sem percebermos um peido do que quer que seja é possível assim, passarmos por 'connaisseurs' de uma dada matéria, partilhando aquilo que os outros dizem. É a artimanha perfeita: somos uns porreiros por partilhar com os outros coisas à maneira.
O mesmo para a música por exemplo. Vamos ouvindo isto e aquilo na rádio. Se virmos uma determinada música sendo colocada por vários 'amigos' deduzimos facilmente que a música é popular. Se lá a colocarmos também decerto não faremos má figura.
Os amigos. Coisa que por ali não falta. Enquanto que na vida real quando vemos alguém e temos vontade de ir ter com aquela pessoa e falar com ela provavelmente não o fazemos, enquanto que na rede, um simples clique inicia uma pequena relação. Fortuita e patética provavelmente, mas não deixa de ser uma relação. E não é assim tão difícil chegar a umas boas centenas destes ditos amigos. Daquela maralha, falamos de forma regular com umas sete ou oito pessoas, e de vez em quando com umas vinte ou trinta. Podemos portanto, ser populares sem o sermos. É digno de registo.
É um conceito idêntico ao dos centros comerciais: não existe crime, controlamos todos os nossos passos e podemos sempre com um simples clique afastar aquilo que é indesejável. Aqui ainda existe outra vantagem: não se gasta dinheiro no processo. A vida não é assim e estas fugas da realidade só tornarão a última mais pesada quando com ela nos confrontamos.
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