Friday, April 9, 2010

Condução


Uma tese de mestrado defendida por Maria João Martins (enfermeira com 20 anos no activo) no ISCTE, fala entre outras coisas, sobre a constante negação de culpa invocada pelos entrevistados desta investigação quando confrontados com situações que violam manifestamente o código da estrada e as boas práticas de condução. Citando um dos entrevistados: "O carro ganhou vida própria".

O ser humano, explica a psicologia, tende a relativizar e desvalorizar aquilo que lhe corre menos bem, ou seja, em vez de assumir a culpa associada ao erro e lidar com esse facto a partir daí (sem subterfúgios), transfere a culpa para outro sítio qualquer e repete o comportamento erróneo. Desta forma, como é fácil concluir, a evolução simplesmente não existe. O desenvolvimento baseia-se na aprendizagem através dos erros, que implica impreterivelmente, assumir que algo correu mal. Percebendo-se porquê, é possível não cometer os mesmos erros e fazer melhor da próxima vez. Apesar deste argumento ser irrefutável e milhares de anos de história da humanidade o comprovarem, muitas pessoas continuam diariamente a transferir a culpa para outro sítio qualquer.

A condução em Portugal é o exemplo máximo do nosso sub-desenvolvimento enquanto povo: a má educação, falta de civismo e o estado permanente de razão auto-suficiente em que grande parte dos condutores se encontram espelham bem o nosso atraso civilizacional.

Antes de culparmos o condutor do lado, o vizinho, o patrão que é mau, o colega que é egoísta ou o político que é ladrão, devemos analisar o nosso comportamento em todas as suas vertentes. Vivemos num País difícil, mas se não limparmos a nossa casa primeiro, contribuímos também, para aquilo que tanto criticamos.

1 comment:

Unknown said...

Falta de humildade ou pura burrisse?

venha o diabo e escolha..

V