Monday, April 26, 2010

O Paradoxo Salarial


Nas últimas semanas falou-se sobre os prémios salariais dos gestores de topo (Bava e Mexia nomeadamente). Por outro lado, vejo que alguns vêm a terreiro queixar-se que os ordenados do sector público são absolutamente ridículos quando comparados com os que se praticam no sector privado.

Traduzindo, os 3800 euros brutos de um deputado são uma pechincha quando comparados com o salário equivalente ao de um quadro do sector privado com responsabilidades equivalentes. Como tal, a motivação é alegadamente menor na medida em que o incentivo é manifestamente inferior.

Esquecem-se os paladinos defensores desta teoria que existe uma diferença fundamental entre público e privado. Se uma empresa privada apresentar prejuízos ano após ano, ou se um conjunto de investimentos não tiverem o resultado previsto, os responsáveis dessa empresa enfrentam uma falência e tudo o que daí advém: problemas pessoais, financeiros, familiares e estigma social. São obrigados a enfrentar uma série de consequências.

No estado não é assim porque não existem consequências. Se um governo entender que em 4 anos deve construir 10 autoestradas e se findo esse tempo se verificar que o investimento foi uma nulidade em termos económicos, nada acontece. Os governantes mudam, as empresas públicas continuam a existir - e a dar prejuízo - e esses mesmos governantes, responsáveis por esses investimentos falhados, no fim dos seus mandatos, vão trabalhar para o sector privado, usufruindo do melhor dos dois mundos.

Se querem ordenados compatíveis com as suas funções, que as desempenhem com seriedade. E já vai sendo hora de responsabilizar criminalmente as decisões que são tomadas claramente contra os interesses do País.

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