Sunday, May 16, 2010

Lugares comuns


Sobre a visita de sua eminência, destaco em primeiro lugar o argumento da laicidade como arma de arremesso, que serve para justificar as críticas alimentadas por alguns sectores, relativamente a esta visita.

A visita de um Papa a um país implica medidas de segurança adicionais e a mobilização de um conjunto de meios que garantam a segurança da pessoa em questão e de todos aqueles que pretendem acompanhar os seus passos. Concorde-se ou não com a política do Vaticano, a verdade é que as ruas em Lisboa, Fátima e Porto estavam cheias, como tal, a visita a meu ver, justifica-se plenamente. Por outro lado, não me parece que o laicismo de um Estado possa ser posto em causa por causa da visita de um líder religioso. Portugal recebe outros líderes religiosos (e políticos duvidosos como Kadafi ou Chavez) sem que ninguém coloque em causa o supremo valor da separação entre igreja e estado.

Outro exercício que deve ser feito, independentemente do pessoa ou organização em causa, são a reflexão sobre as ideias ou os valores que a mesma pode transmitir. Declaro desde já para todos os efeitos, que não sou nem católico, nem praticante de nenhuma religião, o que não me impede de analisar e reflectir sobre aquilo que as religiões dizem, deixando por sua vez de lado, as generalizações que nos toldam a vista. Bento XVI disse que devíamos fazer das nossas vidas um lugar de beleza. As nossas preocupações constantes, com dinheiro, com o sonho de fazer parte da classe social seguinte, ter um apartamento com vista para o Tejo, a busca pelo sucesso e outros ideais que a sociedade nos vendeu como forma de reconhecimento, dão gozo, mas canalizam a nossa energia para onde? Será isto um lugar de beleza?

Posso não concordar com muitas posições e atitudes da igreja (preservativo, união civil homossexual e por aí fora), contudo, não devo formar uma opinião absoluta sobre uma organização só porque está na moda. A frase de Bento XVI é um sopro de ar fresco, num tempo em que os intelectuais se dedicam em exclusivo, à critica vazia e inconsequente.

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