No último sábado, Sócrates e Ferreira Leite protagonizaram um debate Melhoral. Os seus fiéis seguidores regozijaram-se com ambas as prestações, mas os indecisos, o tal "centrão" que determina quem ganha e quem perde eleições, ficou depois deste debate, exactamente na mesma.
Depois de espremido todo o debate realço três situações: a desonestidade intelectual de Sócrates (e que político é intelectualmente honesto?), a capacidade de resposta de Ferreira Leite e a dicotomia ideológica que o debate conseguiu fazer transparecer.
Sócrates adoptou ao longo de todos os debates uma táctica: questionar os adversários sobre medidas específicas do programa dos respectivos partidos (Portas e Louçã) e no caso particular de Ferreira Leite um mix: medidas do programa e a sua anterior governação. Repare-se que quem governou nos últimos 4 anos foi Sócrates, portanto se existia alguém que precisava de ser escrutinado seria o próprio Sócrates. É mérito seu portanto, ter conseguido passar ao ataque, quando na verdade, se esperava que a sua posição seria a defesa. Portas respondeu à altura "Vá interrogar os seus camaradas", Louçã viu-se a jogar à defesa perdendo claramente o debate e Ferreira Leite acabou por se esquivar relativamente bem às investidas socráticas. Basicamente, Sócrates questionou Ferreira Leite sobre decisões tomadas há 6 anos, num contexto absolutamente diferente; o acordo sobre o TGV por exemplo, foi assinado quando a dívida externa portuguesa era de 14%. Agora está perto dos 100%. Descontextualizou uma série de decisões tomadas há anos, daí eu dizer que se limitou à prática da demagogia.
Relativamente às opções ideológicas, houve um ponto que ficou claro: o PS, terá sempre um discurso de apoio social. À primeira vista, é uma ideia sedutora e deixa-nos com uma sensação de confiança, ter um Estado que nos vai apoiar em caso de azar (desemprego, divórcio ou doença por exemplo). E se o Estado não for preciso para a maioria da população? Que tal termos dinheiro suficiente para pagar a nossa saúde, ser responsáveis o suficiente para não perdermos o nosso emprego,(e se o perdermos termos um pé de meia que nos sustente uns meses) e ter poder de compra suficiente para viver como europeus dignos de seu nome?
Disse Ferreira Leite e bem, o melhor que o Estado nos pode oferecer é riqueza. Os subsídios sociais são sinal de que as dificuldades existem e que a única capacidade que temos - e é a pior de todas - é paliativa, ou seja, incentiva-se as pessoas a ficarem em casa em vez de produzir. Quantas pessoas que recebem subsídio de desemprego dizem isto: "Fui a uma entrevista de emprego. O salário era de 650 euros. Recebo 550 do fundo de desemprego. Pra isso fico em casa." Esta ideia é completamente errada: para além do desempregado em causa ganhar mais dinheiro trabalhando, tem a possibilidade de evoluir na sua carreira. Em casa, sem trabalhar, isto nunca vai acontecer. As pessoas só fazem aquilo que a lei lhes permite. Outra desculpa habitual é a área de especialização: um contabilista não pode ir lavar escadas. Um informático não pode ser vendedor de bebidas. E por aí fora. A minha pergunta é, porquê? Porque é que um contabilista não pode trabalhar fora da sua área durante algum tempo até arranjar algo na sua área? Qual é o drama? Compreendo que seja frustrante, mas até arranjar melhor.. Porque não?
A ideia de apoio social baseada na ideia da igualdade (quando todos sabemos que para o bem e para o mal, alguns são mais iguais que outros) cria este tipo de desculpas esfarrapadas que só prejudicam, curiosamente, aqueles que trabalham, e beneficiam claro está, os preguiçosos.
Eu, um dos indecisos, e depois deste debate, confirmo o meu voto nulo no dia 27.
Monday, September 14, 2009
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