Como é sabido, sou um acérrimo agressor da ideia transmitida por gerações de políticos em Portugal, de que os serviços a que temos acesso, nomeadamente na saúde e na educação, são e devem ser segundo os próprios, tendencialmente gratuitos. Para além de criar uma ideia perversa e sedutora de suposta igualdade - quando na verdade o que faz é prejudicar os que verdadeiramente produzem - origina comportamentos nos cidadãos que nascem, crescem e morrem com o chip da gratuitidade no cérebro.
Um cidadão português cedo começa a perceber que tem uma série de direitos inalienáveis: quando vai ao hospital não paga nada, frequenta a escola sem nada lhe cobrarem, os avós recebem a sua reforma, o pai quando ficou desempregado teve direito a um subsídio de desemprego e a mãe direito a baixa quando partiu o braço. So far, so good. E quais são os deveres que este indivíduo tem perante a sociedade que tudo lhe deu? Educação, saúde, a oportunidade única de ser alguém. Praticamente sem custos! Quem é que vai cobrar esta factura aos digníssimos cidadãos?
Todas as relações implicam uma troca. Pode ser mais ou menos desiquilibrada. Mas existe necessariamente uma troca. O Estado sabe qual é o seu papel. E o cidadão, saberá qual é o seu papel? Qual é o seu contributo para o país? Haverá alguém a fazer esta pergunta?
Temos esta ideia de que o Estado nos leva dinheiro a mais para a qualidade dos serviços que nos são disponibilizados. Por outro lado, não abdicamos de forma nenhuma dos serviços do Estado, mesmo existindo alternativa para muitas pessoas. Que apareça algum partido a sugerir a privatização da saúde ou da educação e veremos quantos votos terá em eleições. Se estamos fartos que o Estado nos leve tudo e mais alguma coisa, precisamos de deixar de exigir que o Estado nos "ofereça" tudo.
Wednesday, September 16, 2009
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