Monday, September 21, 2009

Caixa de ressonância

A comunicação social para viver precisa de sangue; está provado que as notícias que mais captam a atenção do público são as de natureza trágica e por um motivo simples: a malta gosta de sangue. Os media são então uma espécie de retalhistas de sangue. Descobrem-no, embrulham-no e vendem-no ao litro.

Quando não há sangue, inventa-se. Assim foi uma peça do jornal da noite da Sic um dia destes. Nada contra a Sic, o episódio podia acontecer noutra estação qualquer. Numa alegada investigação, descobriu a Sic que os bancos só fornecem cópia do contrato dias antes de se concretizar toda a operação de compra da habitação.

Calculam os leitores deste blog, que todos os dias, entra uma quantidade imensa de gente em bancos para fazer simulações de spread com vista à compra de habitação. Se por cada uma destas pessoas, o banco tiver que apresentar um contrato personalizado.. não há mãos para fazer contratos. Ou melhor.. há. Haverão também mais custos, que serão pagos por quem? Pelos simpáticos clientes dos bancos, ou seja, todos nós. O entalado encontra-se invariavelmente no final da cadeia. Não na origem (o banco) ou no intermediário (o retalhista de sangue no caso). Diz-se que o cliente tem sempre razão (que não é de resto verdade). Deveria dizer-se também que o cliente tem sempre que pagar (sempre!).

Eu próprio, nutro um sentimento negativo relativamente ao sector, mas sejamos justos, redigir um contrato específico para cada pessoa que pede uma simulação de spread, é no mínimo, uma ideia peregrina.

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