Friday, September 11, 2009

A falácia do BE

O Bloco de Esquerda, criado há cerca de 10 anos, será nestas eleições, segundo alguns analistas, o terceiro poder, ou seja, o terceiro partido com mais votos. O que é que leva um partido de extrema-esquerda a ter tantos votos?

Em primeiro lugar, a falta de estudo e desinteresse pela História. Quem vota BE, deve antes de mais estudar o comunismo e perceber quais foram as consequências da aplicação prática deste sistema. Não há um único país, um que seja, onde o sistema tivesse sido aplicado e tivesse resultado. Não há um singelo exemplo que se possa invocar. Inflação estrondosa, fome perversa, repressão brutal e anos a fio para recuperar destes imbróglios. Goste-se ou não é isto que o comunismo tem para oferecer. Seja marxismo, leninismo, trotskismo ou whateverismo.

Por outro lado, há pessoas que votam Bloco, mesmo tendo consciência da desgraça que seria ter gente desta estirpe no poder. Fazem-no porque entendem que os poderes devem estar contrabalançados, ou seja, para uma determinada lei passar será necessário o Bloco votar em conformidade. Este exercício perigosíssimo já colocou partidos extremistas no poder, na medida em que, nunca os eleitores pensavam que este tipo de partidos teriam votos suficientes para governar um país, verificando-se depois o contrário, através de coligações por exemplo.

A última das culpas vai para os partidos que estão no poder. Existe um sentimento generalizado de revolta (silenciosa até certo ponto leia-se) em Portugal. Nenhum "graúdo" - como o povo lhes chama - é preso, os políticos continuam nos seus tachos e quando saem da política, as chorudas reformas contrastam com a dos idosos que se governam com 200 e poucos euros por mês. Este sistema altamente díspar e injusto, leva a que num país de brandos costumes, onde a acção fica circunscrita a mesas de café, programas de TV e blogs, se opte por dois caminhos: a abstenção ou o voto de protesto. Entre um e outro, venha o diabo e escolha.

O programa do BE, entre várias acutilâncias de cordel, deixou-me perplexo com uma medida. Terminar com as deduções fiscais para o ensino e saúde do sector privado. O argumento é que estes sectores devem estar à disposição dos cidadãos gratuitamente, e trata-se portanto, de desincentivar os pais de colocarem os seus filhos em escolas privadas e de tentar terminar com o sector privado da saúde.
Repercussões: a mais directa, são as famílias que optam pelo privado ficarem inevitavelmente com menos dinheiro, na medida em que têm mais carga fiscal.
Depois, é uma limitação à liberdade que a extrema-esquerda, regra geral, tanto defende. As pessoas não têm a liberdade de acesso ao sector privado como têm no sector público, porque como já disse, são penalizadas fazendo-o.
Escusado será dizer que o desiquilibrio das contas públicas seria assombroso. Aquilo que se pouparia ao terminar com as deduções fiscais referidas, não dá nem para começar a pensar em como tapar o rombo no défice. Imagine-se que a grande maioria das pessoas decidia colocar os seus filhos em escolas públicas e que essa mesma maioria começaria agora a recorrer exclusivamente ao Serviço Nacional de Saúde. Dinheiro para isto tudo? É muito engraçado - em teoria - colocar o Estado a disponibilizar tudo, contudo, é mais complicado fazê-lo depois de estar no poder, ou seja, responsabilizar-se pelo orçamento do país, de preferência, sem o levar à bancarrota.

Votem em quem quiserem, lembrem-se só que não há almoços grátis. Muito menos no comunismo.

1 comment:

CF said...

Atenção o bloco consegue (ao contrário do PCP) afastar-se do bloco comunista de leste, afirmando-se ideologicamente mais próximo de Trostky, isto tudo e um aspecto "jovem" e urbano, afasta no eleitorado menos atento o velho pendor da União Soviética.......excepto aqueles que vão ler o seu programa eleitoral, mas isso somos muito poucos.