Antes do início da crise em 2008, o BCE (Banco Central Europeu) manteve a taxa de referência altíssima (chegou aos 4,75%) com o pretexto de controlar a inflacção, refreando o consumo. Basicamente, se as pessoas tiverem menos poder de compra, consomem menos e todas as partes da cadeia de produção (seja de bens ou de serviços) tendem igualmente a ser renitentes ao facto de aumentar o preço dos produtos/serviços, sob pena de perder volume de vendas. Conseguiria assim o BCE evitar as ditas bolhas.
Esta política foi contestada por muitos governos, que na altura tinham os seus défices controlados e de acordo com o Pacto de Estabilidade (défices a rondar os 3%, Portugal incluído), e que viam na política do BCE um instrumento que retirava aos orçamentos de Estado receita essencial que provinha do consumo.
Ora, se o dinheiro não vem de um lado, vem de outro. E vai de carregar a populaça com impostos. Portugal foi um excelente exemplo dessa estratégia e a realidade é esta: nos últimos 4 anos a carga fiscal subiu para todos. Gritem portanto, os políticos sobre as estradas, escolas, subsídios, TGV's e aeroportos adquiridos e gritem depois os seus eleitores com a corda na respectiva garganta.
Entretanto, as circunstâncias mudaram e como diria Ortega y Gasset, "O homem é o homem e as suas circunstâncias". Desde a crise de confiança instalada com a queda do Lehman, a necessidade de se injectar massivamente capital nos mercados foi suprema (nada a contestar aqui), logo, o défice, inevitavelmente, disparou em todos os países (em Portugal está perto dos 7%, quando o Pacto de Estabilidade previa os tais 3%). Trichet, o homem forte do BCE apela agora a que se recupere da escorregadela sem mexer na parte tributária, ou seja, reduzir a despesa em vez de aumentar os impostos.
Cada promessa dos políticos, portugueses nomeadamente, é um incentivo ao aumento da despesa. Já para não falar no grau de endividamento externo aterrorizante que temos urgentemente de reduzir (quase 100%). Portanto, a pescadinha de rabo na boca que vos querem oferecer, significa impostos até à ponta dos cabelos daqui a um ano, porque até ao pescoço, já eles andam.
Mais regalias do Estado, não significam necessariamente mais qualidade de vida. Quem paga o que utilizamos, somos nós, não é o Estado. Trabalhamos meia vida em nome da igualdade, outro quarto para os chicos-espertos, e o restante para nós.
Tuesday, September 15, 2009
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