Monday, September 28, 2009

Conclusões

A primeira, apesar de começar a tornar-se um hábito, não deixa de ser preocupante. O valor da abstenção foi maior (39,4%) que o do partido mais votado, o PS (36,56%). Reflecte o desinteresse dos cidadãos pela política, e o desinteresse dos políticos pelas pessoas. Nenhum deles, e falo de todos os partidos, é interessante e inspirador ao ponto de mobilizar as pessoas em torno de um objectivo. Prevalece no fim, a sensação que votando, ou não votando, a situação do país caminhará irremediavelmente para a estagnação, ou pior, para o retrocesso.

Relativamente às eleições propriamente ditas: um PS desgastado levou uma cacetada valente (cerca de menos 10% que as últimas legislativas), o PSD mereceu o resultado de uma campanha medíocre, e o PCP caminha lentamente para o seu extermínio (sim, estou a ser apocalíptico, mas realista ao mesmo tempo).

O BE aumentou o seu número de deputados e tem nesta legislatura a oportunidade de mostrar se são coerentes com os seus PPR's, desculpem, valores ou não.

O CDS é para mim o grande vencedor destas eleições. Lembram-se todos do partido do táxi, que agora precisa de um autocarrozito vá, para transportar todos os seus deputados. Apesar de não gostar pessoalmente de Portas, considero que a melhor campanha foi a sua. Escolheu um caminho, e ao contrário do PSD (alegadamente um partido de direita conservador, mas que na verdade é um acérrimo defensor do estado social), assumiu opções que não vão de encontro ao que uma certa maioria pensa (o grosso dos que votam PS), mas exterioriza aquilo que uma nova e crescente maioria defende. Falo dos 'young adults' deste país, que sofrem na pele a precariedade, não têm poder de compra (e já agora querem sair de casa dos pais) e já entenderam que é à conta do estado social que as suas carteiras emagrecem de ano para ano. Portas tocou em vários pontos sensíveis, o rendimento social de inserção talvez o mais polémico, mas que como se viu, acabou por lhe render muitos votos nas camadas mais jovens da população (mais de 20% em algumas freguesias).

Teremos complicações nesta legislatura. A maior parte da opinião publicada alvitra novas eleições para daqui a 2 anos. Certo é que Sócrates não mostrou um perfil de negociador, pelo contrário, mas a ver vamos, já que com maioria relativa, não lhe restam muitas opções.

Começam agora 15 dias de campanha autárquica (regra geral mais patética do que a que acabámos de assistir), onde a minha atenção se prenderá com a capacidade da nossa sociedade, de rejeitar ou acolher, os Isaltinos, Fátimas e Avelinos da vida.

No comments: