Wednesday, September 30, 2009
Lisboa.. Lisbon.. Lisbonne.. Lissabon
Sendo residente no centro de Lisboa, sempre que revelo a alguém esta informação, a palavra maluco, invariavelmente, faz parte da conversa. Confusão, ruas estreitas, dificuldades de estacionamento, assaltos e demais vicissitudes típicas de uma cidade com elevada densidade populacional.
O que é que me levou então a escolher insidioso poiso?
Lisboa tem em primeiro lugar uma arquitectura única. Dêem os pinotes que vos apetecer, entre prédios às listas laranjas e brancas, perdidos em urbanizações geométricas, o centro de Lisboa bate aos pontos todas as outras áreas da cidade (sim, estou numa de absolutismo hoje).
Diversidade. Passam no centro de Lisboa mais de 3 milhões de turistas por ano. Junte-se aos turistas, os estudantes (que vivem fora de Lisboa e os Erasmus), o pessoal dos arredores que vem dar um passeio de domingo e ainda a amálgama residente de gente doida, simples, complexa e diferente. Sabe-me bem absorver esta mistura.
Vista. Aposto com segurança alguns euros que muita gente que vive na periferia de Lisboa não conhece Lisboa como deve ser. Tal como ir a Roma e não ver o Papa (que se está a tornar um mito, os dois últimos amigos com quem falei, foram a Roma e não viram o Papa), vir a Lisboa e não usufruir da vista é um crime. O alto de Santa Catarina (Jardim do Adamastor) ou o miradouro de S. Pedro de Alcântara são monumentos à beleza da cidade e seguramente fonte de inspiração para tantos livros, músicas e poemas.
Estacionamento. Os governantes desta cidade num aparente acesso de inteligência decidiram há uns tempos condicionar o acesso automóvel a zonas históricas, pelo que, nunca demoro mais de 2 minutos a estacionar. (Nesta parte da conversa, num último sopro de contra argumentação, perguntam-me se tenho muitos riscos no carro).
Por tudo isto, Lisboa é uma das minhas paixões.
Tuesday, September 29, 2009
A morte do amor romântico!
Nos tempos que correm parece que todos optam/optaram por tentar encontrar alguém que vá de encontro ao estilo que mais lhes agrada remetendo para segundo plano, e muita vezes esquecendo completamente, o sentimento, a paixão, isto é, tudo aquilo que nos faz sentir aquele arrepio na espinha. Por oposição surge em larga maioria o "amor" pragmático, cinzento, conveniente, que não é mais do que uma conjugação de uma casualidade de interesses comuns. Neste caso todas as acções acabam por se tornar artificiais, sem espontaneidade pois ninguém expõe aquilo que realmente quer e/ou sente, acabando por traçar um plano frio e calculista para atingir o seu objectivo final. É então que se entra no jogo do "dá e tira" (atenção um dia, desprezo no outro)......como o odeio mas a verdade é que parece que resulta e todos o jogam. Conclusão em Roma sê Romano e com o tempo tenho muito lentamente vergado ao "amor" pragmático por mais que não goste..............
P.S. - Foi para variar um pouco.
P.S. - Foi para variar um pouco.
Cantas bem mas não me alegras
De acordo com a minha previsão, Cavaco não acrescentou absolutamente nada ao seu discurso de hoje que pudesse clarificar esta questão. Pelo contrário, adicionou outro dado ao dizer que existem "vulnerabilidades".
No seu melhor estilo, e com um discurso que deixa margem para cada um ter a sua teoria (e isto é tão português), o Presidente diz que existem vulnerabilidades nas comunicações da presidência. Vulnerabilidades? De que natureza? E o que é que aconteceu para que se chegasse agora a esta conclusão? E se sabemos que existiam dúvidas por parte de membros da casa civil da presidência, de que poderiam existir escutas, será que estas vulnerabilidades estão ligadas a alguém do governo? Muitas questões continuam - e continuarão suponho - por responder.
Fernando Lima foi demitido. O presidente diz que o fez apenas "para que não restassem dúvidas". Demarcou-se demitindo o assessor, e depois desculpa-se com uma suposta atitude para matar o assunto. Fica sinceramente a ideia que esta história, está muito mal contada.
Tal como na última previsão, aguardam-se com expectativa, os próximos episódios.
No seu melhor estilo, e com um discurso que deixa margem para cada um ter a sua teoria (e isto é tão português), o Presidente diz que existem vulnerabilidades nas comunicações da presidência. Vulnerabilidades? De que natureza? E o que é que aconteceu para que se chegasse agora a esta conclusão? E se sabemos que existiam dúvidas por parte de membros da casa civil da presidência, de que poderiam existir escutas, será que estas vulnerabilidades estão ligadas a alguém do governo? Muitas questões continuam - e continuarão suponho - por responder.
Fernando Lima foi demitido. O presidente diz que o fez apenas "para que não restassem dúvidas". Demarcou-se demitindo o assessor, e depois desculpa-se com uma suposta atitude para matar o assunto. Fica sinceramente a ideia que esta história, está muito mal contada.
Tal como na última previsão, aguardam-se com expectativa, os próximos episódios.
Monday, September 28, 2009
Conclusões
A primeira, apesar de começar a tornar-se um hábito, não deixa de ser preocupante. O valor da abstenção foi maior (39,4%) que o do partido mais votado, o PS (36,56%). Reflecte o desinteresse dos cidadãos pela política, e o desinteresse dos políticos pelas pessoas. Nenhum deles, e falo de todos os partidos, é interessante e inspirador ao ponto de mobilizar as pessoas em torno de um objectivo. Prevalece no fim, a sensação que votando, ou não votando, a situação do país caminhará irremediavelmente para a estagnação, ou pior, para o retrocesso.
Relativamente às eleições propriamente ditas: um PS desgastado levou uma cacetada valente (cerca de menos 10% que as últimas legislativas), o PSD mereceu o resultado de uma campanha medíocre, e o PCP caminha lentamente para o seu extermínio (sim, estou a ser apocalíptico, mas realista ao mesmo tempo).
O BE aumentou o seu número de deputados e tem nesta legislatura a oportunidade de mostrar se são coerentes com os seus PPR's, desculpem, valores ou não.
O CDS é para mim o grande vencedor destas eleições. Lembram-se todos do partido do táxi, que agora precisa de um autocarrozito vá, para transportar todos os seus deputados. Apesar de não gostar pessoalmente de Portas, considero que a melhor campanha foi a sua. Escolheu um caminho, e ao contrário do PSD (alegadamente um partido de direita conservador, mas que na verdade é um acérrimo defensor do estado social), assumiu opções que não vão de encontro ao que uma certa maioria pensa (o grosso dos que votam PS), mas exterioriza aquilo que uma nova e crescente maioria defende. Falo dos 'young adults' deste país, que sofrem na pele a precariedade, não têm poder de compra (e já agora querem sair de casa dos pais) e já entenderam que é à conta do estado social que as suas carteiras emagrecem de ano para ano. Portas tocou em vários pontos sensíveis, o rendimento social de inserção talvez o mais polémico, mas que como se viu, acabou por lhe render muitos votos nas camadas mais jovens da população (mais de 20% em algumas freguesias).
Teremos complicações nesta legislatura. A maior parte da opinião publicada alvitra novas eleições para daqui a 2 anos. Certo é que Sócrates não mostrou um perfil de negociador, pelo contrário, mas a ver vamos, já que com maioria relativa, não lhe restam muitas opções.
Começam agora 15 dias de campanha autárquica (regra geral mais patética do que a que acabámos de assistir), onde a minha atenção se prenderá com a capacidade da nossa sociedade, de rejeitar ou acolher, os Isaltinos, Fátimas e Avelinos da vida.
Relativamente às eleições propriamente ditas: um PS desgastado levou uma cacetada valente (cerca de menos 10% que as últimas legislativas), o PSD mereceu o resultado de uma campanha medíocre, e o PCP caminha lentamente para o seu extermínio (sim, estou a ser apocalíptico, mas realista ao mesmo tempo).
O BE aumentou o seu número de deputados e tem nesta legislatura a oportunidade de mostrar se são coerentes com os seus PPR's, desculpem, valores ou não.
O CDS é para mim o grande vencedor destas eleições. Lembram-se todos do partido do táxi, que agora precisa de um autocarrozito vá, para transportar todos os seus deputados. Apesar de não gostar pessoalmente de Portas, considero que a melhor campanha foi a sua. Escolheu um caminho, e ao contrário do PSD (alegadamente um partido de direita conservador, mas que na verdade é um acérrimo defensor do estado social), assumiu opções que não vão de encontro ao que uma certa maioria pensa (o grosso dos que votam PS), mas exterioriza aquilo que uma nova e crescente maioria defende. Falo dos 'young adults' deste país, que sofrem na pele a precariedade, não têm poder de compra (e já agora querem sair de casa dos pais) e já entenderam que é à conta do estado social que as suas carteiras emagrecem de ano para ano. Portas tocou em vários pontos sensíveis, o rendimento social de inserção talvez o mais polémico, mas que como se viu, acabou por lhe render muitos votos nas camadas mais jovens da população (mais de 20% em algumas freguesias).
Teremos complicações nesta legislatura. A maior parte da opinião publicada alvitra novas eleições para daqui a 2 anos. Certo é que Sócrates não mostrou um perfil de negociador, pelo contrário, mas a ver vamos, já que com maioria relativa, não lhe restam muitas opções.
Começam agora 15 dias de campanha autárquica (regra geral mais patética do que a que acabámos de assistir), onde a minha atenção se prenderá com a capacidade da nossa sociedade, de rejeitar ou acolher, os Isaltinos, Fátimas e Avelinos da vida.
Saturday, September 26, 2009
E agora?
O caso das escutas ficará suspenso até Cavaco dizer alguma coisa. Só o fará depois das eleições. Os cronistas do costume exigem em uníssono um esclarecimento de Cavaco e alguns já agitam a bandeira da demissão.
Até à data, desde que o dito email do Público saiu no DN, a consequência directa do escândalo foi a demissão do assessor Fernando Lima, curiosamente, um indivíduo que a imprensa defende em bloco, e que dizem ser impossível o último ter tomado sozinho, a decisão de encomendar uma notícia fosse a que jornal fosse, sem consentimento prévio do Presidente (o que parece de resto, plausível).
Cavaco transmitiu outra mensagem ao demitir Fernando Lima. Demitindo-o sem nenhuma explicação, depreende-se que Lima agiu à revelia do Presidente. Cavavo não é conhecido por ter duas palavras e terá tomado esta decisão com um plano delineado. Portanto, aquilo que todos esperam que Cavaco diga, nada mais será do que explicar que o assessor agiu por conta própria e que já tomou todas as diligências em matéria de vigilância oculta.
Por muito que a imprensa queira, isto não é suficiente nem para derrubar Cavaco nem para pôr em causa a soberania das instituições como alguns pregaram. É grave sem dúvida, mas não sejamos ingénuos ao ponto de pensar que os diferentes governos e presidências não tentam fabricar uma ou outra notícia que os beneficie, ou que prejudique os seus adversários. A comunicação social é um meio imprescindível na formação da opinião pública (mais ainda em países onde a vontade de pensar e de formar opinião própria é limitada), naturalmente, há sempre tentativas de influenciá-la. Cabe a este formador massivo de opinião ser isento e aguentar a pressão política. Enquanto assim for, estamos, para já, salvos.
Até à data, desde que o dito email do Público saiu no DN, a consequência directa do escândalo foi a demissão do assessor Fernando Lima, curiosamente, um indivíduo que a imprensa defende em bloco, e que dizem ser impossível o último ter tomado sozinho, a decisão de encomendar uma notícia fosse a que jornal fosse, sem consentimento prévio do Presidente (o que parece de resto, plausível).
Cavaco transmitiu outra mensagem ao demitir Fernando Lima. Demitindo-o sem nenhuma explicação, depreende-se que Lima agiu à revelia do Presidente. Cavavo não é conhecido por ter duas palavras e terá tomado esta decisão com um plano delineado. Portanto, aquilo que todos esperam que Cavaco diga, nada mais será do que explicar que o assessor agiu por conta própria e que já tomou todas as diligências em matéria de vigilância oculta.
Por muito que a imprensa queira, isto não é suficiente nem para derrubar Cavaco nem para pôr em causa a soberania das instituições como alguns pregaram. É grave sem dúvida, mas não sejamos ingénuos ao ponto de pensar que os diferentes governos e presidências não tentam fabricar uma ou outra notícia que os beneficie, ou que prejudique os seus adversários. A comunicação social é um meio imprescindível na formação da opinião pública (mais ainda em países onde a vontade de pensar e de formar opinião própria é limitada), naturalmente, há sempre tentativas de influenciá-la. Cabe a este formador massivo de opinião ser isento e aguentar a pressão política. Enquanto assim for, estamos, para já, salvos.
Friday, September 25, 2009
Diferenças
Viver numa cidade grande pode ser o cabo dos trabalhos para quem quer ser diferente. Não para quem é naturalmente diferente diga-se, mas para quem faz um esforço para ser diferente. Michael R Solomon nos seus livros sobre comportamento do consumidor afirma que as pessoas tendem por um lado a diferenciar-se das outras pessoas e por outro compreendem - intrinsecamente- que se forem demasiado diferentes acabam por ser ostracizadas. Concluindo, as pessoas querem ser diferentes, mas não muito diferentes.
Nas grandes cidades (Lisboa por exemplo), a multiplicidade de estilos e formas de estar eleva o trabalho de ser diferente a um nível mais complexo. A diferenciação só faz sentido se houver capacidade para exteriorizar essas diferenças. Vivemos então numa sociedade de consumo, ideal para nos ajudar nesta tarefa de diferenciação. Diferenciar é surpreender os outros. Ou não.
Muitas pessoas são de facto, diferentes. Uma grande parte quer ser diferente. E uma maioria quer à força toda ser diferente não o sendo. Este último grupo segue à risca um conjunto de regras que levam impreterivelmente em linha de conta, a imagem que as outras pessoas têm de si. Passo a enunciar algumas destas regras:
- Tudo o que é mainstream não faz parte do seu gosto pessoal; Dan Brown na literatura, Spielberg no cinema ou os The Killers na música não entram no seu mundo nem a pagar à cabeça. Tudo o que são fenómenos de massa não interessam. Afinal de contas, como é que vão conseguir ser diferentes a gostar do mesmo que os outros gostam?
- Roupa. A roupa assume-se como um factor determinante neste grupo. Com o crescente número de tribos urbanas é cada vez mais complicado ser diferente. É natural então, que se veja por aí conjuntos improváveis como sapatos de vela, baggy jeans, um polo Fred Perry (Lacoste não pode ser porque toda a gente já tem) e uns Ray Ban do filme "Aviador" (infelizmente um filme mainstream, mas pronto, se for só uma coisa que pertence à manada, provavelmente será considerado diferente na apreciação geral)
- Os locais para comer. É absolutamente imprescindível ter duas motivações constantes nesta matéria: garantir que se vai aos restaurantes badalados há uma porrada de anos e descobrir os restaurantes novos antes de 1/10 da população. Os restaurantes mais antigos indicam um estilo de vida de conaisseur, dos que conhecem os cantos à cidade, que não andam nisto há dois dias. Ser diferente implica, ter conhecimento de causa. Ser o 'early adopter' dos novos espaços de degustação garante igualmente uma imagem na cabeça dos que nos observam de reverência. "Aquele gajo conhece tudo.. aquele gajo tá sempre em cima do acontecimento" Nada contra. Excepto se o comportamento for premeditado. Regra geral é.
Devemos sentir-nos bem connosco próprios ou será mesmo preciso agradar um bocadinho os outros? E a ser verdade vale a pena o tempo dedicado à diferenciação ou é preferível o "hate ir or love it"? Não sei.
Viva a diferença!
Nas grandes cidades (Lisboa por exemplo), a multiplicidade de estilos e formas de estar eleva o trabalho de ser diferente a um nível mais complexo. A diferenciação só faz sentido se houver capacidade para exteriorizar essas diferenças. Vivemos então numa sociedade de consumo, ideal para nos ajudar nesta tarefa de diferenciação. Diferenciar é surpreender os outros. Ou não.
Muitas pessoas são de facto, diferentes. Uma grande parte quer ser diferente. E uma maioria quer à força toda ser diferente não o sendo. Este último grupo segue à risca um conjunto de regras que levam impreterivelmente em linha de conta, a imagem que as outras pessoas têm de si. Passo a enunciar algumas destas regras:
- Tudo o que é mainstream não faz parte do seu gosto pessoal; Dan Brown na literatura, Spielberg no cinema ou os The Killers na música não entram no seu mundo nem a pagar à cabeça. Tudo o que são fenómenos de massa não interessam. Afinal de contas, como é que vão conseguir ser diferentes a gostar do mesmo que os outros gostam?
- Roupa. A roupa assume-se como um factor determinante neste grupo. Com o crescente número de tribos urbanas é cada vez mais complicado ser diferente. É natural então, que se veja por aí conjuntos improváveis como sapatos de vela, baggy jeans, um polo Fred Perry (Lacoste não pode ser porque toda a gente já tem) e uns Ray Ban do filme "Aviador" (infelizmente um filme mainstream, mas pronto, se for só uma coisa que pertence à manada, provavelmente será considerado diferente na apreciação geral)
- Os locais para comer. É absolutamente imprescindível ter duas motivações constantes nesta matéria: garantir que se vai aos restaurantes badalados há uma porrada de anos e descobrir os restaurantes novos antes de 1/10 da população. Os restaurantes mais antigos indicam um estilo de vida de conaisseur, dos que conhecem os cantos à cidade, que não andam nisto há dois dias. Ser diferente implica, ter conhecimento de causa. Ser o 'early adopter' dos novos espaços de degustação garante igualmente uma imagem na cabeça dos que nos observam de reverência. "Aquele gajo conhece tudo.. aquele gajo tá sempre em cima do acontecimento" Nada contra. Excepto se o comportamento for premeditado. Regra geral é.
Devemos sentir-nos bem connosco próprios ou será mesmo preciso agradar um bocadinho os outros? E a ser verdade vale a pena o tempo dedicado à diferenciação ou é preferível o "hate ir or love it"? Não sei.
Viva a diferença!
Momento cinéfilo
Passo a descrever um diálogo pitoresco entre o vosso escriba e um funcionário de uma bilheteira de cinema.
Moi: Boa tarde, dois bilhetes para o "Inglorious Basterds"
Caixa: Tem preferência na fila?
Moi: O mais central possível.
Caixa: Com certeza. São 11,40€.
Moi: (De cartão multibanco em riste)
Caixa: Só trabalhamos com numerário.
Moi: (Tira uma nota de 20 euros do bolso e entrega-a ao funcionário)
Caixa: Tem os 40 cêntimos?
Moi: Só trabalho com notas.
Moi: Boa tarde, dois bilhetes para o "Inglorious Basterds"
Caixa: Tem preferência na fila?
Moi: O mais central possível.
Caixa: Com certeza. São 11,40€.
Moi: (De cartão multibanco em riste)
Caixa: Só trabalhamos com numerário.
Moi: (Tira uma nota de 20 euros do bolso e entrega-a ao funcionário)
Caixa: Tem os 40 cêntimos?
Moi: Só trabalho com notas.
Thursday, September 24, 2009
Este governo só sai com benzina porque é uma nódoa!
Dizia Eça de Queirós em pleno séc. XIX e volvidos mais de 120 anos esta frase revela-se com uma enorme actualidade. Não falo apenas do actual executivo Sócrates, falo também, quase sem excepções, de todos os governos que conheci! Neste blog tem-se passado muito tempo a comentar a actividade eleitoral que se avizinha, mas afinal o que irá mudar depois de todos estes actos eleitorais?! Essencialmente NADA! Continuaremos a ser o país mais pobre da Europa, cada vez mais pobre, os jovens vão continuar com dificuldades em arranjar emprego e constituir família, continuar-se-à a tratar a cultura como lixo e a classe política continuará a gerir de forma criminosa o erário público, afinal este é o resumo da História de Portugal Contemporâneo.
No entanto o que mais me chateia não é a inoperância dos políticos mas sim o conformismo das massas....que se limitam a manifestar de forma ordeira quase sempre a convite dos próprios partidos que nos "governam" quando estes se encontram na oposição é claro. Não se vislumbra um pedaço de ousadia, uma pedrada no charco, um pequeno eco de revolta.....assiste-se sim ao fim da História, pois parece que nada mais de extraordinário irá acontecer, simplesmente vamos progressivamente perdendo qualidade de vida sem nada fazer.................porque ainda conseguimos pagar uma casa em 70 anos desde que tenhamos recibos verdes para passar evidentemente!
No entanto o que mais me chateia não é a inoperância dos políticos mas sim o conformismo das massas....que se limitam a manifestar de forma ordeira quase sempre a convite dos próprios partidos que nos "governam" quando estes se encontram na oposição é claro. Não se vislumbra um pedaço de ousadia, uma pedrada no charco, um pequeno eco de revolta.....assiste-se sim ao fim da História, pois parece que nada mais de extraordinário irá acontecer, simplesmente vamos progressivamente perdendo qualidade de vida sem nada fazer.................porque ainda conseguimos pagar uma casa em 70 anos desde que tenhamos recibos verdes para passar evidentemente!
Acção
O acto de votar está mais relacionado com a liberdade de cada um, do que propriamente com a eleição de um determinado candidato. É evidente que de um processo eleitoral resulta um vencedor (se houver número suficiente de votos), mas, votar é antes de mais, exercer um direito.
Por esta altura, surgem dezenas de argumentos para não votar.
Este é um dos mais utilizados.
"Votar para quê? Fica tudo na mesma." Concordo com esta afirmação. Se analisarmos os últimos 15 anos de governação, um ou outro indicador melhorou, mas continuamos a crescer abaixo da média europeia e a ter condições sócio-económicas inferiores aos nossos parceiros europeus. É preciso uma mudança e nenhum dos partidos existentes corresponde às expectativas de uma franja considerável da população. Que se vote em nulo ou em branco nestas situações. O voto nulo ou branco, é também uma forma de expressão, e caso se verifique um aumento substancial deste tipo de votos, a classe política retirará daí conclusões.
A abstenção é nada mais que a expressão máxima de uma sociedade civil inoperante e anémica, que dá carta verde aos políticos para fazerem aquilo que bem entenderem, e que reduz ao mesmo tempo o seu papel de suposto agente dinamizador e integrante do espaço onde se insere. Se os políticos não são controlados, porque é que hão-de importar-se com a consequência das suas lastimáveis decisões?
A democracia, apesar de imperfeita, continua a ser o pior de todos os sistemas, à excepção de todos os outros (já não me lembro quem é que disse isto, mas são palavras acertadas).
A classe política precisa de entender que está a ser escrutinada. Para haver bons políticos é preciso haver um envolvimento dos cidadãos. Não fiquem à espera que a política resolva todos os problemas.
Por esta altura, surgem dezenas de argumentos para não votar.
Este é um dos mais utilizados.
"Votar para quê? Fica tudo na mesma." Concordo com esta afirmação. Se analisarmos os últimos 15 anos de governação, um ou outro indicador melhorou, mas continuamos a crescer abaixo da média europeia e a ter condições sócio-económicas inferiores aos nossos parceiros europeus. É preciso uma mudança e nenhum dos partidos existentes corresponde às expectativas de uma franja considerável da população. Que se vote em nulo ou em branco nestas situações. O voto nulo ou branco, é também uma forma de expressão, e caso se verifique um aumento substancial deste tipo de votos, a classe política retirará daí conclusões.
A abstenção é nada mais que a expressão máxima de uma sociedade civil inoperante e anémica, que dá carta verde aos políticos para fazerem aquilo que bem entenderem, e que reduz ao mesmo tempo o seu papel de suposto agente dinamizador e integrante do espaço onde se insere. Se os políticos não são controlados, porque é que hão-de importar-se com a consequência das suas lastimáveis decisões?
A democracia, apesar de imperfeita, continua a ser o pior de todos os sistemas, à excepção de todos os outros (já não me lembro quem é que disse isto, mas são palavras acertadas).
A classe política precisa de entender que está a ser escrutinada. Para haver bons políticos é preciso haver um envolvimento dos cidadãos. Não fiquem à espera que a política resolva todos os problemas.
Wednesday, September 23, 2009
Cidadania
Como é que se define um bom cidadão? Aquele que ajuda a comunidade, que paga os seus impostos, que é solidário, cortês, que colabora com as autoridades sempre que necessário, que prepara o seu futuro e salvaguarda o dos seus. Há espaço para mais elogiosos adjectivos, mas para o efeito chega.
O bom cidadão respeita também as leis do seu país e vivendo ele num estado de direito (como é o caso português) para além de todos os direitos que lhe assistem (e não são poucos) tem também deveres. Inserem-se nesses deveres a obrigação de reportar um roubo por exemplo, ou prestar auxílio a alguém que manifestamente se encontre em dificuldades. De acordo com a lei, o bom cidadão deve ter este tipo de conduta sob pena em alguns casos de incorrer em infracção (não prestar auxílio por exemplo).
Para além das obrigações previstas na lei, existem também obrigações de carácter moral; ajudar uma senhora a atravessar a rua (a mais clássica) ou ajudar um idoso a pagar uma multa de estacionamento no multibanco (a mais tecnológica).
Tanto no campo legal, como no campo ético, a sociedade e a justiça de mãos dadas impelem-nos a ter comportamentos que ficam a gravitar num vazio patético e só justificável por um sistema que em vez de enaltecer as boas acções, limita-se a atenuar as más; passo a exemplificar com dois episódios recentes (um legal, outro ético) e reais, relatados por uma pessoa próxima.
O episódio legal: o Sr. BC (Bom Cidadão) saiu de casa de manhã e junto do seu canteiro de flores reparou numa mala de senhora com o fecho aberto e remexida. Tinha todo o aspecto da dona da mala ter sido assaltada, os objectos de valor retirados e a mala abandonada no canteiro mais próximo. Começa o dilema do Sr. BC. Se levar a mala à esquadra, ser-lhe-à pedida identificação, e o Sr. BC confia em tudo menos na Justiça portuguesa. Por outro lado começa a pensar que dentro daquela mala podem estar documentos e/ou outras coisas importantes para a pessoa assaltada. Decide então ir à esquadra mais próxima, mas sem a mala. "Bom dia, está uma mala de senhora aparentemente abandonada perto de minha casa. Tudo indica que os assaltantes retiraram o que havia de valor e abandonaram por ali a mala. Se quiserem ir buscá-la a morada é ..." - "Devia ter trazido a mala." - "Eu sei, mas se trouxesse os senhores iam identificar-me correcto?" -"Sim, faz parte dos procedimentos." -"E se apanharem os ladrões eu tenho que ir testemunhar a tribunal correcto?" -"Provavelmente." -"E quem é que me protege em caso de represálias?" -"Já lá vamos buscar a mala."
Será que o Sr. BC procedeu bem? Numa nano pesquisa que fiz junto de 10 amigos todos responderam que adoptariam o mesmo comportamento e também pelo mesmo motivo: falta de confiança na justiça e na capacidade de intervenção das forças policiais.
O episódio ético: o Sr. BC deslocava-se para o seu trabalho por volta das 8h30 no seu automóvel quando o imprevisto se deu. Por breves momentos deixou de ver (literalmente, por causa do reflexo solar matinal) e por centímetros não atropelou uma senhora na passadeira. Deslocava-se a cerca de 40km/h e encostou rapidamente o carro. Saiu, e apesar de não ter atropelado ninguém, fez questão de ir pedir desculpa pessoalmente à senhora, que aceitou prontamente o pedido de desculpas. Entretanto, outra transeunte, com o seu belo rafeiro por perto, fez questão de chamar os mais variados nomes ao Sr. BC desde que este saiu do veículo para se desculpar. "Minha senhora, como deve calcular, não estava nos meus planos atropelar quem quer que fosse. Apesar de não ter atropelado a outra senhora, parei o carro para certificar-me que estava tudo bem e pedir desculpa. Não foi nada consigo, para quê esse discurso?" A simpática senhora continuou. Um polícia que passava perto perguntou o que é que se passava enquanto a senhora continuava o seu monumental discurso. O Sr. BC farto e revoltado pediu ao polícia que identificasse aquela senhora para apresentar queixa por ofensas verbais. A senhora lá amainou o discurso.
Devia o Sr. BC ter seguido o seu caminho? Afinal de contas, não chegou a atropelar ninguém. O meu nano inquérito revelou que das 10 pessoas entrevistadas 7 teriam seguido viagem. Escrúpulos, justiça ou sociedade?
Aceitam-se culpados.
O bom cidadão respeita também as leis do seu país e vivendo ele num estado de direito (como é o caso português) para além de todos os direitos que lhe assistem (e não são poucos) tem também deveres. Inserem-se nesses deveres a obrigação de reportar um roubo por exemplo, ou prestar auxílio a alguém que manifestamente se encontre em dificuldades. De acordo com a lei, o bom cidadão deve ter este tipo de conduta sob pena em alguns casos de incorrer em infracção (não prestar auxílio por exemplo).
Para além das obrigações previstas na lei, existem também obrigações de carácter moral; ajudar uma senhora a atravessar a rua (a mais clássica) ou ajudar um idoso a pagar uma multa de estacionamento no multibanco (a mais tecnológica).
Tanto no campo legal, como no campo ético, a sociedade e a justiça de mãos dadas impelem-nos a ter comportamentos que ficam a gravitar num vazio patético e só justificável por um sistema que em vez de enaltecer as boas acções, limita-se a atenuar as más; passo a exemplificar com dois episódios recentes (um legal, outro ético) e reais, relatados por uma pessoa próxima.
O episódio legal: o Sr. BC (Bom Cidadão) saiu de casa de manhã e junto do seu canteiro de flores reparou numa mala de senhora com o fecho aberto e remexida. Tinha todo o aspecto da dona da mala ter sido assaltada, os objectos de valor retirados e a mala abandonada no canteiro mais próximo. Começa o dilema do Sr. BC. Se levar a mala à esquadra, ser-lhe-à pedida identificação, e o Sr. BC confia em tudo menos na Justiça portuguesa. Por outro lado começa a pensar que dentro daquela mala podem estar documentos e/ou outras coisas importantes para a pessoa assaltada. Decide então ir à esquadra mais próxima, mas sem a mala. "Bom dia, está uma mala de senhora aparentemente abandonada perto de minha casa. Tudo indica que os assaltantes retiraram o que havia de valor e abandonaram por ali a mala. Se quiserem ir buscá-la a morada é ..." - "Devia ter trazido a mala." - "Eu sei, mas se trouxesse os senhores iam identificar-me correcto?" -"Sim, faz parte dos procedimentos." -"E se apanharem os ladrões eu tenho que ir testemunhar a tribunal correcto?" -"Provavelmente." -"E quem é que me protege em caso de represálias?" -"Já lá vamos buscar a mala."
Será que o Sr. BC procedeu bem? Numa nano pesquisa que fiz junto de 10 amigos todos responderam que adoptariam o mesmo comportamento e também pelo mesmo motivo: falta de confiança na justiça e na capacidade de intervenção das forças policiais.
O episódio ético: o Sr. BC deslocava-se para o seu trabalho por volta das 8h30 no seu automóvel quando o imprevisto se deu. Por breves momentos deixou de ver (literalmente, por causa do reflexo solar matinal) e por centímetros não atropelou uma senhora na passadeira. Deslocava-se a cerca de 40km/h e encostou rapidamente o carro. Saiu, e apesar de não ter atropelado ninguém, fez questão de ir pedir desculpa pessoalmente à senhora, que aceitou prontamente o pedido de desculpas. Entretanto, outra transeunte, com o seu belo rafeiro por perto, fez questão de chamar os mais variados nomes ao Sr. BC desde que este saiu do veículo para se desculpar. "Minha senhora, como deve calcular, não estava nos meus planos atropelar quem quer que fosse. Apesar de não ter atropelado a outra senhora, parei o carro para certificar-me que estava tudo bem e pedir desculpa. Não foi nada consigo, para quê esse discurso?" A simpática senhora continuou. Um polícia que passava perto perguntou o que é que se passava enquanto a senhora continuava o seu monumental discurso. O Sr. BC farto e revoltado pediu ao polícia que identificasse aquela senhora para apresentar queixa por ofensas verbais. A senhora lá amainou o discurso.
Devia o Sr. BC ter seguido o seu caminho? Afinal de contas, não chegou a atropelar ninguém. O meu nano inquérito revelou que das 10 pessoas entrevistadas 7 teriam seguido viagem. Escrúpulos, justiça ou sociedade?
Aceitam-se culpados.
Tuesday, September 22, 2009
O Melão
O Público é odiado pelas elites. Por uma série de razões, estando a maior delas relacionada com o seu proprietário, a Sonae, traduzindo, Belmiro de Azevedo. É facto corrente que Belmiro de Azevedo é persona non grata para a maior parte dos governos. É brusco, directo, e a par de outras personalidades da sociedade portuguesa (raras) diz o que tem a dizer. O Governo (seja ele de que cor for) sabe que no território Sonae não consegue exercer qualquer tipo de influência, portanto, tudo fará, para impedir a presença da Sonae em empresas influenciadas pelo Estado (recorda-se o estimado leitor que a Sonae tentou comprar a PT através de uma OPA, operação chumbada pela estimada Autoridade da Concorrência). Basicamente, Sonae significa impossibilidade de intromissão. Ora, o governo quer tudo menos esta limitação. Quanto mais conseguir controlar, melhor. A repulsa pela privatização total não está relacionada com questões ideológicas (socialismo por exemplo). Enquanto o Estado mantém as suas golden shares nestas empresas consegue influenciá-las. Trata-se disto e mais nada.
O Público, sendo propriedade da Sonae, não entra neste barco. Foi publicado nesse jornal, há um mês, uma notícia sobre uma alegada suspeição de um membro da Casa Civil do Presidente da República relativamente à possibilidade de existirem escutas ou outras formas de vigilância ocultas em Belém (Presidência da República). Lembro-me que esta notícia foi desvalorizada por meio mundo, com especial ênfase para a comitiva da SIC Notícias (Mário Crespo e a sua temível equipa de politólogos) que à volta da sua mesa redonda, riu-se, literalmente, de uma notícia aparentemente pouco fundamentada.
Pois bem, um mês depois, o DN publica uma super manchete sobre o tal "caso das escutas" (Fernando Lima, assessor de imprensa do Presidente, desconfiado da existência de escutas em Belém, encomendou uma notícia ao jornal Público sobre essa matéria). Estala a bronca, e o director do Público vem a terreiro dizer que a informação obtida pelo DN é conseguida de forma ilegal, na medida em que, essa informação circulou em exclusivo entre colaboradores do Público. José Manuel Fernandes falou em intervenção dos serviços secretos e o nosso PM acusou-o de imaginação fértil. Todos continuaram a acusar o Público com adjectivos exóticos e 4 dias depois, Monsieur Cavaco Silva decide afastar Fernando Lima da assessoria de imprensa da Presidência da República, ou seja, afinal, onde havia fumo, havia fogo.
É então com imensa satisfação que registo este episódio, não por enfraquecer forças políticas (o PSD nomeadamente), mas por todos os comentadores, politólogos, analistas e demais parasitas - que se limitam a comentar as acções dos outros em vez de proporem soluções, sendo tão úteis como qualquer vulgar político que tanto criticam - estarem por esta altura a engolir fatias do fruto em epígrafe.
A vontade de fuzilar um orgão de comunicação social desalinhado, como é o caso do Público, é muita, mas não é o mesmo que limpar o rabinho a meninos.
E meus amigos, sobre as escutas, em águas de bacalhau ficaremos. Comissão de inquérito sem carácter vinculativo, investigação inconclusiva da PGR e restantes conclusões ambíguas e características deste tipo de filmes de série D. Dúvidas?
O Público, sendo propriedade da Sonae, não entra neste barco. Foi publicado nesse jornal, há um mês, uma notícia sobre uma alegada suspeição de um membro da Casa Civil do Presidente da República relativamente à possibilidade de existirem escutas ou outras formas de vigilância ocultas em Belém (Presidência da República). Lembro-me que esta notícia foi desvalorizada por meio mundo, com especial ênfase para a comitiva da SIC Notícias (Mário Crespo e a sua temível equipa de politólogos) que à volta da sua mesa redonda, riu-se, literalmente, de uma notícia aparentemente pouco fundamentada.
Pois bem, um mês depois, o DN publica uma super manchete sobre o tal "caso das escutas" (Fernando Lima, assessor de imprensa do Presidente, desconfiado da existência de escutas em Belém, encomendou uma notícia ao jornal Público sobre essa matéria). Estala a bronca, e o director do Público vem a terreiro dizer que a informação obtida pelo DN é conseguida de forma ilegal, na medida em que, essa informação circulou em exclusivo entre colaboradores do Público. José Manuel Fernandes falou em intervenção dos serviços secretos e o nosso PM acusou-o de imaginação fértil. Todos continuaram a acusar o Público com adjectivos exóticos e 4 dias depois, Monsieur Cavaco Silva decide afastar Fernando Lima da assessoria de imprensa da Presidência da República, ou seja, afinal, onde havia fumo, havia fogo.
É então com imensa satisfação que registo este episódio, não por enfraquecer forças políticas (o PSD nomeadamente), mas por todos os comentadores, politólogos, analistas e demais parasitas - que se limitam a comentar as acções dos outros em vez de proporem soluções, sendo tão úteis como qualquer vulgar político que tanto criticam - estarem por esta altura a engolir fatias do fruto em epígrafe.
A vontade de fuzilar um orgão de comunicação social desalinhado, como é o caso do Público, é muita, mas não é o mesmo que limpar o rabinho a meninos.
E meus amigos, sobre as escutas, em águas de bacalhau ficaremos. Comissão de inquérito sem carácter vinculativo, investigação inconclusiva da PGR e restantes conclusões ambíguas e características deste tipo de filmes de série D. Dúvidas?
Monday, September 21, 2009
Caixa de ressonância
A comunicação social para viver precisa de sangue; está provado que as notícias que mais captam a atenção do público são as de natureza trágica e por um motivo simples: a malta gosta de sangue. Os media são então uma espécie de retalhistas de sangue. Descobrem-no, embrulham-no e vendem-no ao litro.
Quando não há sangue, inventa-se. Assim foi uma peça do jornal da noite da Sic um dia destes. Nada contra a Sic, o episódio podia acontecer noutra estação qualquer. Numa alegada investigação, descobriu a Sic que os bancos só fornecem cópia do contrato dias antes de se concretizar toda a operação de compra da habitação.
Calculam os leitores deste blog, que todos os dias, entra uma quantidade imensa de gente em bancos para fazer simulações de spread com vista à compra de habitação. Se por cada uma destas pessoas, o banco tiver que apresentar um contrato personalizado.. não há mãos para fazer contratos. Ou melhor.. há. Haverão também mais custos, que serão pagos por quem? Pelos simpáticos clientes dos bancos, ou seja, todos nós. O entalado encontra-se invariavelmente no final da cadeia. Não na origem (o banco) ou no intermediário (o retalhista de sangue no caso). Diz-se que o cliente tem sempre razão (que não é de resto verdade). Deveria dizer-se também que o cliente tem sempre que pagar (sempre!).
Eu próprio, nutro um sentimento negativo relativamente ao sector, mas sejamos justos, redigir um contrato específico para cada pessoa que pede uma simulação de spread, é no mínimo, uma ideia peregrina.
Quando não há sangue, inventa-se. Assim foi uma peça do jornal da noite da Sic um dia destes. Nada contra a Sic, o episódio podia acontecer noutra estação qualquer. Numa alegada investigação, descobriu a Sic que os bancos só fornecem cópia do contrato dias antes de se concretizar toda a operação de compra da habitação.
Calculam os leitores deste blog, que todos os dias, entra uma quantidade imensa de gente em bancos para fazer simulações de spread com vista à compra de habitação. Se por cada uma destas pessoas, o banco tiver que apresentar um contrato personalizado.. não há mãos para fazer contratos. Ou melhor.. há. Haverão também mais custos, que serão pagos por quem? Pelos simpáticos clientes dos bancos, ou seja, todos nós. O entalado encontra-se invariavelmente no final da cadeia. Não na origem (o banco) ou no intermediário (o retalhista de sangue no caso). Diz-se que o cliente tem sempre razão (que não é de resto verdade). Deveria dizer-se também que o cliente tem sempre que pagar (sempre!).
Eu próprio, nutro um sentimento negativo relativamente ao sector, mas sejamos justos, redigir um contrato específico para cada pessoa que pede uma simulação de spread, é no mínimo, uma ideia peregrina.
Sunday, September 20, 2009
You Only Live Twice - O estranho caso de Santana Lopes
Há dias ao rever a filmografia de James Bond deparei-me com o clássico You Only Live Twice. Automaticamente relacionei este título a Santana Lopes e à sua candidatura para a presidência da Câmara Municipal de Lisboa- Há, haveria e haverá muito para falar sobre a candidatura deste dinossauro da vida pública portuguesa mas queria de momento apenas comentar um dos seus cartazes de campanha. Refere um dos seus cartazes que durante o seu mandato Santana Lopes foi responsável directo pela construção de 9 piscinas públicas na cidade de Lisboa. Sobre esta MENTIRA, ou melhor MEIA-VERDADE, gostava de acrescentar que foi durante o período do seu mandato que foi desmantelada a empresa municipal responsável pela manutenção destes equipamentos desportivos levando ao encerramento das piscinas do Campo Grande, Areeiro e da piscina e complexo desportivo dos Olivais.
O caso tornar-se ainda mais grave quando é sabido que o complexo desportivo dos Olivais tinha sofrido um investimento considerável no ano 2000, com a construção de uma piscina de 25 metros coberta e um extenso projecto que previa a cobertura da piscina olímpica e de saltos, além de melhoramentos no pavilhão gimno-desportivo e dos vários campos de futsal e tenis existentes. Resumo milhões foram gastos para que todas estas infra-estruturas estejam hoje altamente degradadas e votadas ao abandono, privando milhares de Lisboetas de uma prática desportiva a preços reduzidos.
Afinal com que moral fala Santana?!?!?! Espero que ao contrário de 007, Santana não tenha a oportunidade de viver duas vezes, isto é, de regressar à presidência da CM de Lisboa.......
Pensar
Não é por acaso, que por lusas terras, nunca se assistiu a uma revolução industrial, tecnológica, de serviços ou do que quer que seja. Assistimos a uma de cravos, e já gozas. Haverá motivos? Claro.
Temos uma sociedade civil - desde sempre - manifestamente medíocre. Pensemos pois, num hipotético e fantasioso exemplo que passo a anunciar. Um cientista (português) pretende fazer uma demonstração pública de um robot que permite cortar o cabelo à distância. Através de tecnologia bluetooth e com um receptor de sinal instalado perto do cliente é possível programar o corte de cabelo e sair da cadeira com o cabelo cortado em menos de 2 minutos e sem a intervenção manual de ninguém. Wow!
A notícia é transmitida pela comunicação social (a caixa de ressonância da medíocre sociedade civil) e a nossa reacção divide-se de imediato em dois vectores: negação e protesto. Em primeiro lugar, a maior parte das pessoas que assistir ao evento, espera genuinamente que algo corra mal. Dificilmente encontrará na assistência alguém que procure uma aplicação prática e construtiva do novo sistema. A parte do protesto então. Todas as associações do sector irão de imediato dizer (à porta do evento claro), que a nova invenção irá destruir milhares de postos de trabalho, que é o fim dos barbeiros e cabeleireiros e que esperam sinceramente que o governo faça alguma coisa.
O fim desta história (fictícia) é real: o cientista emigra para Inglaterra ou para os Estados Unidos, regista lá a sua patente, fabrica lá o seu novo produto e o resto do mundo (nós incluídos) importa esta maravilhosa inovação. O cientista dá entrevistas, e emite opiniões negativas sobre Portugal o que lhe garante ódio visceral e estatuto de pária (veja-se o silêncio tumular sobre a recente trasladação de Jorge de Sena, um pensador que tanto insistimos em esquecer). E demos então o nosso melhor para ficarmos pior.
"Estar à frente" significa nova tecnologia. Sempre foi assim. Há séculos atrás, estar à frente implicava coragem, determinação e chico-espertismo (uma das nossas capitais especialidades). Navegámos o mundo, descobrimos umas quantas coisas e liderámos. Esgotado este modelo, por nova tecnologia entendia-se novas formas de produção que permitiram massificar, literalmente, o mundo. E tivemos então as Revoluções Industriais. Nenhuma, como se sabe, aconteceu em Portugal. Basicamente, enquanto vivemos num sistema político que não implicava o voto da população - monarquia - os decisores dirigiam as suas políticas para onde bem entendiam e alguns fizeram-no de forma exemplar (D. João II). Na actual democracia, os políticos estão reféns da opinião pública; em Portugal não é bem assim, na medida em que os políticos são pouco fiscalizados pelos seus eleitores, o que faz deste cantinho um paraíso político. Sabendo que os políticos têm que agradar os seus eleitores (pelo menos em época de eleições) prometem-lhes aquilo que eles esperam: segurança. Em Portugal, segurança traduz-se em saúde grátis, ensino grátis, pensões e aumento do rendimento mínimo. Ninguém pede por nova tecnologia, naturalmente, os nossos amáveis decisores não se preocupam muito com o tema. Repare-se que há uns anos no bolo de promessas que eu atrás referi, incluía-se sempre descida de impostos. Nestas eleições, PS diz que não baixa impostos e o PSD diz que baixa dependendo do que encontrar. E nós até aceitamos isso. As nossas expectativas vão diminuindo (pergunte a um jovem se tem a certeza que irá receber reforma). Continuamos a aceitar que se despeje dinheiro público numa série de sectores e não percebemos que a forma de financiar esta demência é com os nossos impostos.
Com tecnologia competitiva, e passível de exportar para outros países, conseguiríamos financiar todos estes sectores sem recorrer a aumento de impostos. Assim se faz nos outros países. Precisamos de ser mais exigentes nestas matérias e tentar influenciar - dentro das possibilidades que cada um tem - os nossos decisores a dar um salto decisivo nesta matéria. Actualmente, o investimento do Estado em investigação e desenvolvimento não atinge 1% do PIB. Nos países desenvolvidos ronda os 3,5% (o triplo).
Temos uma sociedade civil - desde sempre - manifestamente medíocre. Pensemos pois, num hipotético e fantasioso exemplo que passo a anunciar. Um cientista (português) pretende fazer uma demonstração pública de um robot que permite cortar o cabelo à distância. Através de tecnologia bluetooth e com um receptor de sinal instalado perto do cliente é possível programar o corte de cabelo e sair da cadeira com o cabelo cortado em menos de 2 minutos e sem a intervenção manual de ninguém. Wow!
A notícia é transmitida pela comunicação social (a caixa de ressonância da medíocre sociedade civil) e a nossa reacção divide-se de imediato em dois vectores: negação e protesto. Em primeiro lugar, a maior parte das pessoas que assistir ao evento, espera genuinamente que algo corra mal. Dificilmente encontrará na assistência alguém que procure uma aplicação prática e construtiva do novo sistema. A parte do protesto então. Todas as associações do sector irão de imediato dizer (à porta do evento claro), que a nova invenção irá destruir milhares de postos de trabalho, que é o fim dos barbeiros e cabeleireiros e que esperam sinceramente que o governo faça alguma coisa.
O fim desta história (fictícia) é real: o cientista emigra para Inglaterra ou para os Estados Unidos, regista lá a sua patente, fabrica lá o seu novo produto e o resto do mundo (nós incluídos) importa esta maravilhosa inovação. O cientista dá entrevistas, e emite opiniões negativas sobre Portugal o que lhe garante ódio visceral e estatuto de pária (veja-se o silêncio tumular sobre a recente trasladação de Jorge de Sena, um pensador que tanto insistimos em esquecer). E demos então o nosso melhor para ficarmos pior.
"Estar à frente" significa nova tecnologia. Sempre foi assim. Há séculos atrás, estar à frente implicava coragem, determinação e chico-espertismo (uma das nossas capitais especialidades). Navegámos o mundo, descobrimos umas quantas coisas e liderámos. Esgotado este modelo, por nova tecnologia entendia-se novas formas de produção que permitiram massificar, literalmente, o mundo. E tivemos então as Revoluções Industriais. Nenhuma, como se sabe, aconteceu em Portugal. Basicamente, enquanto vivemos num sistema político que não implicava o voto da população - monarquia - os decisores dirigiam as suas políticas para onde bem entendiam e alguns fizeram-no de forma exemplar (D. João II). Na actual democracia, os políticos estão reféns da opinião pública; em Portugal não é bem assim, na medida em que os políticos são pouco fiscalizados pelos seus eleitores, o que faz deste cantinho um paraíso político. Sabendo que os políticos têm que agradar os seus eleitores (pelo menos em época de eleições) prometem-lhes aquilo que eles esperam: segurança. Em Portugal, segurança traduz-se em saúde grátis, ensino grátis, pensões e aumento do rendimento mínimo. Ninguém pede por nova tecnologia, naturalmente, os nossos amáveis decisores não se preocupam muito com o tema. Repare-se que há uns anos no bolo de promessas que eu atrás referi, incluía-se sempre descida de impostos. Nestas eleições, PS diz que não baixa impostos e o PSD diz que baixa dependendo do que encontrar. E nós até aceitamos isso. As nossas expectativas vão diminuindo (pergunte a um jovem se tem a certeza que irá receber reforma). Continuamos a aceitar que se despeje dinheiro público numa série de sectores e não percebemos que a forma de financiar esta demência é com os nossos impostos.
Com tecnologia competitiva, e passível de exportar para outros países, conseguiríamos financiar todos estes sectores sem recorrer a aumento de impostos. Assim se faz nos outros países. Precisamos de ser mais exigentes nestas matérias e tentar influenciar - dentro das possibilidades que cada um tem - os nossos decisores a dar um salto decisivo nesta matéria. Actualmente, o investimento do Estado em investigação e desenvolvimento não atinge 1% do PIB. Nos países desenvolvidos ronda os 3,5% (o triplo).
Thursday, September 17, 2009
Somos do contra
As oposições são conhecidas por serem "do contra". A política tem vários propósitos, um deles, senão o maior, é a luta pelo poder. O próprio debate ideológico promove quase em regime exclusivo, diferenças que visam o alcance do poder. Partindo deste princípio, as estratégias variam, e a coisa não é de agora.
Nos anos 20 do século passado, depois da morte de Lenine, discutia-se na actual Rússia, a melhor forma de levar a ditadura do proletariado ao mundo. Trotsky por exemplo, considerava que a tal "salvação" residia na propagação imediata da revolução. O grande objectivo era enfraquecer o mais depressa possível os outros Estados - espicaçando o caos e a desordem o melhor possível - conseguindo assim uma relação de forças favorável ao poder revolucionário.
Conhecemos todos como acabou a história do comunismo na URSS (Trotsky entretanto ficou pelo caminho também).
Curiosamente, nesta ideia de Trotsky levar a revolução ao mundo, encontra-se justificação para o modus operandi do Bloco de Esquerda. Tudo o que é bandeira de pretensa igualdade é bandeira do BE; a sua receita é muito barulho mas poucas soluções.
"Mais emprego" Todos queremos mais emprego, mas como?
"Salários mais altos" Também queremos todos, mas como?
A lista continua num outdoor perto de si.
O Bloco despeja uma miríade de palavras de ordem, simples de anunciar, mas como solução no seu programa aponta por exemplo, a nacionalização da banca, da energia e dos seguros. Um modelo, que dispensa apresentações (como já referi em posts anteriores, não há um país no mundo que apresente níveis de desenvolvimento dignos de seu nome e que aplique este tipo de política). Aumenta-se a despesa e gera-se receita com um modelo de pseudo-filosofia política que irá salvar a sociedade da perdição.
Louçã, um trotskista de gema, faz o mesmo que o seu mentor: tenta espalhar as brasas o mais longe possível, na esperança que um dia chegue a revolução. Depois.. logo se vê.
Dia 27, alguém em consciência quer mesmo ajudar a reavivar ideologias que pertencem a outro século?
Nos anos 20 do século passado, depois da morte de Lenine, discutia-se na actual Rússia, a melhor forma de levar a ditadura do proletariado ao mundo. Trotsky por exemplo, considerava que a tal "salvação" residia na propagação imediata da revolução. O grande objectivo era enfraquecer o mais depressa possível os outros Estados - espicaçando o caos e a desordem o melhor possível - conseguindo assim uma relação de forças favorável ao poder revolucionário.
Conhecemos todos como acabou a história do comunismo na URSS (Trotsky entretanto ficou pelo caminho também).
Curiosamente, nesta ideia de Trotsky levar a revolução ao mundo, encontra-se justificação para o modus operandi do Bloco de Esquerda. Tudo o que é bandeira de pretensa igualdade é bandeira do BE; a sua receita é muito barulho mas poucas soluções.
"Mais emprego" Todos queremos mais emprego, mas como?
"Salários mais altos" Também queremos todos, mas como?
A lista continua num outdoor perto de si.
O Bloco despeja uma miríade de palavras de ordem, simples de anunciar, mas como solução no seu programa aponta por exemplo, a nacionalização da banca, da energia e dos seguros. Um modelo, que dispensa apresentações (como já referi em posts anteriores, não há um país no mundo que apresente níveis de desenvolvimento dignos de seu nome e que aplique este tipo de política). Aumenta-se a despesa e gera-se receita com um modelo de pseudo-filosofia política que irá salvar a sociedade da perdição.
Louçã, um trotskista de gema, faz o mesmo que o seu mentor: tenta espalhar as brasas o mais longe possível, na esperança que um dia chegue a revolução. Depois.. logo se vê.
Dia 27, alguém em consciência quer mesmo ajudar a reavivar ideologias que pertencem a outro século?
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As brincadeiras entre o Estado e a banca terão um fim. Não risonho necessariamente, mas, mais cedo ou mais tarde, tal como todas as estradas, conhecerá um fim.
É do conhecimento geral, muitos negócios (grandes negócios) que a banca faz estão relacionados com o Estado. Se houver uma megaempreitada para avançar, naturalmente alguém tem que financiar as empresas de construção. Se são criadas linhas de apoio com taxas de juro atractivas para as empresas quem é que as disponibiliza? Os bancos. É nesta premissa que todas as sociedades desenvolvidas trabalham, e é facto aceite e banal na maior parte dos países.
Qual é o drama então? O retorno destes investimentos. Não só para o banco, mas também para o Estado. Sem ser necessário enunciar vastos exemplos de investimento estatal execrável, é fácil compreender que se os investimentos não tiverem retorno as consequências são no mínimo, complicadas de gerir.
Há uns meses atrás, a agência Standard & Poors (nome curioso para uma agência de cotações) reviu em baixa o rating de Portugal e agora, a Moody's - outra agência - revê em baixa o rating do BCP, CGD, BES e Montepio, ou seja, reviu em baixa a capacidade destes bancos cumprirem com as suas responsabilidades. Juntemos a este caldo, os também redondos 100% de dívida externa. Lembre-se também que os mercados já estão a arrebitar. Tendo todos estes factores em conta, pode-se daqui extrair, algumas conclusões.
A mais directa, é o agravamento dos spreads praticados nos empréstimos pelos bancos. Se o dinheiro comprado pela banca é mais caro, será também mais caro para o próximo elo da cadeia (famílias, empresas).
Isto significa menos capacidade para emprestar dinheiro, consequentemente, mais rigor nas análises ao risco, menos dinheiro nos mercados para investimentos e subsequente desenvolvimento.
Por último, e para mim a mais grave, será a inevitável deslocação de capital e dos centros de decisão para outros países. Se as empresas - bancos incluídos - se fragilizam cada vez mais, correm sérios riscos de verem o capital estrangeiro consolidar a sua posição dentro do país (veja-se a invasão de empresas em Portugal como a Sonangol). A grande vantagem de termos os centros de decisão das empresas nacionais dentro do país é a maior capacidade de agilização em torno de determinados projectos. Se esta vantagem é utilizada infinitamente para investimentos com pouco ou nenhum retorno.. "buckle your seatbelt Dorothy.. because Kansas is going bye bye"
É do conhecimento geral, muitos negócios (grandes negócios) que a banca faz estão relacionados com o Estado. Se houver uma megaempreitada para avançar, naturalmente alguém tem que financiar as empresas de construção. Se são criadas linhas de apoio com taxas de juro atractivas para as empresas quem é que as disponibiliza? Os bancos. É nesta premissa que todas as sociedades desenvolvidas trabalham, e é facto aceite e banal na maior parte dos países.
Qual é o drama então? O retorno destes investimentos. Não só para o banco, mas também para o Estado. Sem ser necessário enunciar vastos exemplos de investimento estatal execrável, é fácil compreender que se os investimentos não tiverem retorno as consequências são no mínimo, complicadas de gerir.
Há uns meses atrás, a agência Standard & Poors (nome curioso para uma agência de cotações) reviu em baixa o rating de Portugal e agora, a Moody's - outra agência - revê em baixa o rating do BCP, CGD, BES e Montepio, ou seja, reviu em baixa a capacidade destes bancos cumprirem com as suas responsabilidades. Juntemos a este caldo, os também redondos 100% de dívida externa. Lembre-se também que os mercados já estão a arrebitar. Tendo todos estes factores em conta, pode-se daqui extrair, algumas conclusões.
A mais directa, é o agravamento dos spreads praticados nos empréstimos pelos bancos. Se o dinheiro comprado pela banca é mais caro, será também mais caro para o próximo elo da cadeia (famílias, empresas).
Isto significa menos capacidade para emprestar dinheiro, consequentemente, mais rigor nas análises ao risco, menos dinheiro nos mercados para investimentos e subsequente desenvolvimento.
Por último, e para mim a mais grave, será a inevitável deslocação de capital e dos centros de decisão para outros países. Se as empresas - bancos incluídos - se fragilizam cada vez mais, correm sérios riscos de verem o capital estrangeiro consolidar a sua posição dentro do país (veja-se a invasão de empresas em Portugal como a Sonangol). A grande vantagem de termos os centros de decisão das empresas nacionais dentro do país é a maior capacidade de agilização em torno de determinados projectos. Se esta vantagem é utilizada infinitamente para investimentos com pouco ou nenhum retorno.. "buckle your seatbelt Dorothy.. because Kansas is going bye bye"
Wednesday, September 16, 2009
O Comportamento Grátis
Como é sabido, sou um acérrimo agressor da ideia transmitida por gerações de políticos em Portugal, de que os serviços a que temos acesso, nomeadamente na saúde e na educação, são e devem ser segundo os próprios, tendencialmente gratuitos. Para além de criar uma ideia perversa e sedutora de suposta igualdade - quando na verdade o que faz é prejudicar os que verdadeiramente produzem - origina comportamentos nos cidadãos que nascem, crescem e morrem com o chip da gratuitidade no cérebro.
Um cidadão português cedo começa a perceber que tem uma série de direitos inalienáveis: quando vai ao hospital não paga nada, frequenta a escola sem nada lhe cobrarem, os avós recebem a sua reforma, o pai quando ficou desempregado teve direito a um subsídio de desemprego e a mãe direito a baixa quando partiu o braço. So far, so good. E quais são os deveres que este indivíduo tem perante a sociedade que tudo lhe deu? Educação, saúde, a oportunidade única de ser alguém. Praticamente sem custos! Quem é que vai cobrar esta factura aos digníssimos cidadãos?
Todas as relações implicam uma troca. Pode ser mais ou menos desiquilibrada. Mas existe necessariamente uma troca. O Estado sabe qual é o seu papel. E o cidadão, saberá qual é o seu papel? Qual é o seu contributo para o país? Haverá alguém a fazer esta pergunta?
Temos esta ideia de que o Estado nos leva dinheiro a mais para a qualidade dos serviços que nos são disponibilizados. Por outro lado, não abdicamos de forma nenhuma dos serviços do Estado, mesmo existindo alternativa para muitas pessoas. Que apareça algum partido a sugerir a privatização da saúde ou da educação e veremos quantos votos terá em eleições. Se estamos fartos que o Estado nos leve tudo e mais alguma coisa, precisamos de deixar de exigir que o Estado nos "ofereça" tudo.
Um cidadão português cedo começa a perceber que tem uma série de direitos inalienáveis: quando vai ao hospital não paga nada, frequenta a escola sem nada lhe cobrarem, os avós recebem a sua reforma, o pai quando ficou desempregado teve direito a um subsídio de desemprego e a mãe direito a baixa quando partiu o braço. So far, so good. E quais são os deveres que este indivíduo tem perante a sociedade que tudo lhe deu? Educação, saúde, a oportunidade única de ser alguém. Praticamente sem custos! Quem é que vai cobrar esta factura aos digníssimos cidadãos?
Todas as relações implicam uma troca. Pode ser mais ou menos desiquilibrada. Mas existe necessariamente uma troca. O Estado sabe qual é o seu papel. E o cidadão, saberá qual é o seu papel? Qual é o seu contributo para o país? Haverá alguém a fazer esta pergunta?
Temos esta ideia de que o Estado nos leva dinheiro a mais para a qualidade dos serviços que nos são disponibilizados. Por outro lado, não abdicamos de forma nenhuma dos serviços do Estado, mesmo existindo alternativa para muitas pessoas. Que apareça algum partido a sugerir a privatização da saúde ou da educação e veremos quantos votos terá em eleições. Se estamos fartos que o Estado nos leve tudo e mais alguma coisa, precisamos de deixar de exigir que o Estado nos "ofereça" tudo.
Tuesday, September 15, 2009
O Banco Central Europeu
Antes do início da crise em 2008, o BCE (Banco Central Europeu) manteve a taxa de referência altíssima (chegou aos 4,75%) com o pretexto de controlar a inflacção, refreando o consumo. Basicamente, se as pessoas tiverem menos poder de compra, consomem menos e todas as partes da cadeia de produção (seja de bens ou de serviços) tendem igualmente a ser renitentes ao facto de aumentar o preço dos produtos/serviços, sob pena de perder volume de vendas. Conseguiria assim o BCE evitar as ditas bolhas.
Esta política foi contestada por muitos governos, que na altura tinham os seus défices controlados e de acordo com o Pacto de Estabilidade (défices a rondar os 3%, Portugal incluído), e que viam na política do BCE um instrumento que retirava aos orçamentos de Estado receita essencial que provinha do consumo.
Ora, se o dinheiro não vem de um lado, vem de outro. E vai de carregar a populaça com impostos. Portugal foi um excelente exemplo dessa estratégia e a realidade é esta: nos últimos 4 anos a carga fiscal subiu para todos. Gritem portanto, os políticos sobre as estradas, escolas, subsídios, TGV's e aeroportos adquiridos e gritem depois os seus eleitores com a corda na respectiva garganta.
Entretanto, as circunstâncias mudaram e como diria Ortega y Gasset, "O homem é o homem e as suas circunstâncias". Desde a crise de confiança instalada com a queda do Lehman, a necessidade de se injectar massivamente capital nos mercados foi suprema (nada a contestar aqui), logo, o défice, inevitavelmente, disparou em todos os países (em Portugal está perto dos 7%, quando o Pacto de Estabilidade previa os tais 3%). Trichet, o homem forte do BCE apela agora a que se recupere da escorregadela sem mexer na parte tributária, ou seja, reduzir a despesa em vez de aumentar os impostos.
Cada promessa dos políticos, portugueses nomeadamente, é um incentivo ao aumento da despesa. Já para não falar no grau de endividamento externo aterrorizante que temos urgentemente de reduzir (quase 100%). Portanto, a pescadinha de rabo na boca que vos querem oferecer, significa impostos até à ponta dos cabelos daqui a um ano, porque até ao pescoço, já eles andam.
Mais regalias do Estado, não significam necessariamente mais qualidade de vida. Quem paga o que utilizamos, somos nós, não é o Estado. Trabalhamos meia vida em nome da igualdade, outro quarto para os chicos-espertos, e o restante para nós.
Esta política foi contestada por muitos governos, que na altura tinham os seus défices controlados e de acordo com o Pacto de Estabilidade (défices a rondar os 3%, Portugal incluído), e que viam na política do BCE um instrumento que retirava aos orçamentos de Estado receita essencial que provinha do consumo.
Ora, se o dinheiro não vem de um lado, vem de outro. E vai de carregar a populaça com impostos. Portugal foi um excelente exemplo dessa estratégia e a realidade é esta: nos últimos 4 anos a carga fiscal subiu para todos. Gritem portanto, os políticos sobre as estradas, escolas, subsídios, TGV's e aeroportos adquiridos e gritem depois os seus eleitores com a corda na respectiva garganta.
Entretanto, as circunstâncias mudaram e como diria Ortega y Gasset, "O homem é o homem e as suas circunstâncias". Desde a crise de confiança instalada com a queda do Lehman, a necessidade de se injectar massivamente capital nos mercados foi suprema (nada a contestar aqui), logo, o défice, inevitavelmente, disparou em todos os países (em Portugal está perto dos 7%, quando o Pacto de Estabilidade previa os tais 3%). Trichet, o homem forte do BCE apela agora a que se recupere da escorregadela sem mexer na parte tributária, ou seja, reduzir a despesa em vez de aumentar os impostos.
Cada promessa dos políticos, portugueses nomeadamente, é um incentivo ao aumento da despesa. Já para não falar no grau de endividamento externo aterrorizante que temos urgentemente de reduzir (quase 100%). Portanto, a pescadinha de rabo na boca que vos querem oferecer, significa impostos até à ponta dos cabelos daqui a um ano, porque até ao pescoço, já eles andam.
Mais regalias do Estado, não significam necessariamente mais qualidade de vida. Quem paga o que utilizamos, somos nós, não é o Estado. Trabalhamos meia vida em nome da igualdade, outro quarto para os chicos-espertos, e o restante para nós.
Monday, September 14, 2009
Os Indecisos
No último sábado, Sócrates e Ferreira Leite protagonizaram um debate Melhoral. Os seus fiéis seguidores regozijaram-se com ambas as prestações, mas os indecisos, o tal "centrão" que determina quem ganha e quem perde eleições, ficou depois deste debate, exactamente na mesma.
Depois de espremido todo o debate realço três situações: a desonestidade intelectual de Sócrates (e que político é intelectualmente honesto?), a capacidade de resposta de Ferreira Leite e a dicotomia ideológica que o debate conseguiu fazer transparecer.
Sócrates adoptou ao longo de todos os debates uma táctica: questionar os adversários sobre medidas específicas do programa dos respectivos partidos (Portas e Louçã) e no caso particular de Ferreira Leite um mix: medidas do programa e a sua anterior governação. Repare-se que quem governou nos últimos 4 anos foi Sócrates, portanto se existia alguém que precisava de ser escrutinado seria o próprio Sócrates. É mérito seu portanto, ter conseguido passar ao ataque, quando na verdade, se esperava que a sua posição seria a defesa. Portas respondeu à altura "Vá interrogar os seus camaradas", Louçã viu-se a jogar à defesa perdendo claramente o debate e Ferreira Leite acabou por se esquivar relativamente bem às investidas socráticas. Basicamente, Sócrates questionou Ferreira Leite sobre decisões tomadas há 6 anos, num contexto absolutamente diferente; o acordo sobre o TGV por exemplo, foi assinado quando a dívida externa portuguesa era de 14%. Agora está perto dos 100%. Descontextualizou uma série de decisões tomadas há anos, daí eu dizer que se limitou à prática da demagogia.
Relativamente às opções ideológicas, houve um ponto que ficou claro: o PS, terá sempre um discurso de apoio social. À primeira vista, é uma ideia sedutora e deixa-nos com uma sensação de confiança, ter um Estado que nos vai apoiar em caso de azar (desemprego, divórcio ou doença por exemplo). E se o Estado não for preciso para a maioria da população? Que tal termos dinheiro suficiente para pagar a nossa saúde, ser responsáveis o suficiente para não perdermos o nosso emprego,(e se o perdermos termos um pé de meia que nos sustente uns meses) e ter poder de compra suficiente para viver como europeus dignos de seu nome?
Disse Ferreira Leite e bem, o melhor que o Estado nos pode oferecer é riqueza. Os subsídios sociais são sinal de que as dificuldades existem e que a única capacidade que temos - e é a pior de todas - é paliativa, ou seja, incentiva-se as pessoas a ficarem em casa em vez de produzir. Quantas pessoas que recebem subsídio de desemprego dizem isto: "Fui a uma entrevista de emprego. O salário era de 650 euros. Recebo 550 do fundo de desemprego. Pra isso fico em casa." Esta ideia é completamente errada: para além do desempregado em causa ganhar mais dinheiro trabalhando, tem a possibilidade de evoluir na sua carreira. Em casa, sem trabalhar, isto nunca vai acontecer. As pessoas só fazem aquilo que a lei lhes permite. Outra desculpa habitual é a área de especialização: um contabilista não pode ir lavar escadas. Um informático não pode ser vendedor de bebidas. E por aí fora. A minha pergunta é, porquê? Porque é que um contabilista não pode trabalhar fora da sua área durante algum tempo até arranjar algo na sua área? Qual é o drama? Compreendo que seja frustrante, mas até arranjar melhor.. Porque não?
A ideia de apoio social baseada na ideia da igualdade (quando todos sabemos que para o bem e para o mal, alguns são mais iguais que outros) cria este tipo de desculpas esfarrapadas que só prejudicam, curiosamente, aqueles que trabalham, e beneficiam claro está, os preguiçosos.
Eu, um dos indecisos, e depois deste debate, confirmo o meu voto nulo no dia 27.
Depois de espremido todo o debate realço três situações: a desonestidade intelectual de Sócrates (e que político é intelectualmente honesto?), a capacidade de resposta de Ferreira Leite e a dicotomia ideológica que o debate conseguiu fazer transparecer.
Sócrates adoptou ao longo de todos os debates uma táctica: questionar os adversários sobre medidas específicas do programa dos respectivos partidos (Portas e Louçã) e no caso particular de Ferreira Leite um mix: medidas do programa e a sua anterior governação. Repare-se que quem governou nos últimos 4 anos foi Sócrates, portanto se existia alguém que precisava de ser escrutinado seria o próprio Sócrates. É mérito seu portanto, ter conseguido passar ao ataque, quando na verdade, se esperava que a sua posição seria a defesa. Portas respondeu à altura "Vá interrogar os seus camaradas", Louçã viu-se a jogar à defesa perdendo claramente o debate e Ferreira Leite acabou por se esquivar relativamente bem às investidas socráticas. Basicamente, Sócrates questionou Ferreira Leite sobre decisões tomadas há 6 anos, num contexto absolutamente diferente; o acordo sobre o TGV por exemplo, foi assinado quando a dívida externa portuguesa era de 14%. Agora está perto dos 100%. Descontextualizou uma série de decisões tomadas há anos, daí eu dizer que se limitou à prática da demagogia.
Relativamente às opções ideológicas, houve um ponto que ficou claro: o PS, terá sempre um discurso de apoio social. À primeira vista, é uma ideia sedutora e deixa-nos com uma sensação de confiança, ter um Estado que nos vai apoiar em caso de azar (desemprego, divórcio ou doença por exemplo). E se o Estado não for preciso para a maioria da população? Que tal termos dinheiro suficiente para pagar a nossa saúde, ser responsáveis o suficiente para não perdermos o nosso emprego,(e se o perdermos termos um pé de meia que nos sustente uns meses) e ter poder de compra suficiente para viver como europeus dignos de seu nome?
Disse Ferreira Leite e bem, o melhor que o Estado nos pode oferecer é riqueza. Os subsídios sociais são sinal de que as dificuldades existem e que a única capacidade que temos - e é a pior de todas - é paliativa, ou seja, incentiva-se as pessoas a ficarem em casa em vez de produzir. Quantas pessoas que recebem subsídio de desemprego dizem isto: "Fui a uma entrevista de emprego. O salário era de 650 euros. Recebo 550 do fundo de desemprego. Pra isso fico em casa." Esta ideia é completamente errada: para além do desempregado em causa ganhar mais dinheiro trabalhando, tem a possibilidade de evoluir na sua carreira. Em casa, sem trabalhar, isto nunca vai acontecer. As pessoas só fazem aquilo que a lei lhes permite. Outra desculpa habitual é a área de especialização: um contabilista não pode ir lavar escadas. Um informático não pode ser vendedor de bebidas. E por aí fora. A minha pergunta é, porquê? Porque é que um contabilista não pode trabalhar fora da sua área durante algum tempo até arranjar algo na sua área? Qual é o drama? Compreendo que seja frustrante, mas até arranjar melhor.. Porque não?
A ideia de apoio social baseada na ideia da igualdade (quando todos sabemos que para o bem e para o mal, alguns são mais iguais que outros) cria este tipo de desculpas esfarrapadas que só prejudicam, curiosamente, aqueles que trabalham, e beneficiam claro está, os preguiçosos.
Eu, um dos indecisos, e depois deste debate, confirmo o meu voto nulo no dia 27.
Sunday, September 13, 2009
Saturday, September 12, 2009
A opinião absolutista
Existe uma mania nos opinadores portugueses, de arrasar tudo aquilo que não vá de encontro aos seus gostos pessoais. Apesar de não ter nenhum registo que me permita afirmar esta verdade como universal, um recente encadeamento de episódios permitem-me falar sobre a matéria.
Clara Ferreira Alves na sua coluna do Expresso desta semana diz que é "coleccionadora de cidades" e que as prefere à grande natureza por a última ser "vagamente opressiva".
Luísa Castelo Branco noutra qualquer publicação diz que prefere a praia de inverno por uma série de razões. De verão é só miúdos, nuns sítios a água é gelada e noutros é tão quente que parece sopa. Portanto, de inverno é que é.
Miguel Sousa Tavares, todas as semanas sem excepção frisa os seus pontos de vista, arrasando outros. O governo aplica a lei do tabaco em restaurantes mas não faz nada sobre as crianças que fazem barulho nos mesmo locais (!).
Há mais exemplos. A minha pergunta é esta: porque é que para expor uma opinião é necessário arrasar o campo contrário? Se gosta de cidades, tudo bem, há quem goste de campo. Se gosta de praia de inverno, tudo bem, mas será que o número estrondoso de pessoas que vão à praia no verão são dementes para não perceber que no inverno é melhor? E as crianças, antes dos cigarros, já pertenciam a este mundo, e ao que parece, precisam de se alimentar como as outras pessoas.
Que argumentos são estes? Servem apenas um propósito absolutista, quase ditatorial de opinião, para reforçar um determinado ponto de vista. Teremos que ser tão acutilantes perante o mundo para justificar as nossas manias?
Clara Ferreira Alves na sua coluna do Expresso desta semana diz que é "coleccionadora de cidades" e que as prefere à grande natureza por a última ser "vagamente opressiva".
Luísa Castelo Branco noutra qualquer publicação diz que prefere a praia de inverno por uma série de razões. De verão é só miúdos, nuns sítios a água é gelada e noutros é tão quente que parece sopa. Portanto, de inverno é que é.
Miguel Sousa Tavares, todas as semanas sem excepção frisa os seus pontos de vista, arrasando outros. O governo aplica a lei do tabaco em restaurantes mas não faz nada sobre as crianças que fazem barulho nos mesmo locais (!).
Há mais exemplos. A minha pergunta é esta: porque é que para expor uma opinião é necessário arrasar o campo contrário? Se gosta de cidades, tudo bem, há quem goste de campo. Se gosta de praia de inverno, tudo bem, mas será que o número estrondoso de pessoas que vão à praia no verão são dementes para não perceber que no inverno é melhor? E as crianças, antes dos cigarros, já pertenciam a este mundo, e ao que parece, precisam de se alimentar como as outras pessoas.
Que argumentos são estes? Servem apenas um propósito absolutista, quase ditatorial de opinião, para reforçar um determinado ponto de vista. Teremos que ser tão acutilantes perante o mundo para justificar as nossas manias?
Friday, September 11, 2009
A falácia do BE
O Bloco de Esquerda, criado há cerca de 10 anos, será nestas eleições, segundo alguns analistas, o terceiro poder, ou seja, o terceiro partido com mais votos. O que é que leva um partido de extrema-esquerda a ter tantos votos?
Em primeiro lugar, a falta de estudo e desinteresse pela História. Quem vota BE, deve antes de mais estudar o comunismo e perceber quais foram as consequências da aplicação prática deste sistema. Não há um único país, um que seja, onde o sistema tivesse sido aplicado e tivesse resultado. Não há um singelo exemplo que se possa invocar. Inflação estrondosa, fome perversa, repressão brutal e anos a fio para recuperar destes imbróglios. Goste-se ou não é isto que o comunismo tem para oferecer. Seja marxismo, leninismo, trotskismo ou whateverismo.
Por outro lado, há pessoas que votam Bloco, mesmo tendo consciência da desgraça que seria ter gente desta estirpe no poder. Fazem-no porque entendem que os poderes devem estar contrabalançados, ou seja, para uma determinada lei passar será necessário o Bloco votar em conformidade. Este exercício perigosíssimo já colocou partidos extremistas no poder, na medida em que, nunca os eleitores pensavam que este tipo de partidos teriam votos suficientes para governar um país, verificando-se depois o contrário, através de coligações por exemplo.
A última das culpas vai para os partidos que estão no poder. Existe um sentimento generalizado de revolta (silenciosa até certo ponto leia-se) em Portugal. Nenhum "graúdo" - como o povo lhes chama - é preso, os políticos continuam nos seus tachos e quando saem da política, as chorudas reformas contrastam com a dos idosos que se governam com 200 e poucos euros por mês. Este sistema altamente díspar e injusto, leva a que num país de brandos costumes, onde a acção fica circunscrita a mesas de café, programas de TV e blogs, se opte por dois caminhos: a abstenção ou o voto de protesto. Entre um e outro, venha o diabo e escolha.
O programa do BE, entre várias acutilâncias de cordel, deixou-me perplexo com uma medida. Terminar com as deduções fiscais para o ensino e saúde do sector privado. O argumento é que estes sectores devem estar à disposição dos cidadãos gratuitamente, e trata-se portanto, de desincentivar os pais de colocarem os seus filhos em escolas privadas e de tentar terminar com o sector privado da saúde.
Repercussões: a mais directa, são as famílias que optam pelo privado ficarem inevitavelmente com menos dinheiro, na medida em que têm mais carga fiscal.
Depois, é uma limitação à liberdade que a extrema-esquerda, regra geral, tanto defende. As pessoas não têm a liberdade de acesso ao sector privado como têm no sector público, porque como já disse, são penalizadas fazendo-o.
Escusado será dizer que o desiquilibrio das contas públicas seria assombroso. Aquilo que se pouparia ao terminar com as deduções fiscais referidas, não dá nem para começar a pensar em como tapar o rombo no défice. Imagine-se que a grande maioria das pessoas decidia colocar os seus filhos em escolas públicas e que essa mesma maioria começaria agora a recorrer exclusivamente ao Serviço Nacional de Saúde. Dinheiro para isto tudo? É muito engraçado - em teoria - colocar o Estado a disponibilizar tudo, contudo, é mais complicado fazê-lo depois de estar no poder, ou seja, responsabilizar-se pelo orçamento do país, de preferência, sem o levar à bancarrota.
Votem em quem quiserem, lembrem-se só que não há almoços grátis. Muito menos no comunismo.
Em primeiro lugar, a falta de estudo e desinteresse pela História. Quem vota BE, deve antes de mais estudar o comunismo e perceber quais foram as consequências da aplicação prática deste sistema. Não há um único país, um que seja, onde o sistema tivesse sido aplicado e tivesse resultado. Não há um singelo exemplo que se possa invocar. Inflação estrondosa, fome perversa, repressão brutal e anos a fio para recuperar destes imbróglios. Goste-se ou não é isto que o comunismo tem para oferecer. Seja marxismo, leninismo, trotskismo ou whateverismo.
Por outro lado, há pessoas que votam Bloco, mesmo tendo consciência da desgraça que seria ter gente desta estirpe no poder. Fazem-no porque entendem que os poderes devem estar contrabalançados, ou seja, para uma determinada lei passar será necessário o Bloco votar em conformidade. Este exercício perigosíssimo já colocou partidos extremistas no poder, na medida em que, nunca os eleitores pensavam que este tipo de partidos teriam votos suficientes para governar um país, verificando-se depois o contrário, através de coligações por exemplo.
A última das culpas vai para os partidos que estão no poder. Existe um sentimento generalizado de revolta (silenciosa até certo ponto leia-se) em Portugal. Nenhum "graúdo" - como o povo lhes chama - é preso, os políticos continuam nos seus tachos e quando saem da política, as chorudas reformas contrastam com a dos idosos que se governam com 200 e poucos euros por mês. Este sistema altamente díspar e injusto, leva a que num país de brandos costumes, onde a acção fica circunscrita a mesas de café, programas de TV e blogs, se opte por dois caminhos: a abstenção ou o voto de protesto. Entre um e outro, venha o diabo e escolha.
O programa do BE, entre várias acutilâncias de cordel, deixou-me perplexo com uma medida. Terminar com as deduções fiscais para o ensino e saúde do sector privado. O argumento é que estes sectores devem estar à disposição dos cidadãos gratuitamente, e trata-se portanto, de desincentivar os pais de colocarem os seus filhos em escolas privadas e de tentar terminar com o sector privado da saúde.
Repercussões: a mais directa, são as famílias que optam pelo privado ficarem inevitavelmente com menos dinheiro, na medida em que têm mais carga fiscal.
Depois, é uma limitação à liberdade que a extrema-esquerda, regra geral, tanto defende. As pessoas não têm a liberdade de acesso ao sector privado como têm no sector público, porque como já disse, são penalizadas fazendo-o.
Escusado será dizer que o desiquilibrio das contas públicas seria assombroso. Aquilo que se pouparia ao terminar com as deduções fiscais referidas, não dá nem para começar a pensar em como tapar o rombo no défice. Imagine-se que a grande maioria das pessoas decidia colocar os seus filhos em escolas públicas e que essa mesma maioria começaria agora a recorrer exclusivamente ao Serviço Nacional de Saúde. Dinheiro para isto tudo? É muito engraçado - em teoria - colocar o Estado a disponibilizar tudo, contudo, é mais complicado fazê-lo depois de estar no poder, ou seja, responsabilizar-se pelo orçamento do país, de preferência, sem o levar à bancarrota.
Votem em quem quiserem, lembrem-se só que não há almoços grátis. Muito menos no comunismo.
Thursday, September 10, 2009
Os debates
Já disse por aqui, que a pior herança de Salazar, foi o facto de não o conseguirmos esquecer. À mínima situação passível de comentário, de imediato se levantam as vozes pela igualdade de direitos e pelo possível regresso do fascismo (capacite-se Portugal que duas coisas não regressam: D. Sebastião e Salazar); foi assim sobre a pequena polémica relativa à marcação de debates entre candidatos às eleições legislativas. O último governante a aceitar debates com todos os líderes foi Guterres em 99; o formato preferido por Sócrates seria um debate individual com Ferreira Leite e outro com os 4 candidatos.
Os debates - alegadamente - servem para elucidar os eleitores sobre as ideias dos candidatos. Expliquem-me agora, para que é que serviu o debate Louçã/Jerónimo? Não foi sequer um debate. Limitaram-se a debitar o normal discurso patético da extrema esquerda. Em nome de quê se fez um debate inútil? Da igualdade de oportunidades e de outros supremos valores. Instrumentalizar estes valores com o propósito de aparecer e ter mais audiência e notoriedade é contrário ao espírito destes mesmos princípios. Desconfie-se portanto, dos arautos da "igualdade".
Os debates - alegadamente - servem para elucidar os eleitores sobre as ideias dos candidatos. Expliquem-me agora, para que é que serviu o debate Louçã/Jerónimo? Não foi sequer um debate. Limitaram-se a debitar o normal discurso patético da extrema esquerda. Em nome de quê se fez um debate inútil? Da igualdade de oportunidades e de outros supremos valores. Instrumentalizar estes valores com o propósito de aparecer e ter mais audiência e notoriedade é contrário ao espírito destes mesmos princípios. Desconfie-se portanto, dos arautos da "igualdade".
Wednesday, September 9, 2009
O Elitismo
O elitismo é em certa medida algo paradoxal. Em primeiro lugar, o que é que faz com que alguém pense que faz parte de uma elite? Independentemente da área, essa pessoa pensa que terá conhecimentos, prática e superioridade intelectual sobre as massas relativamente a uma dada matéria. Assume, regra geral, uma atitude pedante, arrogante e petulante (não me lembro de mais adjectivos acabados em ante, podem enviar sugestões via email). Perante este cenário riquíssimo, a elite, sabedora daquilo que as massas alegadamente não sabem, tem várias preocupações que passo agora a enunciar.
Um elitista musical tem que respeitar uma série de regras: deve investigar de forma obsessiva as áreas musicais do seu interesse, sendo que antes disso, é impreterível que escolha estilos musicais fora do mainstream. Na eventualidade de encontrar um artista ou uma banda que seja do seu agrado durante algum tempo mas que, por obra do diabo, se torne mainstream, deve imediatamente espalhar aos quatro ventos que a banda era fora de série, mas que agora se tornou demasiado comercial. Outra característica fundamental é a crítica constante à música mainstream. Inclusive e se possível deve manifestar o seu absoluto desagrado com aqueles fenómenos musicais que nos verões, tradicionalmente, invadem os rádios e Ipod's de grande parte da população. Deve queixar-se deste tipo de fenómenos como se de um vírus se tratasse. Como se lhe fizesse uma confusão tremenda ao ponto de provocar uma dor de cabeça ou um pseudo-esgotamento. Nesta busca constante por estilos novos, ritmos e sonoridades diferentes do que a "manada" procura, naturalmente, a elite acaba por fazer o mesmo que o mainstream: ouve um tipo pré-determinado de música, onde o que cai fora do círculo fica para a malta do mainstream. É naturalíssimo por exemplo, que de início a elite adorava Deolinda. Agora contudo, já está um pouco mainstream. Aposto que o próximo albúm de Deolinda já será "meio comercial". O substituto já foi encontrado contudo! Oquestrada..! É diferente o suficiente e sempre dá para uns bons 6 meses até ser declarado anti-elite.
Passemos à escrita.
O elitista da escrita é mais ou menos idêntico ao musical. Na sua inesgotável inteligência não consegue entender como é que alguém lê Sousa Tavares ou Dan Brown. Milhões de livros vendidos são sinónimo de má qualidade. Sem nunca terem lido o livro pré-formatam o cérebro com ideias disparatadas sobre conteúdos livrescos. Andam sempre em busca do próximo grande pequeno autor e claro, lêem os clássicos, que já ninguém lê. Não tenho nada contra clássicos, tenho contra quem apregoa aos sete ventos que os clássicos é que são! Como se no mundo que vivemos e com a variedade literária disponível exista só uma verdade.
Por último, as definições de elitismo são elas próprias elucidativas do estado de espírito algo patológico dos que se inserem nesta definição:
- "Consciência ou convicção de pertencer a uma elite" (os tais que acham que pertencem a algo que só existe na cabeça deles próprios)
- "Convicção da superioridade das elites e dos seus membros" (a tal pancada snobe de superioridade)
- "Sistema sociopolítico que visa a formação de elites, mas que despreza as massas" (o desejo de ser um grupo pequeno por forma a ser notado)
Em resumo, o elitismo não passa de uma mistura de desejo de afiliação, protagonismo e um estado de espírito de "eu quero ser catalogado de qualquer coisa".
Um elitista musical tem que respeitar uma série de regras: deve investigar de forma obsessiva as áreas musicais do seu interesse, sendo que antes disso, é impreterível que escolha estilos musicais fora do mainstream. Na eventualidade de encontrar um artista ou uma banda que seja do seu agrado durante algum tempo mas que, por obra do diabo, se torne mainstream, deve imediatamente espalhar aos quatro ventos que a banda era fora de série, mas que agora se tornou demasiado comercial. Outra característica fundamental é a crítica constante à música mainstream. Inclusive e se possível deve manifestar o seu absoluto desagrado com aqueles fenómenos musicais que nos verões, tradicionalmente, invadem os rádios e Ipod's de grande parte da população. Deve queixar-se deste tipo de fenómenos como se de um vírus se tratasse. Como se lhe fizesse uma confusão tremenda ao ponto de provocar uma dor de cabeça ou um pseudo-esgotamento. Nesta busca constante por estilos novos, ritmos e sonoridades diferentes do que a "manada" procura, naturalmente, a elite acaba por fazer o mesmo que o mainstream: ouve um tipo pré-determinado de música, onde o que cai fora do círculo fica para a malta do mainstream. É naturalíssimo por exemplo, que de início a elite adorava Deolinda. Agora contudo, já está um pouco mainstream. Aposto que o próximo albúm de Deolinda já será "meio comercial". O substituto já foi encontrado contudo! Oquestrada..! É diferente o suficiente e sempre dá para uns bons 6 meses até ser declarado anti-elite.
Passemos à escrita.
O elitista da escrita é mais ou menos idêntico ao musical. Na sua inesgotável inteligência não consegue entender como é que alguém lê Sousa Tavares ou Dan Brown. Milhões de livros vendidos são sinónimo de má qualidade. Sem nunca terem lido o livro pré-formatam o cérebro com ideias disparatadas sobre conteúdos livrescos. Andam sempre em busca do próximo grande pequeno autor e claro, lêem os clássicos, que já ninguém lê. Não tenho nada contra clássicos, tenho contra quem apregoa aos sete ventos que os clássicos é que são! Como se no mundo que vivemos e com a variedade literária disponível exista só uma verdade.
Por último, as definições de elitismo são elas próprias elucidativas do estado de espírito algo patológico dos que se inserem nesta definição:
- "Consciência ou convicção de pertencer a uma elite" (os tais que acham que pertencem a algo que só existe na cabeça deles próprios)
- "Convicção da superioridade das elites e dos seus membros" (a tal pancada snobe de superioridade)
- "Sistema sociopolítico que visa a formação de elites, mas que despreza as massas" (o desejo de ser um grupo pequeno por forma a ser notado)
Em resumo, o elitismo não passa de uma mistura de desejo de afiliação, protagonismo e um estado de espírito de "eu quero ser catalogado de qualquer coisa".
Sunday, September 6, 2009
A solução
Exportar!
Em Portugal nada temos para exportar. A terra não é competitiva o suficiente. Em matéria de serviços, não conseguimos captar investimento, portanto nem vale a pena tentarmos seguir por aí. O vinho do Porto não chega e o turismo por si só também não. Amorim e as suas rolhas dão uma ajuda, mas precisamos de mais e mais Amorins.
Como é que se criam empresas com capacidade de exportação? Desenvolvendo soluções nessas empresas que sejam competitivas globalmente, através de pessoal qualificado e de investigação. Em suma, precisamos de mais qualificação. Urgentemente. O governo, aquilo que tem de fazer, é investir o que puder nestas áreas e esperar se calhar uma década que a coisa dê a volta. Investimento público, ou captação de receita descendo os impostos e mantendo o ritmo de despesa dos últimos anos são receitas para o desastre.
Em Portugal nada temos para exportar. A terra não é competitiva o suficiente. Em matéria de serviços, não conseguimos captar investimento, portanto nem vale a pena tentarmos seguir por aí. O vinho do Porto não chega e o turismo por si só também não. Amorim e as suas rolhas dão uma ajuda, mas precisamos de mais e mais Amorins.
Como é que se criam empresas com capacidade de exportação? Desenvolvendo soluções nessas empresas que sejam competitivas globalmente, através de pessoal qualificado e de investigação. Em suma, precisamos de mais qualificação. Urgentemente. O governo, aquilo que tem de fazer, é investir o que puder nestas áreas e esperar se calhar uma década que a coisa dê a volta. Investimento público, ou captação de receita descendo os impostos e mantendo o ritmo de despesa dos últimos anos são receitas para o desastre.
A Falácia do PS
John Maynard Keynes, um brilhante economista, defendeu que o investimento do Estado era essencial para o desenvolvimento da economia dos países. Defendeu esta teoria nos anos 30 do séc. XX, vivia-se à época os duros anos decorrentes da Grande Depressão. Uma situação portanto, específica e que exigia medidas drásticas. Os seus conselhos foram seguidos e as economias recuperaram. Mais tarde, grande parte dos países desenvolvidos começou a aliviar a presença do Estado e a dar lugar ao mercado como catalisador do desenvolvimento dos respectivos países. Em Portugal, os tais 30 anos de atraso que se diz termos, têm o seu peso.
Depois da revolução de 74, com a economia de pantanas graças ao Dr. Salazar, olhou-se para o investimento público como uma forma de modernizar o país e ao mesmo tempo criar emprego e condições para múltiplos sectores se desenvolverem. O que é que o PS propõe 35 anos depois?
Em primeiro lugar, a manutenção de todos os serviços que o Estado disponibiliza aos seus cidadãos "gratuitamente".
Em segundo lugar, a continuação da solução do investimento público como motor da economia, nomeadamente através do popular TGV ou do novo aeroporto.
Qual é o lado negro, deste aparente sonho social? Os serviços prestados pelo Estado são pagos por alguém, ou seja, por todos os que pagam impostos: as pessoas individuais e as empresas. Ora, que forma é que o PS utiliza para captar mais receita? Através dos referidos investimentos públicos. Qual é o retorno das inúmeras estradas, pontes, viadutos, rotundas, hospitais, escolas? A julgar pelos impostos que pagamos, nada. Porque se o investimento dos últimos anos surtisse algum efeito real para a economia a esta altura não pagávamos tantos impostos e os nossos salários não seriam tão baixos.
Investimento público? Só em casos de extrema necessidade e depois de esgotadas todas as possibilidades. Utilizá-lo como modelo de desenvolvimento? Não resolve em nada os problemas de crescimento da nossa economia.
Depois da revolução de 74, com a economia de pantanas graças ao Dr. Salazar, olhou-se para o investimento público como uma forma de modernizar o país e ao mesmo tempo criar emprego e condições para múltiplos sectores se desenvolverem. O que é que o PS propõe 35 anos depois?
Em primeiro lugar, a manutenção de todos os serviços que o Estado disponibiliza aos seus cidadãos "gratuitamente".
Em segundo lugar, a continuação da solução do investimento público como motor da economia, nomeadamente através do popular TGV ou do novo aeroporto.
Qual é o lado negro, deste aparente sonho social? Os serviços prestados pelo Estado são pagos por alguém, ou seja, por todos os que pagam impostos: as pessoas individuais e as empresas. Ora, que forma é que o PS utiliza para captar mais receita? Através dos referidos investimentos públicos. Qual é o retorno das inúmeras estradas, pontes, viadutos, rotundas, hospitais, escolas? A julgar pelos impostos que pagamos, nada. Porque se o investimento dos últimos anos surtisse algum efeito real para a economia a esta altura não pagávamos tantos impostos e os nossos salários não seriam tão baixos.
Investimento público? Só em casos de extrema necessidade e depois de esgotadas todas as possibilidades. Utilizá-lo como modelo de desenvolvimento? Não resolve em nada os problemas de crescimento da nossa economia.
A Falácia do PSD
Tradicionalmente, os partidos de direita - um pouco por todo o mundo - defendem um alívio fiscal para as empresas; desta forma as empresas podem ter mais capital para fazer investimentos, desenvolver novos produtos e serviços, vender mais e claro está, gerar mais receita através de impostos para o Estado. So far, so good. Qual é o drama então? Nos outros países, estes partidos de direita, ao defenderem o alívio da carga fiscal para as empresas, defendem também que o Estado só terá capacidade para suportar os desempregados, os serviços de saúde, em resumo, todos aqueles serviços que em Portugal são grátis, na medida em que o défice do Estado o permitir.
Em Portugal, o PSD, defende estes apoios às empresas, mas depois tem um discurso em que mantém todas as benesses em vigor. A população continua a ter tudo a que tem direito, a receita através dos impostos é reduzida e naturalmente os problemas aparecem. À conta da Dra. Leite tivémos que nos empenhar junto do Citybank por forma a que o limite do défice fosse respeitado. Temos então, o melhor de dois mundos: menos impostos para as empresas e os mesmo serviços para todos. Não há é dinheiro para tudo.
Em Portugal, o PSD, defende estes apoios às empresas, mas depois tem um discurso em que mantém todas as benesses em vigor. A população continua a ter tudo a que tem direito, a receita através dos impostos é reduzida e naturalmente os problemas aparecem. À conta da Dra. Leite tivémos que nos empenhar junto do Citybank por forma a que o limite do défice fosse respeitado. Temos então, o melhor de dois mundos: menos impostos para as empresas e os mesmo serviços para todos. Não há é dinheiro para tudo.
Friday, September 4, 2009
Ala Guedes que se faz tarde
Discute-se incessantemente a saída de Manuela Moura Guedes da TVI. Em política, para o bem e para o mal, aquilo que parece óbvio, regra geral, não é. O que é que ganhava o PS com este aparato todo a 3 semanas de eleições? Nada. Pelo contrário. Os indecisos não vão votar num partido que controla os media - todos os partidos dignos de seu nome pressionam a imprensa, mas tudo bem, vivam na ilusão que não é assim -, pois neste glorioso país a única coisa que nos indigna ardentemente é o revogar dos nossos inalienáveis direitos pós-25 de Abril. Neste caso em particular, a alegada restrição da liberdade de imprensa.
Sabendo o PS que nada ganharia com esta saída, e ninguém no PS é estúpido a este ponto, quem é que beneficiaria com toda esta salganhada? O PSD e o CDS. A direita portanto. Não me parece que se trata de um Governo salazarento que quer derrubar umas vozes pseudo-incómodas. Parece-me mais um golpe de direita do que outra coisa qualquer. My 2 cents on the subject.
Sabendo o PS que nada ganharia com esta saída, e ninguém no PS é estúpido a este ponto, quem é que beneficiaria com toda esta salganhada? O PSD e o CDS. A direita portanto. Não me parece que se trata de um Governo salazarento que quer derrubar umas vozes pseudo-incómodas. Parece-me mais um golpe de direita do que outra coisa qualquer. My 2 cents on the subject.
Tuesday, September 1, 2009
Fracturas de novo
No último post acabei por não falar sobre os temas fracturantes; é uma questão com tendência para definir - ou não - a tendência modernista (ou não de novo) dos partidos. Sabe-se que os partidos de direita (PSD, CDS) são mais tradicionalistas, dando ênfase à família enquanto núcleo catalisador de formação de uma sociedade justa, igualitária, yadda, yadda, yadda
Por sua vez, os partidos de esquerda (PS..) e extrema-esquerda (PCP, BE, Verdes) são partidos ditos progressistas, ou seja, a favor da despenalização do aborto, do casamento entre pessoas do mesmo sexo, yadda, yadda, yadda.
Considerando que estas questões são marcos de evolução na sociedade que consequências práticas têm a nível social? E económico? Para lá do calor da batalha, exemplifique-se a questão do veto à lei que alterava o regime das uniões de facto: quer-se por força desta lei dar os mesmos direitos às pessoas que vivem em união de facto, os mesmos direitos que têm as pessoas que se casam. Das duas uma: ou se acabam com as uniões de facto, ou se acabam com os casamentos. Se os direitos são iguais, para quê dar às coisas nomes diferentes? Mas calma! Já existiam casamentos (pelo menos perante a lei) antes de existirem uniões de facto. Mas antes de existir lei, já existiam uniões de facto.
Somos especialistas em discussões do ovo e da galinha.
Boa sorte.
Por sua vez, os partidos de esquerda (PS..) e extrema-esquerda (PCP, BE, Verdes) são partidos ditos progressistas, ou seja, a favor da despenalização do aborto, do casamento entre pessoas do mesmo sexo, yadda, yadda, yadda.
Considerando que estas questões são marcos de evolução na sociedade que consequências práticas têm a nível social? E económico? Para lá do calor da batalha, exemplifique-se a questão do veto à lei que alterava o regime das uniões de facto: quer-se por força desta lei dar os mesmos direitos às pessoas que vivem em união de facto, os mesmos direitos que têm as pessoas que se casam. Das duas uma: ou se acabam com as uniões de facto, ou se acabam com os casamentos. Se os direitos são iguais, para quê dar às coisas nomes diferentes? Mas calma! Já existiam casamentos (pelo menos perante a lei) antes de existirem uniões de facto. Mas antes de existir lei, já existiam uniões de facto.
Somos especialistas em discussões do ovo e da galinha.
Boa sorte.
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