Thursday, October 1, 2009

A origem da espécie


Não é sobre o livro do grande Darwin que hoje vos escrevo, mas sobre a expressão 'faz-me espécie'. Confesso que algumas expressões me irritam um pouco (não ao ponto de me enervar, mas quando as ouço, deixam-me desconfortável). Quando ouço alguém dizer "sou muito ecléctico" a sensação é idêntica. Não sei, não gosto e pronto. Contudo, a palavra ecléctico tem uma razão de existir (vem do grego, gostava de conhecer este grego, visto que tudo vem dele, e significa aquele que escolhe). Neste caso, mesmo não gostando, tenho que me aguentar (obrigadinho ó grego).

Agora o faz-me espécie é mais frustrante porque aparentemente, não tem rezão de ser. Revolvida a internet e os livros disponíveis ninguém consegue encontrar explicação para a expressão. O seu significado - causar estranheza - não encontra paralelo nem do ponto de vista epistemológico, nem do ponto de vista da tradição oral arcaica ou contemporânea. Porquê a espécie então?

Utilizamos a conjugação do verbo fazer, neste caso o "faz-me" ou "o que me faz", para normalmente definir um estado pessoal. "Essa manta faz-me calor", "Estás a fazer-me impressão com isso" e por aí fora. Compreende-se esta parte da expressão (faz-me espécie ou faz-me confusão são expressões idênticas). A parte da espécie é que ultrapassa todas as explicações plausíveis. Nem o significado actual de espécie, nem o grego (agora apanhei-te com esta ó grego!) conseguem explicar o "faz-me espécie".

Rapaziada, tudo isto, faz espécie. Os linguistas consideram a expressão como sendo correcta e de utilização livre e à patacoada.

De qualquer forma, lembre-se sempre que quando algo lhe fizer confusão.. a espécie não tem explicação.

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