Saturday, October 10, 2009

Batata quente


No Expresso de hoje, uma peça fala sobre um incidente envolvendo um rapaz de 14 anos alegadamente morto à queima roupa na sequência de uma perseguição. Da mesma peça faz parte uma coluna intitulada "Outras mortes evitáveis", ou seja, mortes que resultaram, como quer o jornalista fazer notar, de um comportamento policial, que por ser menos comedido, resultou na morte de alguém que não devia ter morrido (perdoe o leitor a espécie de redundância utilizada).

Uma primeira leitura põe-nos do lado de jovens que perderam a vida cedo. Vou tentar uma segunda leitura.

Todos estes incidentes têm algo em comum: os falecidos estavam todos a praticar um crime. O rapaz da notícia tinha roubado um Opel Corsa. Dos cavalheiros da dita coluna, um tentou roubar um fio a um GNR que estava fora de serviço mas armado, outra tentava fugir da esquadra onde estava preso partindo uma janela com uma sanita, o terceiro estava dentro do carro com o tio depois de terem roubado ferro velho, o quarto assaltava um carro e o quinto para não destoar fugia também à polícia.

Tudo bons rapazes.

A nossa sociedade tendencialmente compreensiva, humanista e pró-vida, indigna-se com actos policiais, supostamente, mais agressivos. Curiosamente, são os mesmo que se queixam do aumento da criminalidade e da violência crescente nela aplicada. Apesar de não concordar com a concessão de uma espécie de carta branca para as polícias (tudo tem o seu limite), nestes casos enunciados pelo Expresso, a realidade crua é esta: se estes indivíduos não estivessem a praticar crimes, nenhum deles tinha morrido. É importante analisar as causas antes de discorrer em páginas de conclusões.

Determinados actos têm consequências graves. E é a consciência de que existem punições para esses actos que contribuem também para a diminuição de criminalidade; as condições sócio-económicas contribuem para o crime, mas um sistema legislativo pouco dissuasor não deixa de ser um forte impulsionador à delinquência.

1 comment:

Unknown said...

Faço dos teus pensamentos os meus,sem tirar nem pôr!

País de paradoxos este o nosso.....

vasco