Tuesday, October 13, 2009

Competição


O socialismo é a antítese da competição. Os grandes ideais da igualdade e da solidariedade para com o próximo criam sentimentos de condenação e repulsa para com aqueles que têm objectivos e pretendem viver a sua vida para lá do Estado.

As melhores universidades do mundo encontram-se no Reino Unido e nos EUA. Têm métodos de trabalho que em Portugal levariam a processos judiciais, quem sabe, recorrendo a invectivas constitucionais dignas do PREC.

Em 2008, o aluno com média mais baixa a entrar em Harvard foi de 19,6 valores. Ficaram de fora excelentes alunos do mundo inteiro, mas é assim mesmo que funciona, não cabem todos. A propina anual ronda os 50.000 dólares. E repare nisto, mesmo com notas destas e a pagar todo este dinheiro, o aluno, em caso de mau aproveitamento (à partida não acontecerá, mas não se subestime nunca a parvoíce de uma mente jovem), pode ser afastado do curso em causa e até ser expulso da universidade. Não se ouve falar de casos destes por aí, e os que são expulsos, ficam caladinhos, para não prejudicar ainda mais a sua futura imagem no mercado de trabalho. A famosa expressão "My way or the highway" aplica-se na perfeição. Quer a legislação, quer a sociedade, apesar de defender e enaltecer as liberdades do individuo, lembra-o que ele tem que cumprir a sua parte do contrato. Não cumprindo, há consequências.

Uma coisa destas em Portugal é impensável. Pagar 50.000 euros e correr ainda o risco de ser expulso, ou ser pressionado para mudar de curso caso não tenha bom aproveitamento? Um ultraje na mente das gerações "grátis" e dos eternos direitos ganhos na bendita época pós-Salazar. Em Portugal assiste-se a um fenómeno inverso: as universidades públicas têm o seu prestígio (e ainda bem) e as universidades privadas (com honrosas e raras excepções) são mais conhecidas por um certo facilitismo, porque afinal de contas, o cliente está a pagar.

A continuar assim, torna-se difícil criar universidades de referência na esfera privada. As universidades privadas não têm que satisfazer o cliente como se este estivesse numa mercearia. O cliente, para além de não ter sempre razão, não pode ser visto como um cliente tradicional, a instituição deve inclusive, subjugar os alunos a apertados critérios de exigência, sem medo das consequências.

O conceito de democracia para ser equilibrado não pode fornecer uma fonte inesgotável de direitos, liberdades e garantias sem exigir nada em troca. Um bom exemplo que ilustra a influência de certas leis do tempo do 25 de Abril; esta é uma legislatura com possibilidade de revisão constitucional, vamos ver se no lamaçal de minorias, se consegue algo substancial.

1 comment:

Unknown said...

Ainda vivemos em um Estado de Direito, muitas vezes com mais deveres que direitos, mas é facto que a nossa Constituição assim determina!!! Mas será correcto a mentalidade da ainda arcaica sociedade que vivemos, acreditar que os jovens licenciados das públicas são melhores e mais merecedores de um "lugar ao sol" que os das privadas... sem nem sequer dar a oportunidade aos últimos de fazerem valer toda "energia financeira depositada nos bancos" da sua universidade???? Já faz um ano que procuro a resposta... coincidentemente o mesmo tempo que terminei a minha licenciatura, em uma privada, e continuo a procura do tal lugar ao sol!!! Estarei eu condenada a eterna "sombra"? Será que errei de curso, de universidade, de valores???... ou apenas estou presa em uma teia que cada vez se fortalece mais... pertencente a uma classe profissional que me expõe cada dia mais ao possível fracasso!!!! O que vale é que não me dou por vencida tão fácil....