Tuesday, October 20, 2009

Pequenos sarilhos


Grassa um desrespeito profundo pelas crianças. Apesar da maior parte dos especialistas indicar a importância fulcral deste período da vida do ser humano, continuam a ser ignoradas quase todas as recomendações, e já se sabe, na falta de educação, impera a ignorância e os maus costumes.

Minimizar as crianças. Isto é uma constante. Já me deparei diversas vezes com pais ou familiares a criticar a personalidade da criança em frente da mesma. Falam dela na terceira pessoa, como se não estivesse ali, sujeitando-a a um acto de humilhação perante terceiros, "A Joana é muito nervosa, muito hiperactiva, é um problema levantar-se e ir para a escola". Tudo problemas sem dúvida. Mas serão minorados com sessões de flagelação psicológica? Não me parece. Imagine o que era estar numa sala e duas pessoas começarem a falar de si - mal ainda por cima - e voçê tem que ficar calado/a a assistir ao espéctaculo. Nestes momentos criamos o terreno apropriado para estas crianças serem adolescentes problemáticos. "Não percebo porque é que o Pedro é tão revoltado" Depois digam que a culpa é do governo, da escola ou das companhias.

Todas as pessoas gostam de sentir que a sua missão está cumprida. Muitos pais têm o argumento monetário. "Nós sempre lhe demos tudo.. não sabemos como é que isto aconteceu." Ao contrário do que muitos pensam, eu não vejo grande drama em proporcionar uma vida com conforto material aos filhos. Aquilo que é necessário entender é que essa possibilidade não substitui o acompanhamento e a atenção de que as crianças necessitam. Não há mal nenhum em forrar um quarto a brinquedos. Desde que se entenda que os sentimentos que as crianças precisam de sentir enquanto crianças, não será proporcionado por uma Barbie, uma Wynx ou um GI Joe (não sei se ainda há destes tipos mas tudo bem). Não acho que os pais sejam o melhor brinquedo dos filhos (como afirmam muitos psicólogos), mas serão certamente o seu melhor.. ou pior professor.

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