Monday, November 30, 2009

Islamigrante


A Suiça, país de chocolates, relógios e contas bancárias chorudas, decidiu referendar uma questão incómoda: a utilização de minaretes em mesquitas. O resultado do referendo foi um rotundo não, estando agora a construção desse tipo de edifícios, limitada por legislação vigente e resultado da vontade do povo. Imperou a soberania e costumes de um país às vontades religiosas de uma cultura.

Para lá de vontades e mentalidades, a questão de fundo é esta: como é que se desenrola o equilíbrio entre os que querem tentar uma vida melhor noutro país e os que devem (?) acolhê-los? O fantasma do nacionalismo está bem presente em toda a Europa, que durante o século XX, sofreu na pele, o idealismo exacerbado da corrente isolacionista. Dentro desta lógica, existe vontade política no sentido de acolher emigrantes, basicamente por dois motivos e não pelos seus lindos olhos: mão-de-obra para trabalhos desqualificados e um boost na natalidade. A lenga lenga da integração e compreensão serve estes dois propósitos. A integração real, contudo, não é fácil. O esforço da integração deve ser maior por parte de quem chega, ou dos que cá estão? Num mundo ideal não haveria esforço, mas sabemos que vivemos num mundo para lá de imperfeito. O tempo passa e a memória também. Muitos países (Portugal incluído) fazem um teste linguístico e tornam o processo de legalização, ao contrário do que se pensa, cada vez mais burocratizado. Podes vir, mas com cuidado, é esta a mensagem.

Descobriremos, em pouco tempo julgo, os limites da igualdade europeia pós-guerra. A fossa entre o que os homens idealizam e aquilo que realmente acontece, cresce funda dentro de nós, curiosamente, no mesmo local de onde a mesma devia desaparecer.

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