Friday, November 13, 2009

Carta de Reclamação - O Desgosto


Depois da namorada pôr fim a 8 anos de namoro, um jovem de 23 anos decide suicidar-se, deixando claro está, a tradicional carta de suicídio.

"Olá Rita,

O que sinto hoje é tão avassalador como o dia em que te conheci. Mais avassalador que o primeiro beijo que te dei ou do que te disse ao ouvido naquele dia no metro. A intensidade desta dor supera tudo o que senti e que vivi contigo. Consigo fazer esta comparação porque é tudo tão vivo em mim. Depois do que me disseste há uma semana lembro-me de tudo como se fosse hoje. Inundou-me de sensações e sinto-me perdido num turbilhão estranho de mágoa, revolta e saudade. É insuportável.

Tento distrair-me durante o dia, faço tudo para que a minha mente viaje para outro sítio qualquer. É um esforço hercúleo. E patético. Não paro de pensar em ti. Até um simples cheiro de perfume me deixa paranóico. Mandei fora as cartas todas que me escreveste. Tive a falar com o meu primo sobre isto, ele diz-me que preciso de ser mais racional e que não devo ficar chateado contigo. As pessoas deixam de gostar o suficiente umas das outras. A vida é mesmo assim. Mas este dia-a-dia imensamente triste não é a vida. Sou eu sem ti. Para sempre. É este o meu drama. Pensar que não te vou ter mais nenhuma vez. E ter essa certeza em mim. Ouço em repeat a Someone Great dos LCD.. adormeço com lágrimas nos olhos e com o sonho em ti. Que não passa disso. De um sonho.

Falam sempre em tornar os sonhos em realidade. Tu conseguiste transformar a minha realidade num sonho. Literalmente. Não digo isto para te sentires mal, mas é estranho para mim constatar que muitas palavras têm agora outro significado. Hoje sou eu e as minhas circunstâncias. Hoje, mais tremendas que nunca. E o problema maior é que ninguém fala a minha língua. A de hoje, pelo menos. Se eu sinto isto tudo ao mesmo tempo, como é que posso ter calma? Ou esperar que o tempo cure o que quer que seja? O que eu queria, eras tu. Mas já sei que não te posso ter. Nunca mais.

Disse muitas vezes, a muitos amigos, que me pediam conselhos sobre como terminar relacionamentos, que nós é que somos importantes e que o que interessa é sentir que estamos bem. Hoje sou eu a conhecer o egoísmo - necessário compreendo - dessa retórica. Aquilo que eu decidi fazer hoje, não é um acto de coragem, pelo contrário, coragem era eu ficar aqui a lidar com o meu sonho. Isto é egoísmo, puro, não muito diferente dos conselhos que dei aos meus amigos. O importante hoje, é isto passar, ir embora. É eu ficar bem. E ironicamente, mesmo sem estarmos juntos, depois de eu fazer isto, sou eu que ponho um fim na nossa história. Perdoa-me o protagonismo, mas como dizem, é o que se leva desta vida.

Despeço-me de ti com um beijo, intenso como sempre, mas hoje, e também para sempre, com outro sabor. Deixo cá o meu sonho e parto sozinho, para outra realidade."

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