Friday, January 29, 2010

A Vigilância


A crise internacional realçou as dificuldades estruturais de alguns países da zona Euro. De acordo com uma notícia recente, 40% da dívida da zona Euro encontra-se distribuída por cinco países, um deles, Portugal.

A minha previsão é que mais tarde, ou mais cedo, algum organismo internacional será obrigado a intervir. Não por amor ao próximo, mas porque fazendo parte do Euro e da UE, o nosso subdesenvolvimento atrasa o desenvolvimento dos outros. Não é bom na medida em que não seria preciso nada disto com políticos à altura, por outro lado é uma bênção, não podemos importar políticos de outros países, mas pode alguém dar um murro na mesa e dizer-nos o que fazer.

A forma como a política se desenrola em Portugal é caricata: existem evidências absolutas do que é um caminho mau e continua a pregar-se as mesmas invectivas por pura diferenciação ideológica. Não que faça algum sentido, mas simplesmente para existir um ponto de diferenciação. A conversa de que nos outros países é igual já não pega. Se fosse igual, o nosso nível de vida era outro. Em última análise, não podemos nós, os anónimos cidadãos descartar as nossas responsabilidades. Ninguém torceu o braço ao primeiro ministro para estar sentado onde está. Alguém o teve que eleger. E não terão sido só os militantes do seu partido e respectivas famílias. Ou os funcionários públicos que com honrosas e pontuais excepções, também votam em Sócrates ou em algo parecido. O estado actual em que vivemos, onde a criança (interesses instalados) chora e o pai (estado) obedece, interessa ao corporativismo delapidante. Direitos, direitos, direitos. Na hora de votar, cumprem o seu ritual, ao eleger um responsável que cumpra estes requisitos. Há pouca abstenção nesta subcultura, sabem bem o que é preciso.

Caminhamos inevitavelmente para o fim do socialismo, a bem, ou a mal. Esta cultura de cedências tem um limite, mais que não seja, porque o endividamento do Estado tem um limite, ao contrário da irresponsabilidade e falta de coragem política. Teixeira dos Santos ficou muito admirado com o défice de nove virgula qualquer coisa por cento; deu como razão uma redução na receita fiscal, leia-se, cobrança de impostos. Naturalmente, se as famílias e as empresas têm menos dinheiro, geram menos impostos. Um comentador, há semanas atrás, ironizava sobre o facto de se chegar ao paradoxo, de subir os impostos ao ponto de já não termos dinheiro para os pagar.

Estaremos longe desse dia?

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