Há uns anos falava-me um professor universitário (tenho pena de não me recordar do nome) sobre a incapacidade de um evento - ou algo parecido que fosse - como a revolução industrial acontecer em Portugal. Deu um exemplo engraçado e ao mesmo tempo interessante. O senhor era assim mesmo.
Se um indivíduo em Portugal decidir anunciar que descobriu uns sapatos que permitem substituir por completo os automóveis, a primeira reacção da população em geral é "O homem é maluco." Mais, quem decidir ir assistir à demonstração, não vai para ver a novidade, vai para gozar porque tem a certeza que vai correr mal.
É assim que pensamos. Temos esta pré-determinação negativa, este fado miudinho em nós. Por isso, já defendi aqui, o fim do fado. É radical bem sei, mas justifica-se. Banir por completo tudo o que na nossa cultura nos atira para o negativismo. O Magalhães é portanto uma ideia absolutamente contra-natura. Um sucesso, e elogiado por todo o mundo, mas aqui, e como disse Steve Balmer (Microsoft) "Pareço ser a única pessoa neste país entusiasmada com o projecto." Toda a comunicação social fez um esforço tremendo por descobrir falhas, erros, histórias da carochinha e o que mais houvesse de negativo que fosse passível de ligar ao Magalhães. A Exame desta semana faz o dito exame ao Magalhães e põe em causa tudo. É este o tratamento que merecem as nossas bandeiras, portanto, é também merecida a nossa posição na maior parte dos indíces económicos. Chegou até ao pormenor de decobrir que apenas 37% dos componentes eram de facto portugueses. O que é que isso interessa? A percepção generalizada (por esse mundo fora..) é que a ideia é portuguesa, é excelente, e sim, é uma boa forma de alavancar exportações e até de atrair investimento estrangeiro. E qual é o problema de a ideia original ter sido da Intel (Classmate PC)? A Microsoft fez nome sem inventar nada, apenas melhorando o software dos outros. Bill Gates tem menos mérito? Leia-se as reportagens elogiando Gates na imprensa portuguesa. A liberdade de imprensa pós-25 de Abril limitou-se a reproduzir o fado miudinho que tantos carregam, e que alimenta as conversas que nada produzem; será por isso que temos as maiores taxas de estabelecimentos de restauração per capita?
Saturday, June 27, 2009
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