Espero sinceramente que não. Descobri ontem à noite, em escassos dez minutos, que existe um programa na RTP1 dedicado a todos aqueles que ainda não conseguiram contribuir com praticamente nada para a cena política ou para o País. Falo do Corredor do Poder, onde se juntam Ana Drago, Margarida Botelho, Nuno Melo, Marcos Perestrello e Marco António Costa. A fraquissima qualidade do debate levou-me para mais um problema estrutural em Portugal.
Portugal não consegue produzir intelectuais capazes de dinamizar o país. Não por incapacidade mental de quem estuda e se dedica a novas ideias, tendências e valores, mas porque quem tem poder de decisão (médio que seja) corta à partida qualquer iniciativa que considere diferente. A fuga de cérebros não tem a ver com salários; tem a ver com a já referida incapacidade dos decisores de não verem um pouco mais além e com um delapidante sentido generalizado de desincentivar iniciativas originais. A sociedade em Portugal não evoluiu num sentido de acolher inovação. A capacidade que temos para já é de produzir bons jogadores de futebol, que inovam até, como Cristiano Ronaldo e as suas fintas (é inovação em certa medida).
Voltando ao primeiro parágrafo, quando a inovação se ausenta de praticamente todos os quadrantes sobra o parasitismo intelectual, leia-se a crítica sem sugestão, terreno fértil da classe política. O Corredor do Poder, baseia-se em horas de crítica mútua, onde praticamente nenhuma solução é apontada. Eu já sei por exemplo, que o modelo de desenvolvimento económico assente em obras públicas é um erro clamoroso, mas gostava de saber qual a alternativa proposta pelos diferentes espectros políticos. O PSD sugere apoio de natureza diversa às PME's. Mas como? Concretamente fazendo o quê? O CDS.. sei lá. O PCP e o BE, voltam 60 anos atrás no tempo, e sugerem a nacionalização de sectores estratégicos, um modelo que não funcionou em parte alguma do mundo, mas como para além de não inovar, também não estudamos história, conseguimos ser o único país europeu a oferecer 21% de preferência de voto à extrema-esquerda em eleições (europeias é certo, mas não deixam de ser 21%).
As próprias universidades, que têm a obrigação ética de acolher diferentes ideias e conceitos, que papel desempenham hoje em dia? Vejo pela universidade que frequento, onde quase todos os meus colegas têm medo de sugerir temas diferentes, ou aplicar conceitos que de certa forma vão contra a maré, sob pena de verem as suas médias irem cano abaixo. Quem é que quer pagar sabe Deus quanto por uma licenciatura ou um mestrado e não ter sucesso? Inovação.. What else?
Friday, June 19, 2009
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