Hoje em entrevista ao i,Constantino Sakellarides, Presidente do Observatório de Saúde, quando questionado sobre o factor C na saúde, deu uma resposta em si reflexiva a níveis não só do tema saúde: "Quando eu estava na Direcção-Geral da Saúde, grande parte dos telefonemas que recebia era para trocas. Nas sociedades mais avançadas isto não é aceitável. Vivi oito anos na Dinamarca e isso não é bem visto porque as respostas são outras, cria-se um clima social pouco propício a fazer contrabando às regras. No fundo, isto é contrabando. Todos os dias venho de Oeiras, tenho que entrar na segunda circular e há uns espertos que passam a fila. E são os carros de alta cilindrada que passam. Quem faz contrabando não é a rapaziada do meio, é a lá de cima, a classe mais modelo, os BMW e Mercedes. O chegar primeiro, o passar à frente dos outros faz parte desta cultura ainda em vias de desenvolvimento. E não é liderada pelas pessoas modestas, pela classe média baixa."
Estes pequenos gestos diários, como é o caso das pessoas, que numa total falta de respeito, furam filas, e são invariavelmente, mais espertos que os outros - que cumprem a lei - são um dos principais motivos para o estado de sub-desenvolvimento em que nos encontramos. Estes são os espertos que nos partidos políticos impedem os mais capazes de chegarem a lugares cimeiros. São os espertos que contratam a filha do amigo para um cargo público, deixando currículos brilhantes voar sabe Deus para onde. Enquanto não cultivarmos todos em pequenos gestos, a cultura do mérito, o factor C suga-nos o que de melhor produzimos.
Thursday, July 2, 2009
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