Ficou Portugal extasiado - como era de prever e de resto natural - com o prémio ganho por Cristiano Ronaldo; a mim próprio me causou muita satisfação, ver um português ganhar tão distinto prémio. De seguida veio a tristeza e passo a explicar: há umas semanas, Paulo Teixeira Pinto (ex-presidente BCP, a braços com uns processos relacionados com acções e offshores) criticou o facto de se conhecer mais depressa um futebolista que um Nobel. Deu-me que pensar, com todo o respeito que o futebol e outros desportos merecem; mas não será mais importante o nível de educação e cultura geral de cada português? E não seríamos melhores, e em mais áreas que o fado e o futebol, se uma franja significativamente maior da população tivesse acesso à informação que realmente interessa? A resposta é sim e não é difícil lá chegar - à resposta. Fiz então uma pequena experiência: perguntei a 10 amigos/conhecidos se conheciam algum português que tenha ganho um Prémio Nobel. Responderam todos Saramago. Muito bem. Depois perguntei se conheciam mais algum Nobel português; em dez, só um se lembrou de Egas Moniz (Nobel da Medicina em 1949). É altura de, por um lado continuar a enaltecer os feitos desportivos para que a nossa auto-estima não desvaneça por completo, e por outro temos que preparar melhor crianças, jovens e pelo que vejo muitos adultos, para uma melhor compreensão da nossa história e dos nossos feitos. É um trabalho vasto e que infelizmente terá necessariamente que durar mais que uma legislatura; isto implica que muitas medidas políticas não tenham efeitos imediatos e consequentemente não se colham grandes resultados eleitorais daí resultantes. É preciso coragem para investir mais nas escolas e na formação dos professores; temos que olhar para as universidades e para os jovens que nela adquirem conhecimento como a importante ferramenta para o amanhã. Desculpem a frase feita mas é a pura realidade. Quando se decidiu começar a trabalhar o projecto da ida do homem à Lua nos EUA a média de idades dos engenheiros envolvidos no programa era 18 anos. 18 anos! Quando Neil Armstrong e Buzz Aldrin fizeram a Humanidade sonhar estes engenheiros tinham em média 26 anos. É preciso valorizar os jovens talentos que temos e envolvê-los em projectos aliciantes que coloquem Portugal na rota do progresso e da modernidade. É urgente tomar-mos passos no sentido de educar as novas gerações para terem a percepção que quanto mais conhecimento adquirirem, maior sucesso encontrarão. É um trabalho que cabe não apenas ao Estado mas também às famílias, incutindo às novas gerações a noção que apenas com esforço e dedicação se consegue chegar onde quer que seja. Somos um povo que já dominou meio mundo!
Grande polémica à volta das declarações de D. José Policarpo; existe um certo fenómeno de vitimização islâmica quando palavras menos politicamente correctas são proferidas. Quando Bento XVI aludiu a conversa de Manuel o Paleólogo com o persa erudito no âmbito de uma conferência universitária, de imediato se levantou um coro de indignações. Mas das ameaças de morte e das fatwas lançadas pelos habituais Ayatolahs pouco se falou. Aqui voltamos ao mesmo. Policarpo é acusado de islamofobia enquanto a realidade se evapora em artigos de opinião e mensagens do worldwide establishment. A verdade, é que qualquer pai ocidental que se preze - como é o meu caso - teria uma séria conversa com a sua filha sobre os hábitos culturais islâmicos que como sabemos em muitos casos, são um tanto ou quanto.. preocupantes.
Este blog decidiu oferecer prémios aos seus leitores; o prémio ainda não foi especificado por falta de tempo, mas vem-me de repente à cabeça, uma garrafa de vinho de um clube de futebol à escolha. Para ganhar o prémio aviso desde já que se trata de uma hercúlea tarefa: descobrir um artigo de opinião com uma declaração de tom positivo ou uma sugestão específica que seja por parte do grande escriba do segundo caderno (Economia) do Expresso, Luís Marques de seu nome.
Ao que parece há aí uma qualquer caldeirada relacionada com a bandeira dos Açores e as FA. Não sei para quê tanto barulho. Querem independência? Que lhes seja concedida. Ah, pequeno detalhe, a torneira fecha-se com a independência. Temos negócio?
Na embaixada de Angola em Lisboa para obter vistos são agora necessárias - em alguns casos - três noites dormidas num carro ou fazer parte de uma fila de espera que se inicia às 5h30 (da manhã). Nada garante contudo que a situação fique resolvida. Folgo em saber que se conseguiu transferir além fronteiras os famosos sistemas que impulsionam a corrupção e que promovem o chico-espertismo em detrimento da justiça e da equidade. Ao contributo angolano nesta matéria e em nome deste blog, muito obrigado.
Vi o filme A Troca de Clint Eastwood, recomendo vivamente, uma história da América no período Grande Depressão que mostra não só o lado aflitivo/melancólico de uma mãe em busca do filho, mas também o lado negro de forças policiais e políticas corruptas que contaminavam a sociedade de então. Muito bom!
Ultimamente tenho lido com alguma regularidade a Newsweek e a Economist; a diferença em termos de artigo de opinião destas publicações para as equivalentes portuguesas é no mínimo brutal. É raro ver um daqueles artigos - à portuguesa? - em que se fala mal de alguém, por falar. Arrisco-me a dizer que em cada dez artigos, nove sugerem uma ou mais alternativas ao problema descrito. Serão os estrangeiros mais inteligentes? Não. Trata-se a meu ver, de consciência social. A tal consciência social que quase todos os comentadores e escribas de opinião acusam os políticos de não ter, eles próprios sem se dar conta, não a têm. Que contributo posso eu dar ao meu país se me limitar a falar mal por falar? Eu tenho que apontar as situações que me desagradam enquanto cidadão mas tenho também - se tiver inteligência e desenvoltura para tal - que propor alternativas a esse mesmo problema. Esta é a única forma de pressionar o poder político de uma forma séria e com consequências práticas. Aqueles que têm a oportunidade de se fazerem ouvir e que optam pelo caminho da crítica gratuita sem proporem alternativas, são tão responsáveis pelo actual estado do país como os políticos que criticam. Só se consegue fazer uma ideia caminhar se forem muitos a puxar a corda para o mesmo lado. Parece que por aqui fazemos questão de cortar a corda em mil bocadinhos.
Boa semana!
Sunday, January 18, 2009
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