Desde já aviso que o texto deve ser lido com a devida abertura intelectual e que analogias directas impregnadas de delírios anti-fascistas se dispensam. Eu não apoio ditadura de algum tipo portanto vamos lá ver.
Cada vez com maior frequência ouvimos alguém a reclamar o regresso do saudoso Salazar e das suas benevolentes e eficientes práticas que visam a disciplina, rigor e respeito dos cidadãos pela pátria. Ora bem, adaptando o episódio da Quinta da Fonte para o tempo do senhor em questão, a coisa seria mais ou menos resolvida da seguinte forma: todos os que foram filmados de arma na mão, Caxias com eles. Tendo em conta a ofensiva renda que estes digníssimos habitantes pagam pelos seus apartamentos (4,5 euros/mês) à primeira renda em falta seriam imediatamente retirados quaisquer direitos sobre as referidas habitações incluindo o direito àquela habitação em particular. Vamos agora fingir que no tempo de Salazar a oposição conseguiria fazer transpirar uma reivindicação em favor destes senhores que se esqueceram de pagar a dispendiosa renda que há pouco citei e repito.. 4,5 euros! Citando a alegada oposição "O Governo despejou estes senhores, sem habitação e segundo eles, sem emprego!" À boa maneira salazarenta se diria que ou estes senhores - de boa saúde segundo consta - procuravam emprego e habitação pelos meios próprios e daí faziam vida, caso contrário, Caxias com eles. Resumindo, não havia nem tempo, nem espaço para parasitas.
A verdade é esta: ninguém quer práticas fascistas de volta. O que se reclama é o regresso de algum respeito pelas instituições e pelo cidadão que se mata a trabalhar e vai contribuindo com os seus impostos para o bem estar alheio. A verdade é que se devia punir de forma exemplar pessoas que em nada valorizam aquilo que nós todos, através do Estado português disponibilizamos com os nossos suados rendimentos para que as ditas "minorias" se sintam integradas. Até a porra do altruísmo tem limites!
Um português, da maioria (e é interessante ver que com o passar dos anos, as luzes se viraram tanto para as minorias que eu acho que ninguém quer saber das maiorias), enforcado na bendita Euribor do Sr. Trichet, com dois empregos, três pedidos de ajuda no Banco Alimentar e um agregado familiar desesperado, nada pode fazer a não ser esperar que a situação profissional melhore ou que um tio rico morra. Lembro-me de ler há uns meses um artigo sobre indivíduos/as da classe média que tinham como part-time a venda de droga. Invocavam precisamente situações de divórcio e posteriores complicações no pagamento da prestação mensal ao banco. Esta gente, que ridiculamente, e só por ser uma minoria, paga 4,5 euros por um T2 (cheio de plasmas e playstations), nem droga precisa de ir vender. 5 euros pedidos à porta da CML que lhes atribuiu a habitação são angariados em menos de 10 minutos com uma voz mais ternurenta e/ou com um bebé nos braços. Estamos a falar de profissionais no que diz respeito à atribuição de pensões, reinserções e tudo o que é ajuda estatal. O estado e o poder local nada podem fazer na verdade. Dependem de votos para sobreviverem, fazerem carreira e dinheiro. Os indignados que reclamam Salazares, são os mesmos que em tempo de eleições aplaudem as famigeradas políticas de integração das minorias.
Salazar deixou-nos duas pesadas heranças: o revivalismo e o 25 de Abril. Os dois conceitos combinados são explosivos; o português vive constantemente em torno de "ses" e a lembrar os belos anos que passou não sei onde, a ouvir sabe deus que música e a fumar sabe-se lá o quê. Sempre a olhar para trás. O 25 de Abril, com a liberdade absoluta e renovadora que trouxe impede-nos hoje em dia de tratarmos de alguns assuntos com a brevidade e prontidão que eles exigem. Sob pena, de sermos racistas, xenófobos, salazares de bairro ou Hitlers encapotados. Num programa de seu nome "Eixo do Mal" um dos intervenientes referiu-se aos senhores do Faroeste, perdão, Quinta da Fonte, como ciganos. Foi de imediato corrigido por mais um paladino desta gloriosa nação, Daniel Oliveira de sua graça, pois cigano é um povo relacionado com os egípcios. Estes são romani ou coisa que o valha. A minha sugestão é que comecem a dar às maiorias, e de forma lenta, aquilo que se dá às minorias - importância no detalhe.
Os senhores das Mercedes Vito não querem o T2. Muito bem. Agarrem em alguém da maioria com problemas de Euribor, com dois trabalhos e dificuldade para pôr comida na mesa, paguem-lhes o empréstimo ao banco e desculpem lá a minha maluquice, cobrem-lhes 50 euros por mês de renda! Exacto, esta é a minha proposta. Aumentar de 4,5 para 50 euros mensais a renda destas habitações e atribuir a verba que se gasta em casas para gente que nem 4,5 euros se dá ao luxo de pagar (e que aparentemente ainda querem escolher para onde vão) àqueles que efectivamente trabalham e contribuem para o desenvolvimento da economia e do país. Em suma, dar dinheiro a quem trabalha; boa ideia não? Segundo consta, são 500.000 aqueles que de momento têm 2 trabalhos; consta também que não o fazem por prazer, mas por necessidade. Ora, tendo o país 10 milhões e qualquer coisa habitantes, 500.000 já pode ser considerado uma minoria correcto? Já preenche os requisitos para segundo os critérios de Abril lhes ser atribuída uma verba ou não?
Monday, July 28, 2008
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