Wednesday, December 2, 2009

Pictures inside my head


De acordo com o Público de hoje, todos os dias há um bebé português que vai nascer a Espanha. São estes os pequenos (para já) sinais da nossa debilidade económica. Maternidades encerraram, obviamente, porque era necessário reduzir o défice. A falta de dinheiro para manter as estruturas básicas do país (e uma maternidade é uma estrutura básica) tem uma consequência, igualmente, básica: se a organização Estado não tem capacidade de assegurar serviços básicos, outras organizações o farão, neste caso, o Estado espanhol.

À medida que nos vamos endividando mais e mais, a nossa cotação internacional vai descendo e a nossa capacidade de contrair crédito é cada vez menor. Menos crédito significa dinheiro mais caro para quem dele precisa para investir. Nada é catastrófico, porque em matéria política, tudo é volátil. Contudo, se continuarmos a optar pela esquizofrenia das obras inúteis, as organizações, leia-se, os Estados com acesso a dinheiro mais barato, tomarão o seu lugar nas nossas instituições, deslocalizando os centros de decisão para algures na Europa.

Se acham a tirada rebuscada, o que dizer de recentes comentários do governo espanhol, insinuando a necessidade de consertar posições entre Portugal e Espanha relativamente a matérias de decisão no âmbito da UE? Pequenos passos, nada inocentes. Vivemos numa época sem fronteiras, onde a soberania de cada país, de capital depende. Todos os que dependem do Estado para viver, mais cedo ou mais tarde, compreenderão (à força provavelmente) que as benesses intermináveis de que gozam conhecerão um fim amargo.

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