Tuesday, September 9, 2008

Vários..

Muito bem. Primeiro, muito obrigado ao sempre prestável Senos Junior pela habitual colaboração entre os mais chegados no campo do layout de blogs, sites, flyers e por aí abaixo. É a polivalência não-portuguesa no seu melhor. Apesar do rapazinho ser português! :)

Como se pode facilmente verificar pela rara frequência com que um novo post é despejado nesta virtual morada sou obrigado a sintetizar vários assuntos num post e assim será até chegar à reforma e então começar a escrever as minhas memórias. Podemos aplicar o mesmo conceito se algum dia conseguir entrar para um emprego estatal. Com a regra de 2 para 1 a crescer provavelmente de 3 para 1 em 2010 e de quiça 6 para 1 em 2012, não me parece a médio/longo prazo uma hipótese viável. Pensando bem, com o conceito de sustentabilidade da segurança social, os anos de trabalho também vão aumentando portanto, acho que é melhor escrever um diário, ao menos fica logo tudo registado. Já dizia o meu avô "Quando morrer vou deitado." E assim foi, diga-se de passagem, Deus tenha a sua alma.

Actualidade: crime. Entre as minhas breves passagens pelo mundo real (embrenhado no profissional dia e noite) só ouço falar de códigos penais, códigos processo penais, código da vinci, código de barras, código morse e mais houvesse. Sua excelência o Ministro da Administração Interna, Rui Pereira, ao que parece maçon, que celebrizou a abertura da época à caça do ano da graça do Senhor de 2008 com algo como "os cidadãos não pensem que andam por aí a disparar armas, a ser filmados e saem impunes", depois de assaltos no BES, ourives, tribunais (sim, tribunais assaltados, ironia do destino), mercados, bombas de gasolina e ainda o não menos habitual vulgo transeunte ofereceu-nos o caminho da salvação com molduras penais mais graves para quem pratique um assalto com arma. Ouvi hoje que um senhor apresentava queixa na esquadra contra um indíviduo que no preciso momento em que a autoridade dactilografava a dita queixa, o agressor baleou 3 vezes o queixoso. Dentro da esquadra! Foi depois detido e levado para interrogatório. Lembro-me de repente que num hospital, e bem, não é qualquer um que pode entrar pelas urgências a dentro. Porque raio, num sítio cheio de criminosos, onde existem armas de fogo, e honestamente sem ponta de ironia, qualquer pessoa devia sentir-se segura, entra um tipo com uma arma e quase consegue matar um homem lá dentro? Inexplicável e sem comparação que me lembre.

As altas esferas da criminalidade em Portugal dizem em uníssono "É normal, sempre houve, acontece, há-de sempre haver um ou outro que assalta com arma e é solto." Na minha singela opinião é aqui que a coisa falha: na formação da opinião pública. As leis por si só não resolvem as coisas; as alterações aos benditos códigos pelos vistos só complicaram a situação. Os políticos, sempre reféns de votos, até podem praticar políticas e medidas menos populares mas sabem até onde podem ir. Os comentadores que eles tanto desprezam (que irá ser provavelmente o trabalho deles depois de deixarem os respectivos governos) e pouca importância dão ajudam bastante às pseudo-revoltas que grassam por esse Portugal fora.

É evidente que se um filho de um destes especialistas em crime fosse alvejado por um destes amáveis senhores a quem um juíz decidiu dar uma "segunda" oportunidade de reintegração ou a quem os novos códigos ofertaram uma pena suspensa a sua opinião mudaria radicalmente. Não? Lembram-se todos da polémica à volta de Lídia Franco e a respectiva tentativa de violação. Se fosse a Maria Silva, tudo seguia o rumo normal e pálido da vida. Contudo, sonhar com sociedades 100% igualitárias é ridículo; mas pensem suas excelências no topo da vossa erudição que uma arma e uma bala chegam para matar alguém. Julgo que todos os estratos sociais deviam ter esta intransigência perante armas de fogo, e a implacabilidade da lei perante este fenómeno devia ser à la Robespierre.

Enquanto a sociedade civil não se organizar de forma a chamar as coisas pelos nomes, apontar o dedo quando é preciso e não a tudo o que mexe, e quando os formadores de opinião passarem a viver no mundo real pelo menos 2 dias por semana, poderemos então começar a pensar em fiscalizar de forma eficiente o poder político. Para isso temos lá a oposição pensa o caro leitor. Como já reparou, não chega. Enquanto não se sentirem apertados, vamos ter muitos surtos. Hoje criminal, amanhã quem sabe?

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