Wednesday, November 25, 2009

Os jargões


O jargão, uma palavra por mim considerada, um valente palavrão, equiparável apenas, a esplendorosos termos como idiossincrasia, hermenêutica ou especificidade, tem uma natureza, no mínimo, preocupante. O jargão é, basicamente, a gíria utilizada por alguns grupos profissionais que caracteriza a sua forma de falar enquanto especialistas de um dado ramo: advocacia, economia, política etc..

Para que serve o jargão então? A justificação do lado de lá da barricada é que a precisão inerente a determinadas actividades profissionais não pode ter margem de erro considerável, sendo portanto necessária, a utilização de complexos termos, suficientemente diferenciadores e que dissipem qualquer confusão. Deste lado da barricada, defendo eu que o jargão serve, traços gerais, um grande propósito: aumentar margens de lucro de uma forma pornográfica.

A assimetria da informação está na base da desigualdade em termos negociais: quando não estamos completamente seguros daquilo que nos estão a dizer fazemos perguntas. É nesta fase que entra o jargão. Não compreendendo aquilo que o jargão nos quer dizer, resta-nos aceitar aquilo que ele prega. Esta codificação aparentemente harmoniosa serve curiosamente, praticamente em exclusividade, actividades que envolvem muito dinheiro e que são por costume, caras e indispensáveis: banca, justiça, política, economia. Apesar das desigualdades que provocam, as sociedades sem estes pilares, são lugares bem piores do que os que conhecemos hoje.

Tendo em conta que o Estado não nos consegue proteger da mesma forma que protege estas classes (porque depende das mesmas para sobreviver), devemos nós, esforçar-nos por conseguir descodificar estes enredos linguísticos. O caminho, para que a presença asfixiante do Estado, seja menor nas nossas vidas, depende também, daquilo que somos capazes de fazer.

1 comment:

Rui Caldeira said...

È caso para dizer que são todos filhos de um granda jargão . .