Thursday, November 12, 2009

O Cerco


Iniciado outro ciclo legislativo, a incongruência entre as estratégias apresentadas para dar um novo rumo ao País e aquilo que na prática vai acontecer, começa já, cedo, a dar sinais de si.

De acordo com o governo eleito, parar com o investimento público (auto-estradas e demências de natureza similar) significa parar de incentivar a economia e contribuir para o descalabro total. É possível escalpelizar de forma fácil a questão das estradas, mas deixemos esse exercício para outro dia (só como nota de rodapé, para uma auto-estrada ser rentável, deve a mesma registar, um tráfego diário de 15.000 veículos, não sendo portanto difícil, pensar em meia dúzia delas que nem 1/4 deste valor atingem).

Não se pare então com o investimento público. Muito bem. Contudo, não parar com o investimento público, implica gastar mais dinheiro. Existem duas hipóteses de alimentar a besta: financiar a coisa com impostos (impossível, na medida em que a carga fiscal, quer das empresas, quer das famílias, já está no limite) ou fazer investimentos com retorno (no caso das estradas, os tais 15.000 veículos/dia que não se sabe bem de onde é que vêm, cada vez que se inaugura uma brincadeira destas).

Quando se gasta dinheiro da conta e não se arranja maneira de colocar lá dinheiro novamente o que é que acontece? Voilá.

Sem nenhuma saída, porque fazemos parte do Euro e as contas serão saldadas queira-se ou não, resta-nos cortar na despesa e manter o mesmo nível de impostos. Traduzindo, dar o mesmo e usufruir cada vez menos.
Sempre que reclamarmos mais Estado, devemos ter em mente onde é que o mesmo vai arranjar dinheiro para nos continuar a dar brinquedos (um bom exemplo são os estádios construídos no âmbito do Euro 2004, alguns deles votados hoje ao abandono, com retorno zero e sem nenhuma perspectiva válida que remende o imbróglio causado).

1 comment:

Rixo said...

Ainda sobre os estádios... É verdade. Uma brincadeira bem cara. No outro dia na Aveiro FM (96.5) ouvi um dos responsáveis da Câmara Municipal de Aveiro afirmar que todas as hipóteses estão na mesa, inclusivé a implosão... Brincadeira bem cara...