Tuesday, November 3, 2009
Livro de Reclamações - A Gripe
A gripe comum - influenza - escreve uma carta à sua congénere gripe A, reclamando uma série de pontos não cumpridos pela última, relativamente a um acordo firmado entre as duas em 2008. Assim reza:
"Exma. Senhora,
É com grande admiração e consternação que verifico que Sua Excelência, não teve a dignidade e transparência, de respeitar na sua suposta honra e galantaria, o acordo por nós firmado no ido ano de 2008. Recordo-lhe que o acordo foi assinado por ambas, e que do seu não cumprimento resultariam consequências legais e de resto aplicáveis a todos os países onde a nossa actuação fosse constatada. Podemos começar exactamente por aí.
Como sabe, eu detenho o monopólio de uma das doenças mais célebres que atinge a Humanidade. Com o tempo, tenho vindo a firmar acordos com os humanos, no sentido de reduzir as taxas de mortalidade a mim associadas. Disponibilizo atempadamente a minha estirpe, para que a vacinação seja feita a tempo e horas e verdade seja dita, eles ganham uns trocos valentes com esta brincadeira e eu também. Ora, no nosso acordo, combinou-se que a sua actuação ficaria restrita a dois continentes. Você não fez a coisa por menos e decidiu instalar-se em todos os continentes, violando assim uma parte importantíssima do acordo. Agora tenho governos do mundo inteiro à perna porque estão a gastar rios de dinheiro com esta brincadeira. Argumentam que se soubessem disto não tinham comprado tantos lotes da minha estirpe. Para o ano, se surgir outra gripe qualquer, qual é a minha credibilidade?
Combinou-se também, que todo e qualquer vírus de gripe tinha que ter um nome científico interessante e coloquial, que soe bem ao ouvido. H1N1? Mas que raio de nome é este? Seria um bom nome para uma personagem da guerra das estrelas ou um modelo novo de micro-ondas. Não compreendo a sua insistência quase esquizofrénica em ser tratada desta forma.
Por último, e não menos importante, recordo-lhe que não se atreva a matar mais gente que eu. Nem pensar! Veja bem a gripe espanhola de 1918. Nunca mais a vê nem pintada. Falei com um vírus que conhece umas pessoas e limpei-lhe o sarampo, como se costuma dizer.
Sugiro-lhe que faça como a sua colega das aves, que cumpriu todas as partes do acordo e vive agora sossegada numa ilha do Pacífico.
Melhores Cumprimentos,
Influenza, PhD
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