Monday, November 23, 2009

Criação (In)Válida


Alguns autores e a sua respeitável turba de seguidores, defendem que as criações, ou a criatividade se assim lhe quiserem chamar, só existe, se conseguir chegar ao mercado. Um quadro, um livro, uma escultura e por aí fora, só são consideradas património criativo se forem validadas pela sociedade onde se inserem como tal.

Que verdade é esta? O que pensar do fenómeno criativo póstumo? Van Gogh, considerado hoje um génio, morreu com 37 anos, louco, sem dinheiro e com fome. Os seus quadros valem agora milhões de euros. É muito mais barato negociar com um criador morto do que com um vivo. E é aqui que se aglutina esta história da criatividade: em dinheiro. É perfeitamente possível, ser criativo, determinado e mesmo assim, não chegar muito longe. Fernando Pessoa publicou dois livros em vida, curiosamente, nenhum deles alvo da paranóia intelectual (justificada de resto) que hoje habita a nossa sociedade.

Uma criação, é uma criação. Pelo simples facto de não atingir as massas, ou os circuitos comerciais que as distribuem, não lhes retira significado de qualquer natureza. O homem e a sua criação, existem, para lá das sociedades, dos seus filtros e até do próprio tempo que as caracteriza. De outra forma, a disrupção fica limitada a extremos: da empolada simplicidade ao disparate desnecessário.

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