Monday, December 21, 2009
Portugal i love you, but you're bringing me down
Roubei o título deste post a uma música de LCD Soundsystem e que ilustra na perfeição, o sentimento que tenho neste momento pelo meu País. Não que tenha viajado este mundo e o outro, mas dizia o outro, não há nada como a nossa terra e mesmo com todos os nossos defeitos, gosto deste cantinho, mais do que outro sítio qualquer.
Mas para viver na nossa terra, temos que o fazer com um mínimo aceitável, que no caso de alguns está muito bom, para outros nem por isso. Pessoalmente, pareço um gajo em desespero a remar, remar, sem sair do mesmo sítio. Uma metáfora bem simples, mas que tal como não haver nada como a nossa terra, também não há nada pior que remar sem sair do mesmo sítio. As notícias que têm surgido são devastadoras, não estando o adjectivo longe da verdade ou exagerado que seja. Já falei aqui sobre défice e endividamento externo, o fim de ano a coincidir com o fim de uma década, trouxe mais dados alarmantes.
O nosso poder de compra per capita desceu, tendo como referência o valor do ano 2000 ou seja, trabalha-se o mesmo, compra-se menos. E este ano os preços desceram por causa da crise internacional veja-se bem o descalabro. Não é que se viva na miséria generalizada, o país melhorou nos últimos 20 ou 30 anos (em km de auto-estrada e rotundas pelo menos), mas o objectivo é viver ao nível do resto da Europa, não retroceder (ambição, um quase crime capital neste país).
Fez-se um acordo que previa o aumento sucessivo do salário mínimo para 500 euros até 2011. A confederação do patronato diz que em 2010, pretende que o salário suba para 460 euros em vez dos 475 previstos. E faz-se mais contas. Chegou-se à conclusão que o salário mínimo actual, em proporção, é inferior ao praticado em 1974, ano da bendita revolução. Para ser igual ao de 74 deveria o salário mínimo ao dia de hoje, rondar os 568 euros. Pergunto eu, que raio de tecido empresarial temos nós, que paga salários mínimos equivalentes aos de 30 anos atrás? Quando se diz que o País evoluiu, alto e pára o baile, que muitas reticências há que colocar nesta insidiosa afirmação. A melhoria do nosso nível de vida esteve directamente relacionada com a enxurrada de fundos provenientes de Bruxelas, que beneficiaram alguns mas que nada de novo trouxe a outros. A vida do comum cidadão melhorou, mas numa medida indirecta, ou seja, sempre dependente do que os grandes interesses económicos definiram como benéfico para eles. As auto-estradas são provavelmente o melhor exemplo desta pescadinha de rabo na boca, toma lá conforto para andares a curtir de norte a sul, dá cá impostos que a coisa não é barata. E os planos para o País em vez de serem definidos pelo Estado, foram definidos por todos os que fizeram negócios com o Estado.
Que se pare dois minutos para pensar na questão do poder de compra e do salário mínimo e conclua-se com responsabilidade, o que se deve exigir dos políticos. A velha conversa de que são todos iguais e mal por mal, vota-se no do costume, tem uma consequência perigosa: não é mais do mesmo. Se assim fosse, os indicadores estagnavam. Mas suas excelências, têm tido a capacidade de fazer retroceder a qualidade generalizada do nível de vida. A capacidade está cá, contudo, mal aproveitada e ceifada por regulações que servem os interesses do costume. Business as usual, ao seu melhor nível.
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