Um conceito aparentemente simples, o facto de um caso único - seja qual for o assunto - não servir para tirar conclusões de absolutamente nada, é constantemente distorcido, sinceramente, nem sei bem porque razões. Reparei contundo, que é uma prática habitual e disseminada pela sociedade.
O caso mais habitual, e que tem explicação é o do tabaco. Sabemos todos, sem excepção, que fumar aumenta a probabilidade de vivermos menos tempo, com menos qualidade ou com doenças potencialmente perigosas. Ainda assim, muitos fumadores em conversa recordam sempre o velhinho de noventa anos que fumou a vida toda e morreu com noventa anos. Não é preciso ser físico nuclear para entender que o velhinho que conhecemos não representa uma amostra significativa. Contudo, as pessoas que ficam sem pulmão e que fumavam, tal como as que têm cancro de pulmão e fumavam, existem num número suficientemente grande, para que se possa formar uma correlação a esse respeito e chegar a uma conclusão. De qualquer maneira, este fenómeno é explicado pela psicologia, através da teoria da dissonância cognitiva: o fumador sabe que fumar faz mal, contudo, continua a fumar, o que o leva a um estado de tensão. Para diminuir essa tensão, adiciona factos à equação que desvalorizam o facto de fumar fazer mal, neste caso, o velhinho que fumou a vida toda e sobreviveu.
Noutro plano, onde os exemplos são vastos, não há dissonância cognitiva que salve o comum mortal da pseudo-inferência que habita tantas mentes: o cinto de segurança por exemplo. Muitas pessoas morreram porque usavam cinto de segurança. Muitas morreram porque não usavam cinto de segurança. Para lá da lei (que nos obriga a usar cinto de segurança), moralmente, devemos ou não usar cinto de segurança? A estatística fornece-nos a resposta: usar cinto de segurança, reduz a probabilidade de morte e/ou ferimentos em caso de embate. Porque é que ainda ouço tanta gente a relativizar a importância do uso do cinto de segurança? Não sei.
Sunday, February 28, 2010
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